Todos nesse mundo já fizeram merda algum dia na sua vida, seja por uma escolha errada ou por impulso, só que temos que estar preparados para as consequências, pois em algum momento, teremos que lidar com elas. Eu, por exemplo, estou arcando com tudo o que eu fiz de errado. Bom... não que eu ache o que eu fiz foi extremamente errado, para mim foi apenas uma brincadeira que todos adolescentes fazem, brincadeiras que saem do controle.
Mas para outras pessoas, pichar uma escola com palavras de repúdio por causa de uma diretora injusta, quase explodir a escola com fogos de artifícios e quebrar o nariz de uma menina que acha ter o rei na barriga, é algo imperdoável.Olho para o homem furioso na minha frente, eu apenas assisto seus lábios se movimentando enquanto jorra sermões e indignações à minha rebeldia. No entanto, sinto que esse não é o único motivo para ele me mandar para longe, sabe quando você faz muitas burradas, mas acredita que está sendo punida por uma coisa totalmente diferente? Bem, é isso o que estou sentindo nesse momento.
Umedeço os lábios e respiro fundo antes de voltar a prestar atenção no que meu pai diz. Ele me olha e suspira, sabe que eu não estou prestando atenção no que está falando.— Vai ser bom para você, barbara. — Persiste papai.
— Bom? — Bufo de raiva. — Bom é para você que vai se livrar de mim. — Meu pai respira fundo abaixando a cabeça.
— Aqui. — Ele me entrega o passaporte com a passagem. O meu desejo nesse momento é de rasgá-los.
— Por quê? — Ele passa a mão na sua barba rala. — Eu juro que vou mudar pai. — Insisto.— Como das outras milhões de vezes que prometeu mudar? — Pergunta com um tom de desgosto e um olhar zangado. — Da última vez que eu acreditei na sua promessa, você pichou os muros da escola. — Dou de ombros.
— Mereceu.
— Mereceu, barbara? — Papai me olha incrédulo. — V ocê levou advertência por maltratar um colega e diz que a escola mereceu esse ato de vandalismo? — Fito o passaporte em minhas mãos.
— Eu não quero ir para outro país, pai. — Choramingo.— Mas você vai! — Bato meu pé com ódio. — V ocê precisa de disciplina e sua nova escola é conceituada. — Reviro os olhos.
— Eu odeio gente riquinha. — Retruco com desdém encarando as pessoas no aeroporto.
— V ocê é rica, Barbara. — Papai me lembra.— É... — Olho para ele franzindo o cenho. — Mas ninguém sabia que eu sou rica. — Papai aperta seu nariz um pouco irritado. — Mas agora todos vão saber, porque eu vou estar no meio de um bando de gente esnobe. — Falo com desdém.
— V ocê vai sobreviver. — Reviro meus olhos novamente.
— Vai ser bom para você, queridinha. — Encaro a mulher ao lado do meu pai. — Um lugar novo com gente nova, é sempre bom. — Heidi é a cópia perfeita de uma boneca, mas de uma forma falsificada. Tudo nela é falso, até mesmo seu caráter.
— Ninguém te perguntou nada, plastificada. — Heidi abre a boca chocada antes de bufar e fechar a cara.— barbara... — Adverte papai.
— V ocê está me abandonando, pai. — Fecho meus olhos por um segundo. — Assim como fez aquela mulher. — Papai coloca as mãos no bolso da sua calça.
— Aquela mulher é a sua mãe. — Solto uma risadinha. — E eu não estou te abandonando. — Papai segura meu rosto com ambas as mãos. — Eu estou te enviando porque eu já não sei mais o que fazer com você.
— Pai... — Engulo o caroço que se formou na garganta.— Eu te amo mais do que a minha própria vida, Mariana. — Papai beija minha testa. — Por essa razão que você vai, acredito que te dei liberdade demais e deixei que fizesse o que quisesse. Eu não te dei limites e regras, sua rebeldia sem causa passou dos limites.
— Mas eu não a conheço. — Digo em desespero.
— Esse é o momento de vocês. — Papai se afasta.
— V ocê vai agradecer, queridinha. — Heidi fala com indiferença olhando para suas unhas falsas.
— Foi você? — Ela me olha. — V ocê que insistiu com papai para me mandar embora, não foi?— Pergunto com desprezo. — Quem diria, meu próprio pai me trocando por uma...
— BARBARA — Assusto com a voz grave do meu pai.
— Ela só quer o seu dinheiro, Heidi trai você na sua cara. — Aponto o passaporte na direção da plastificada que está roubando meu pai de mim. — Será que não enxerga? — Papai franze as sobrancelhas.
— Alexander, não vai dizer nada? — Heidi olha para ele incrédula.— Não é por isso que você está embarcando. — Meus ombros caem em derrota.
— Tudo bem. — Concordo, por fim. — Quando descobrir que me abandonou por uma adultera, não quero que venha chorando. — Papai ergue o canto de sua boca.Alexander é um homem alto e muito lindo para sua idade, com 40 anos está na flor da idade - é o que ele vive falando. Papai é dono de uma rede de supermercados, considerado o homem mais rico de Minas Gerais, e por esse motivo só atrai vigaristas interessadas em seu patrimônio.
Papai é muito discreto e dificilmente você encontra algo relacionado a ele nas mídias e tabloides de fofocas. Ele cuidou de mim sozinho sem ajuda de ninguém, Alexander é o melhor pai do mundo, mesmo eu sendo a pior filha.— Pai... — Troco o peso do meu corpo para a outra perna. — Por favor, não me mande embora. — Suplico.
— Ela estará te esperando do lado de fora do aeroporto. — Papai me encara com seus olhos verdes. — Se comporte, ela não tem minha paciência, Barbara. — Respiro fundo concordando. — Eu te amo.Papai me puxa para um abraço forte de despedida. Sinto seu perfume e entrelaço meus braços em seu pescoço aproveitando os últimos segundos que eu o teria. Não quero ir para outro país, muito menos morar com uma mulher que me abandonou quando eu tinha dois anos de idade sem nem olhar para trás.
— Eu também te amo. — Ele afasta com as mãos em meus ombros.
— Agora vai que o seu voo está prestes a sair. — Balanço a cabeça de leve.
— Tchau, tchau queridinha. — Entorto a boca enojada.— Aproveite enquanto pode, porque você vai ser chutada assim como as outras que queriam dar o golpe no meu pai. — Seguro a alça da minha mala de mão e olho pela última vez para meu pai.
— É só por um ano, Barbara. — Umedeço meus lábios com o coração apertado. — Estarei a uma ligação de distância. — Papai sorri me motivando.— Tá. — Murmuro virando de costas.
Começo a andar em direção ao portão de embarque, rumo a uma cidade onde eu não conheço ninguém, muito menos a mulher que terá a minha guarda. Estou amedrontada em pensar que eu estarei em um lugar totalmente desconhecido, mas ao mesmo tempo animada, pois farei de tudo para me enviarem de volta.— Alexander, viu como ela falou comigo? — Escuto Heidi reclamar.
— Cala a boca pelo menos uma vez nessa sua vida. — Rebate papai, zangado.
Olho para trás sobre os ombros sem parar de andar. Papai está vestindo um terno escuro com uma gravata da cor vinho, sentirei tantas saudades dele, do seu sorriso e de suas broncas.Sei perfeitamente do seu desespero em ver sua única filha envolvida em tramoias causadas por ela mesma, e entendo o porquê de me enviar para longe. Alexander está arrasado, nunca tínhamos ficado tão longe um do outro, será a fase mais difícil de nossas vidas.
Papai sorri para mim e sussurra um “eu te amo”. V olto a olhar para frente e entrego o passaporte e a passagem para a moça conferir. Me recuso a chorar, não deixarei as lágrimas caírem, até porque, eu que causei tudo isso, por esse motivo eu terei que ser forte e arcar com as consequências.— Boa viagem, barbara. — Diz a moça me devolvendo os documentos..
Agradeço com um pequeno aceno. Respiro fundo antes de passar pelo portão de embarque deixando meu Brasil, meu pai e minha vida para trás.

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Apaixonada por um nerd (BABICTOR)💛🥀
FanfictionSpinose 📒 Tudo nessa vida têm consequências, sejam elas boas ou ruins e Barbara sabe perfeitamente disso. Enviada para fora do país para morar com sua mãe que a abandonou aos dois anos de idade, sua única missão é fazer de tudo para que eles a mand...