Levi Ackerman - Determinação Inabalável

CAPÍTULO 16

- S/N faça ela parar de correr, mostre quem está no comando. Puxe as rédeas. - ouço o grito de Levi ao longe. Estava montada em Yuki e tentava a manter sob controle, mas ela apenas corria de um lado para o outro parecendo um touro sem controle.

Admito que minha bunda já estava doendo de tanto pular em cima da cela, mas nada se comparava com a minha frustração pela inutilidade que eu estava me tornando. O capitão continuava berrando instruções ao longe, mas nada adiantava, pois minha égua teimosa ignorava todos os meus comandos.

- E você acha que eu não estou tentando? - grito para Levi com raiva.

- Mostre que é mais forte que ela, S/N - Nesse momento puxo as rédeas de Yuki com força fazendo-a parar por um segundo, mas então ela me joga da cela me fazendo cair no chão.

Vejo Levi vindo em minha direção calmamente, sem nenhuma demonstração de preocupação se eu havia me machucado. Ele era realmente um grande cavalheiro.

- Você precisa ser mais confiante, ela sente o seu medo.

Eu me levanto sacudindo a grama que havia grudado em meu uniforme.

- Eu estou bem capitão, obrigada por perguntar. - Desconto minha raiva nele em forma de deboche e dou um passo em direção a Yuki - Escuta aqui Yuki sou eu quem está no comando estão acho bom me obedecer - Eu grito para ela e a monto novamente, mas logo ela me coloca no chão outra vez.

Dessa vez o capitão estende a mão para me ajudar a levantar, mas eu a recuso me levantando sozinha. No momento em que me viro para voltar a lutar com o meu cavalo sinto a mão de Levi no meu braço me segurando.

- Vamos fazer uma pausa - Ele indica com a cabeça a árvore que estava mais próxima. Eu o sigo e ele se senta escorando no tronco assim como eu. Ficamos em silêncio observando Yuki que agora parecia a égua mais querida do mundo inteiro - Sua raiva não vai ajudar a domá-la.

- Nem minha paciência - Quase não reconheço a minha voz pela rispidez com que ela sai.

- Precisa demonstrar autoridade e força, não é um sentimento é a sua presença - Ele me encara e eu encaro de volta procurando sustentar seu olhar neutro, mas o turbilhão de sentimentos me impedia de focar.

Desvio o olhar e fito o cavalo que parecia uma tempestade. Era impossível impor minha presença para um cavalo como aquele. Ela tinha quase o dobro do meu tamanho e possuía cada músculo ressaltado, ao seu lado eu parecia uma criança de 6 anos.

Queria perguntar ao meu pai como ele havia domado aquele fera, pois parecia impossível. Ele era uma pessoa tão alegre, mas ao mesmo tempo tão calma e passiva. Era engraçado pensar nele montado em uma cavalo tão feroz.

Uma leve brisa soprava no meu rosto e balançava as pequenas gramíneas que se espalhava pela campina que se estendia por todos os lados. Algumas árvores sortidas decoravam a paisagem junto com alguns arbustos e flores. Com o sol a paisagem se tornava tão bela que era difícil de descrevê-la.

Eu olho para Levi ao meu lado e ele também olhava para tudo aquilo à nossa frente. Apenas não sabia se ele admirava ou se estava perdido em pensamentos, pois mantinha a mesma expressão. Será que ele possuía apreciação a beleza ou apenas apreciava o sangue que escorria da nuca dos gigantes que matava?

Eu havia escutado histórias macabras sobre o capitão em ação. A frase em questão era: "Os momentos em que vejo o capitão Levi mais vivo é quando estava matando titãs." Pensar assim do capitão era assustador, mas sabia que ele tinha uma força anormal o que fazia dele um excelente soldado. Mas a minha dúvida era o motivo dele ter se tornado essa máquina de matar.

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Eu acordei naturalmente e vi Yuki deitada aos meus pés e o Levi ainda sentado na mesma posição, com uma das pernas dobradas e seu antebraço apoiado nela. Apesar de estar ensolarado eu sentia o cheiro de chuva muito marcado e minha cabeça repousava em algo macio e muito confortável, como se fosse um encaixe perfeito.

- Finalmente você acordou - a voz de Levi invade meus ouvidos, só então que percebo que a distância que havia entre mim e o capitão era quase nula, pois eu tinha cochilado e de certo tombei a cabeça em seu ombro, dormindo nele.

Eu me afasto imediatamente procurando manter uma distância respeitável entre nós dois. Me agarro aos meus joelhos corando, mas Levi não se sente nem um pouco incomodado. Se alguém tivesse visto poderia me causar problemas e isso eu não queria.

- Vamos continuar o treino - A fala do capitão não permite que meus pensamentos fluam e eu chegue a uma conclusão exata do aquilo significaria para mim ou para ele.

Eu apenas me levanto e chamo Yuki que me obedece. Antes de montá-la percebo que Levi observava da árvore e lembro da sua fala que eu deveria impor minha presença demonstrando minha força.

- Escuta Yuki, sou eu quem estou no comando - sussurro para ela que logo se agita. Quando monto ela começa a se rebater.

Eu segurava firme as rédeas procurando mantê-la em um único curso. Ela corria e pulava loucamente para me tirar de sua lombar. Eu fixo minhas pernas em sua barriga e puxo as rédeas com muita força procurando para-lá, mas cometo um erro e ela se levanta sob as duas patas traseiras me jogando com força para trás. Eu caio em cima do meu braço esquerdo e uma dor aguda me invade. Eu solto um grito sem conseguir aguentar a sensação que se alastrava do meu braço até o resto do meu corpo.

- S/N! - Vejo Levi correndo em minha direção e me analisando por completo até ver o meu braço - Você quebrou o braço, precisamos voltar para o quartel - Eu conseguia ouvir suas palavras, mas a dor não deixava eu as processar para chegar a alguma conclusão.

O capitão se levanta pegando Yuki que se revoltava com a aproximação dele.

- Que merda cavalo idiota! -

Eu tinha falhado miseravelmente em domar um cavalo que talvez eu tivesse me enganado em escolher. Talvez tivesse me enganado em vir para a Tropa de Exploração e fosse o destino dizendo que o meu lugar não era aqui.

Sinto meu corpo dar um solavanco quando Levi me pega no colo. A dor se acentua ainda mais e minha percepção do que acontecia ao meu redor se tornava cada vez mais fraca, mas conseguia sentir Levi correndo o mais rápido possível comigo em seus braços e depois disso tenho pequenos flash de lembranças. Como, ele gritando por ajuda ao chegar ao quartel. Alguém me fazendo tomar algo com um gosto muito amargo e o pior de tudo a lembrança de uma dor que se seguiu após mexerem no meu ferimento. A dor foi tanta que desmaiei, mas a última coisa que vi foi Levi com aflição estampada no rosto.