Levi Ackerman - Determinação Inabalável

CAPÍTULO 38

    A noite estrelada no telhado, me lembrava a noite que invadimos a casa do marquês, a noite em que Sasha colocou os meus sentimentos à prova. A sua pergunta, nos últimos dias, pairou sobre a minha mente por causa do buraco que Levi causou no meu cotidiano. Ele tinha começado a me evitar e eu temia que estava apenas brincando comigo outra vez. Eu sentia sua falta, mas eu não me atrevia a me aproximar. Não entendia o porque me evitava. Eu estava cansada de receber apenas olhares indecifráveis. Volta e meia o via me encarando, eu sustentava o olhar, mas não por muito tempo porque diversas dúvidas começam a invadir minha cabeça. Como, o por que me olhava, por que  se afastara, por que ele tinha me beijado.

    - Levi agora não é hora de sentimentalismo, se manter afastado foi a melhor escolha que você fez. - A voz de Hange me faz voltar a noite fria em que estávamos.

    O parapeito do telhado do galpão que estamos prestes a invadir era pequeno, fazendo com que eu me equilibrasse em um pequeno espaço de segurança. Logo nos invadiremos pelas janelas que se encontravam abaixo do telhado.

    - Você está distraída... - O capitão Levi para ao meu lado no telhado silenciosamente.

    - E agora você se importa? - Deixo a minha indignação sair com rispidez na minha voz, mas parece que isso não o afeta.

    - Só não estrague a missão -

    Meu sangue ferve com o seu comentário. Ele finalmente voltou a falar comigo, mas ao invés de uma desculpa que eu estava esperando, encontro um homem distante. Eu queria Levi por perto, mas queria o meu Levi. O soldado que eu conhecia e montei lentamente até começar a entendê-lo de pouco a pouco.

    - Me desculpe se sou um peso morto - Eu explodo com ele, mas acabo me mexendo demais, o que me levou a escorregar do parapeito.

    Por sorte ou azar, o capitão agarra o meu braço e me puxa pela cintura me fazendo voltar ao equilíbrio. Quando dou por mim percebo o olhar de Levi sobre mim. Estávamos com nossos corpos colados, os rostos alinhados e a sua mão ainda permanecia em minha cintura. As nossas respirações lentamente foram se sincronizando, me fazendo entrar em uma espécie de extase. Como o capitão era um pouco mais alto do que eu, o seu olhar caiu sobre mim, mas não era um olhar vazio ou frio. Era um olhar diferente de todos, possuía emoção. Eu poderia chutar até afeto.

    - Eu já falei que você tem potencial, mas distraída não vai chegar a lugar nenhum.

    - E a culpa é de quem por eu estar distraída? - Apesar do momento que me deixou sobre um encantamento, a minha frustração ainda não tinha ido embora. Vejo o capitão franzir o cenho em dúvida - Você, Levi.

    Eu me desvencilho dele voltando à minha posição. Não queria ele ali naquele momento, mas ele não tinha ido embora e parecia que não tinha intenção de ir. Ele se aproxima de mim e segura a minha mão prestes a falar alguma coisa, mas é interrompido por Hange que chega repentinamente.

    - Quando der 2 horas invadimos, preparem-se - Ela lança um olhar para Levi que tinha soltado minha mão assim que ela se aproximou.

    Hange vai nos deixando a sós novamente, mas Levi apenas me lança um olhar e me deixa só. Eu disse que não queria ele ali naquele momento, porém o vendo se afastar fez meu coração implorar para que voltasse.

    Cada dia a confusão de sentimentos se intensifica. Não sabia o que sentia ou o que eu queria. Apenas sabia que doía e que isso estava me enlouquecendo. Eu olho o relógio de bolso que estava prestes a dar início à invasão. Assim que o ponteiro marca duas horas da madrugada vejo diversas sombras se moverem para dentro do galpão. Eu as imito e quebro a janela com um movimento preciso com o DMT e pouso suavemente em meio a diversas caixas. Inspeciono o lugar, mas não encontro nenhuma alma viva sequer.

   Depois de muito caminhar, encontro a tropa, que estava presente nessa missão, em frente a entrada do galpão. Todos estavam em volta de uma caixa que se assemelhava a um presente chamativo demais para o ambiente frio e escuro. Todos os olhares caíram sobre a surpresa, alguns demonstravam curiosidade e outros medo, mas todos tinham uma ponta de ansiedade.

    - Eu vou abrir! - Um dos soldados deu um passo à frente, mas outro o puxa.

    - Você é louco? E se for uma armadilha? - Aquele que demonstrava medo tinha a voz trêmula.

    - Ou uma bomba?! - Um grito ecoa da multidão causando um burburinho que crescia progressivamente.

    - Quietos ratos medrosos - Hange se impõe silenciando todos os soldados assustados - Vocês enfrentaram titãs e tem medo de um presente? - Ela bufa demonstrando que não estava nada calma, provavelmente por não encontrar nada na nossa única pista que nos deixará mais próximos de Historia.

    Hange se aproxima e abre a caixa retirando um bilhete lá de dentro. A sua expressão de frustração piora ao mesmo tempo em que vejo a sua respiração acelerar e se instabilizar.

    - S/N! - Ela solta um grito e corre os olhos pelas pessoas, ao me encontrar marcha até mim com passos pesados.

    - Hange! - Vejo Levi segurar o braço dela em vão, pois se desvencilha facilmente.

    - Agora não, cachorrinho apaixonado. Essa garota é uma farsa e você não percebe isso.

    - Perdão? - Eu entro na conversa confusa com toda a situação.

    - Não se faça de inocente. Foi você que avisou a gangue para sair daqui, não é? Eles sabiam que nós estávamos vindo - Hange agora na minha frente, esfregava o bilhete na minha cara até soltá-la fazendo com que eu o pegasse.

    - Claro que não! - Abaixo o olhar para o papel nas minhas mãos e vejo o escrito: Idiota!

    - Não me faça querer te matar espiã ou devo chamá-la de futura rainha?

    Eu balanço a cabeça de um lado para o outro, não para negar sua fala, mas para tentar afastar as dúvidas.

    - Hange, eu...

    - Quieta! - A comandante respira fundo e volta o olhar para mim. - Prendam-na - Nesse momento dois homens seguraram meus braços colocando algemas e tiraram o meu DMT.

    - Comandante, isso é ridículo - Eu procuro me soltar, mas os dois homens eram fortes demais.
Será mesmo, espiãzinha do duque?

    Nesse momento, eu caí em mim. Eu era suspeita. Eu estava sendo tachada de espiã do duque por causa da minha relação com ele. Portanto, como ele assumiria o trono se Historia não fosse encontrada, ele era o principal suspeito. Por sua vez, ele, para se manter no poder, precisaria de um espião dentro de cada divisão para informar e deletar as pistas como fez com o galpão, que segundo informantes da comandante e do capitão Levi estavam se estabelecendo nesse local por muito tempo.

    Agora, eu era suspeita e seria interrogada, mesmo eu não tendo nenhuma informação sobre nada.