CAPÍTULO 25

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Andávamos sem parar pelo túnel escuro. Eu estava com frio por conta da roupa molhada, mas isso não me impedia de acompanhar o ritmo do capitão. Depois de passar aquele sufoco não falou mais nenhuma palavra. Nem mesmo suspirou, apenas vi ele mais aliviado. Ainda existia tensão em seus ombros, mas bem menos do que tinha quando eu acordei do meu sono involuntário.

Eu nunca tinha imaginado que o capitão possuía tantas emoções quanto ele demonstrou. Aquele desespero. Aquela angústia. Temor... Aquelas emoções surgiram por minha causa, surgiram porque ele estava preocupado comigo. Não parecia a mesma pessoa rígida e fria que eu convivia diariamente no quartel.

Eu o olho de relance e o meu coração se enche de gratidão. Se não fosse por ele, eu não estaria aqui agora.

Mordo o meu lábio inferior procurando coragem para apenas dizer um obrigada a ele. Eu abro a boca pra falar.

- Olhe S/N! - Levi fala antes que as palavras saiam da minha boca e eu vejo uma luz no fim do túnel.
Sem pensar eu corro em direção a saída, sem me importar com o resto do mundo.

- Ei, espera. - Ouço o capitão correndo atrás de mim.

A luz invade minha visão quando saio do túnel e fico desnorteada por alguns segundos até minha visão se acostumar com a nova claridade. No momento em que ela se adapta meu queixo cai. Estávamos parados em uma espécie de penhasco e além dele a paisagem era coberta por cristais de diversos tamanhos. Eles possuiam luz própria iguais aos cristais da câmara em que estávamos antes. Eles saiam do teto, das paredes e do chão se assemelhando a espinhos que se cruzavam. Em alguns pontos havia pedras preciosas que cintilavam com a luz dos cristais.

Era uma visão de tirar o fôlego. Desejei que meu pai estivesse comigo para ver a sua expressão de encanto e admiração, a mesma expressão que fazia quando contava suas histórias que eu nunca mais ouvi desde os 12 anos. Apesar de ter relembrado esse fato, a tristeza não se comparava com a felicidade que transbordava do meu coração. Agora eu entendia o sentimento do meu pai quanto às maravilhas que a natureza proporcionava. Era engraçado pensar que eu poderia não ter sobrevivido ao acontecimento de minutos atrás para ver tudo isso. No entanto, eu estava ali, graças a Levi. O sentimento de gratidão volta ainda com mais intensidade e não apenas por ter salvado a minha vida, mas também todas as outras vezes que me protegeu e se importou comigo. Volto o meu olhar a ele e por impulso o envolvi com um abraço apertado e desesperado.

- Obrigada por ter me protegido quando desmaiei no meu treino clandestino. Obrigada por ter me carregado até o quartel quando quebrei o braço. Obrigada por ter me protegido quando eu tive aquele ataque de pânico. Obrigada por ter salvado a minha vida.

Eu apertava minha cabeça contra o seu peito e conseguia ouvir o pulsar do seu coração acelerado. O calor do seu corpo me aquecia trazendo conforto. Queria ficar com ele ali para o resto da minha vida sabendo que ficaria segura como o meu pai me deixava. Nós nos mantemos assim por alguns segundos e depois ele me afasta criando novamente uma distância entre nós. Ele volta a olhar aos cristais à nossa frente.

- Eu não suportaria perder mais um membro da minha equipe.

- Para alguém que se demonstra frio e imparcial você tem muitos sentimentos. - Eu olho para a paisagem assim como ele.

- Tsk. Você acha isso? -

- Você quer saber o que eu realmente acho? -

O capitão abaixa a cabeça movendo-a levemente para o meu lado oposto, provavelmente procurando esconder o seu rosto.

- Eu acredito que você esconde as suas emoções porque acha que elas te tornam fraco. Isso traz um ar de confiança e força a sua imagem, mas em alguns momentos você acaba demonstrando algumas emoções intensas. Você possui muitas delas porque você tem muita empatia pelos outros - Abaixo o meu olhar e um pequeno sorriso cobre meus lábios - E isso faz com que os outros confiem muito em você.

- Parece que fui um livro aberto para você - Ele solta uma risada sarcástica, mas ainda não olha para mim. Ficamos em silêncio por um tempo até ele voltar a falar - Você é alguém que demonstra muito suas emoções. Quer provar o seu valor independente como, não gosta de ser taxada de fraca e inútil. Por isso, se importa muito com o que os outros pensam, mas também se esforça bastante. - Ele me lança um olhar ainda indecifrável, mas não era frio, existia uma emoção ali, só não consegui identificar qual era.

Eu senti minhas bochechas queimarem e desviei o olhar. Não sabia o que responder, pois não esperava que ele tivesse essa visão sobre mim. Era inédito e desconfortável.

- Vem vamos sair daqui - Com a falta de uma resposta da minha parte, ele começa a descer o penhasco.

Andamos e escalamos até os meus músculos começarem a doer com tanto esforço. Depois de um longo tempo encontramos uma saída que surpreendentemente dava para uma área próxima à muralha. Não havia titãs à vista. Quando os guardas de patrulha nos viram, nos levaram em segurança para cima.

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Onde histórias criam vida. Descubra agora