CAPÍTULO 42

2.2K 196 295
                                    

O cheiro da enfermaria era terrível, mas eu começava a me acostumar com aquele aspecto. Eu via os dias se passarem pela janela e eu melhorava lentamente. Uma enfermeira havia cuidado dos meus ferimentos e Levi me visitava sempre que possível. Ele me atualizava das coisas que aconteciam lá fora, mas eu estava agradecida por ele apenas estar presente. Por me fazer companhia.

Segundo o capitão, Historia tinha restabelecido o total poder sobre o país, Hange estava se remoendo de culpa assim como os meus colegas recrutas. Eu tinha pedido para vê-los, mas nenhum deles tinha a coragem de me ver. No entanto, essa não era a minha maior preocupação. Levi tinha me informado sobre diversos assuntos, mas se eu não me engano na primeira noite que veio cuidar de mim eu disse que o amava. Eu não sabia se ele havia escutado, se estava ignorando ou se foi apenas um delírio meu. Esse assunto estava em uma área negra e me deixava incerta, além de insegura.

- Bom dia S/N! - Levi entra na enfermaria, mas não se afasta da porta.

- Bom dia capitão - Eu estava sentada na cama e me perguntava o porquê não se aproxima.

- Alguém quer conversar com você! - Ele se move para o lado revelando a comandante que estava atrás de si.

Ela estava de cabeça baixa e os braços atrás das costas. Com um breve movimento Levi se afasta e Hange anda na direção da minha cama. A porta se fecha quando ela para e a vejo engolir a seco.

Ficamos em silêncio por longos segundos. Ela não olhava para mim e eu não sabia o que esperar. Não sabia o que eu sentia em relação a Hange. Antes eu a admirava por ser uma excelente comandante. Nunca havia questionado suas decisões. No entanto, eu fui torturada pelas suas mãos impiedosas, mesmo sendo inocente. Não sabia o que fazer nem mesmo como agir. Eu devia sentir raiva? Nojo? Uma pessoa comum sentiria tudo isso, mas eu não conseguia sentir nada. A ferida dentro do meu peito ainda estava aberta. Eu sentia isso, mas ela não sangrava nem mesmo latejava. No entanto, ela também não cicatrizava.

- Você está melhor? - A voz sempre altiva da comandante saiu quase inaudível.

Eu assinto em confirmação.

- Já sabe quando vai receber alta? -

- Logo! - minha voz sai seca.

Ela balança a cabeça em concordância, mas duvido que tenha sido por minha fala. Acredito que ela estava criando coragem para fazer o que veio fazer.

- Eu peço perdão, S/N. Por ter te torturado e por não ter acreditado em você - Ela ainda não olhava para mim.

Eu devia perdoar ou devia mandar ela ir para o inferno? Se eu pretendia continuar no Reconhecimento precisava perdoá-la, mas eu queria continuar trabalhando na tropa?

Sem saber o que responder apenas assinto com a cabeça. Nesse momento, ela olha para mim e me direciona um minúsculo sorriso.

- Espero que ainda consigamos trabalhar juntas - No mesmo instante ela se vira e se vai.

Eu nem mesmo sabia se continuaria na divisão como poderia esperar isso. Assim que Hange sai da enfermaria o capitão Levi ficando apenas nós dois. Sua expressão era severa.

- Você está bem? - Ele me pergunta enquanto se aproxima da cama.

- Sim!

- Desculpa S/N! Eu vou jogar outra bomba em cima de você.

O dia iria ficar cada vez pior.

- A enfermeira disse que você receberá alta amanhã. Então preciso fazer isso hoje - Ele se senta na cama e olha para mim. - Na primeira noite que fui cuidar de você, quando você adormeceu, você disse que...

- Que eu te amo! - Eu o interrompo percebendo que a conversa que eu tanto estava insegura havia chegado.

Ele assente com a cabeça e olha para o lençol branco.

- Desculpa S/N, mas você merece coisa melhor do que eu - Ele se levanta e segue em direção a porta.

- Você realmente acredita que eu não te mereço? - Ele para a frente da porta, mas não se vira.

- Eu deixei você ser torturada S/N...

- E eu perdoo você!

Eu o vejo suspirar e balançar a cabeça.

- Você acha que não é digno de amor ou de perdão?

Ele não se vira apenas leva a mão até a maçaneta.

- Você é louco! - Eu grito para ele sem pensar implorando para ele não ir embora.

- Talvez eu seja - Ele passa pela porta me deixando só com as lágrimas que nem havia percebido que estavam caindo.

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Onde histórias criam vida. Descubra agora