CAPÍTULO 5

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Todos os recrutas estavam presentes à frente da entrada do estábulo e Gunter com o uniforme do Reconhecimento conduzia sua fala sobre algum assunto que peguei na metade do caminho.

- Agora que a atrasadinha está aqui, podemos continuar! - Gunter abre as portas do estábulo revelando os cavalos em seus pequenos devidos espaços.

O pessoal entrou logo començando a escolher seus cavalos com algumas instruções de Gunter que pelo visto conhecia muito bem cada animal - talvez porque passou um mês limpando o local todos os dias. O recinto não cheirava nada de diferente de um estábulo normal e sua aprência também não condizia com algo muito espetacular. Apenas a madeira um pouco envelhecida deixava a desejar uma reforma com verniz. Eu passava pelos cavalos sem saber qual escolher ou o porque deveríamos escolher um cavalo, não era apenas nos oferecido qualquer um quando necessário? Quais características eu deveria procurar em um corcel? Lealdade? Coragem? Como eu iria identificar isso em um animal que não se manifestava do mesmo modo que um ser humano?

Alguns dos meus companheiros já tinham escolhido os seus e acariciando o focinho dos seus novos amigos seus olhos brilhavam como se fosse a coisa mais incrível do mundo. Uma pessoa em particular não havia tido essa reação: Mikasa. Ela estava escorada ao lado da porta de um cavalo totalmente negro, que se parecia muito com ela. Sinistro igual a sua personalidade fria. Sua expressão era muito parecida com a do capitão Levi, impassível, exceto quando se tratava do Eren. Ainda não tinha entendido completamente a relação dos dois que pelo visto era muito complicada, mas se fossem pessoas normais eu acreditaria que ela estava apaixonada por ele e ele nem mesmo se ligava desse fato vendo-a apenas como uma grande amiga de infância. No entanto como não era uma relação normal, pois os dois não eram normais, descarto essa ideia e sigo com o pensamento que é complexo demais para o raciocinio humano. Ao ver que eu a estava encarando continuo meu rumo à procura do meu parceiro de aventuras. Passava por diversos corcéis, alguns beges, outros brancos, alguns malhados e pintados. Observava cada um confusa demais para poder escolher um até chegar ao último portão onde tinha um cavalo com uma pelagem um tanto peculiar. Ele era coberto por um cinza escuro e sua crina e o rabo eram pretos igual ao céu sem uma única luz à noite. Ele estava comendo de costas para mim até que percebe minha presença voltando sua cabeça ao portão. Curiosamente ele possuía um losango em sua testa, deixando-o ainda mais peculiar. Ele caminha até o portão colocando sua cabeça para fora, então eu acaricio seu focinho e ele aceita de bom grado.

Acredito que finalmente tinha entendido o objetivo daquela escolha, mas na verdade eram eles que escolhiam e não nós, para criar um laço de lealdade nos diversos momentos que se passariam além da muralha.

- Interessante! - diz Gunter se aproximando de mim sem eu perceber - Ela só tinha escolhido uma pessoa até agora.

- Uma apenas? - pergunto a ele tirando a mão para poder me virar de uma forma que eu pudesse ver o homem ao meu lado.

- Sim, uma só. E além disso... - Gunter levanta sua mão para tocá-la, mas com uma bufada o cavalo balança como se rejeitasse o toque de Gunter - ... ela não deixa ninguém tocá-la! É realmente um animal peculiar...

- Ela já tem um nome? - pergunto curiosa para saber o nome da minha mais nova parceira.

- Yuki. - diz ele sem tirar os olhos do cavalo.
Coragem? Um nome curioso considerando que é raro vê-la em ação... - Não fomos nós que demos o nome, foi o seu primeiro dono, cabo Hiroshi.

Meu pai... isso se tornava cada vez mais curioso.

      - A partir de agora vocês estão sobre a responsabilidade de cuidar dos seus companheiros que serão importantissímos nas explorações fora da muralha - diz Gunter levantando o tom de voz para que todos conseguissem ouvi-lo, dando explicações detalhadas de como cuidar de um animal que ele descreveu como grandioso - Qualquer dúvida podem recorrer a mim que os auxiliarei dentro do possível. De resto estão dispensados.

Deixo Yuki que continuava comendo sua ração diária e sigo sem rumo para dentro do quartel. A intenção da escolha era que o cavalo nos escolhesse, acabando por criar um laço que eu pude sentir ao ver o seu olhar. O mais curioso disso era que o seu primeiro e único dono tinha sido o meu pai... Será que ela sentiu a nossa ligação de sangue para me escolher ou será que apenas tomou essa decisão porque eu tinha prestado atenção nela. Bom, só ela saberia dizer e infelizmente ela não fala para saciar minha curiosidade e responder minhas perguntas, mas era reconfortante ter um laço que meu pai havia construído em sua época militar.

Levi Ackerman - Determinação Inabalável Onde histórias criam vida. Descubra agora