CAPÍTULO 13

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     - Ai credo Yuki! O que você comeu para estar fedendo tanto? - Eu tinha limpado todos os outros estábulos, mas o de Yuki estava com um cheiro insuportável e eu falava com ela como se estivesse ao meu lado. Quando eu limpava o estábulos deixava todos os cavalos no curral que ficava do lado de fora. A visão de todos eles juntos sob a grama era de se admirar por uma vida inteira.

     Esse era o último dia do meu castigo, logo apenas limparia o espaço de minha égua tempestuosa. Contudo teria mais tempo livre para treinar Yuki. Os outros não pareciam ter nenhuma dificuldade com seus cavalos, mas Yuki me obedecia apenas quando queria. Volta e meia apenas parava de andar ou desviava da rota, começava a correr ou não corria ou até mesmo me jogava de cima de sua lombar. Provavelmente, ela possuía essa portura por apenas ter tido 2 donos até o momento, não sendo totalmente acostumada a humanos ou ordens. Começava a se tornar cada vez mais complicado lidar com ela. Dificultando minha postura nos treinamentos. Eventualmente seria anunciada a data da expedição perigosa que o capitão havia comentado, então eu precisava manter Yuki na linha senão certamente morreria.

     Eu estava ansiosa por essa missão, queria demonstrar o meu valor e força. Provar ao capitão que ele estava certo em acreditar em mim e que eu não seria apenas um fardo ou alguém inutil que logo morreria. Às vezes me sentia culpada por estar ansiosa por algo que teria muitas baixas. Era estranho pensar que muitos morreriam nessa missão e não voltariam para as suas casas e eu podia ser uma dessas pessoas, mas a adrelina que me invadia quando pensava naquilo, naquilo que eu poderia fazer me deixava energética. Eu queria ver do que era capaz, além de ver as coisas que haviam além da muralha. Obviamente nessa próxima missão eu não veria nada demais, pois conhecia a muralha Maria, mas além dela existia um mundo inesplorado esperando ser descoberto.

     No entanto, eu ainda estava aqui no QG, limpando os dejetos dos cavalos. Chegava a ser deprimente a minha situação, quem via de fora talvez achasse engraçado. Uma menina sonhando com liberdade enquanto recole estrume. Será que Levi daria risada desse cenário? Ou será que ainda estava tenso com a missão? A visão de Levi com o olhar vazio no depósito de equipamento invadiu minha mente. Ele pareceu tão vulnerável quanto uma borboleta, tão preocupado com tudo. Eu acreditava que seus sentimentos não se manifestavam naturalmente como os dos outros, mas estava errada. O vislumbre daquele Levi perto da mesa cheia de sinalizadores me fez vê-lo de uma forma diferente. Claro que ele era o capitão do esquadrão e precisava se manter sob a sua autoridade exigindo a postura que tem, mas existia um lado dele que eu acreditava que poucos conheciam, apenas o Levi. Eu havia visto um vestígio do Levi irrequieto e tido uma experiência com o Levi irritado com ele me prendendo contra a parede me deixando alucinada de uma forma que ninguém nunca havia feito antes.

     Eu não compreendia o que aquele sentimento significava, mas a cada vez que lembrava um arrepio se passava pelo meu corpo me deixando incapaz de raciocinar direito.

     Meus pensamentos são interrompidos por um estrondo muito alto que vinha do lado de fora. Corri para fora e ao longe vi uma grande nuvem de fumaça subindo ao ceú que vinha da pedreira. Um alívio percorre o meu corpo percebendo que não fora a muralha Rose sendo despedaçada. No entnto, esse alívio durou pouco, pois todos os cavalos entraram em pânico. Eles batiam uns nos outros, além de esbararem na cerca que era resistente o suficiente para não ser totalmente destruída. Por sorte a minha eu havia trancado o portão do curral de forma impecável, sendo assim não havia possibilidade deles escaparem.

     Ao olhar para a fechadura do curral, meu espanto se estampa em meu corpo. Eu não havia trancado tão bem quanto eu imaginava, um empurrão de um cavalo em desespero o portão se abriria dando passagem livre para a campina que terminava em uma floresta. Como se os deuses ouvissem os meus pensamentos, um cavalo arranca o portão correndo para fora sendo seguido pelos outros cavalos.

    Minhas pernas vacilam e eu caio na grama seca vendo os vários pontinhos marrons, pretos, beges, brancos irem para longe do quartel. Certeza que eu limparia o estábulo por um mês como castigo. Dessa vez o capitão não aliviaria...

     - Cadete S/N?! - falando no carrasco, ele agora estava na minha frente de braços cruzados.

     - Sim, capitão? - não faço questão de me levantar, pois saberia meu destino.

     - Não se atentou em trancar precisamente o curral?

     - Eu achei que tinha trancado perfeitamente...

     O capitão suspira com a expressão de sempre e deixa os braços pendendo ao lado corpo. Eu mal tinha me livrado de um castigo e já receberia outro. Sempre me falaram que eu era uma pessoa surtuda, agora vejo o quanto estavam certos.

     - Me ajudará a preparar todos os jantares até todos os cavalos serem encontrados, começando amanhã - Ele se retira e entra no quartel me deixando estirada no chão como um cachorro abandonado.

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Onde histórias criam vida. Descubra agora