capítulo 2📒

3.4K 115 15
                                    

Pego minhas malas e olho ao redor do aeroporto de San Francisco lotado de gente indo e vindo, muitos com sorrisos no rosto e vários com semblantes irritados e cansados, assim como eu.
Respiro fundo e caminho em direção à saída. Quinze horas de viagem deixam qualquer um quebrado, minhas costas estão destruídas. Eu não consegui pregar o olho durante o voo por medo, parece absurdo, certo? Mas... sei lá, vai que o avião cai comigo dormindo? Pelo menos acordada eu poderia tentar salvar minha vida.
Passo no meio de um grupo de adolescentes barulhentos, fico olhando para eles por alguns segundos, estão empolgados com a viagem ou a volta dela. Todos falam inglês, eu sei pronunciar a língua perfeitamente, porque meu pai me obrigou a estudar desde que eu existo, para me comunicar com ela, com a minha mãe que é americana e não sabe falar o português.
Desvio os olhos a tempo de sair do caminho de um garoto, mas meu movimento não impede que ele esbarre em mim. Ele usa um capuz dificultando ver seu rosto e está entretido no telefone. Se eu fosse um carro, com toda certeza sua morte seria anunciada minutos depois por não prestar atenção por onde anda.

— Ei... — Chamo, ele para parecendo tenso. — Olha por onde anda, cara. — O garoto olha por cima do seu ombro discretamente, e mesmo assim, não consigo ver seu rosto.
Seu olhar dura alguns segundos, o que parece ser minutos. Ele apenas sussurra um “desculpe” e volta a caminhar apressado encarando o celular novamente. Isso foi estranho!

Solto a respiração que tinha prendido e volto a andar em direção à saída do aeroporto. Meu coração acelera quando passo pelas portas rotativas. O ar quente me recepciona, juntamente com os raios de sol em plena tarde. San Francisco é quente, mas ao mesmo tempo, fria. Olho ao redor observando os carros, táxis e ônibus em busca da minha carona. Ou melhor, da mulher que me abandonou.

Papai avisou que ela estaria à minha espera na saída, mas será que ele não se referiu ao estacionamento? O que me preocupa é se ela me reconhecerá, porque fazem quatorze anos que não me vê.
Alexander é louco em enviar sua filha para um país desconhecido, mais doido ainda em entregá-la nas mãos de uma desconhecida. Respiro fundo sentando em cima das minhas malas, à espera dela.

A última vez que eu me encontrei com ela eu tinha apenas três anos de idade, depois nunca mais, mesmo quando papai tentava me mostrar algo dela, ou quando insistia que eu falasse ao telefone quando Ellen ligava. Sim, eu sei o seu nome! A única coisa que eu sei é que ela se chama Ellen Collins. Até porque, eu tenho seu sobrenome.
Barbara Collins Vitalle. Vitalle do meu pai, que também é o nome das empresas dele, Grupo Vitalle. Papai é italiano, mas foi criado a vida toda no Brasil. Eu não sou Brasileira legitima, apenas a mistura de italiano e americano no sangue.

Heidi é Brasileira, interesseira e golpista. Detesto aquela mulher, sinto meu coração apertar só de pensar que meu pai ficará sozinho sem mim para orientá-lo dos erros que está cometendo. Todas as mulheres que ele se relacionou o traiu, e eu era sua detetive, investigava cada uma e descobria seus podres. Mas dessa vez, papai não quis me ouvir em relação à Heidi.
Olho para um SUV enorme e escuro que estacionou na minha frente. O veículo é todo equipado e na lateral tem um adesivo escrito POLICE, com sirenes em cima do teto e na frente do carro, as luzes vermelhas e azuis transluzem sem emitir som.
A porta é aberta e uma mulher sai de dentro do carro. Prendo a respiração quando ela bate a porta e analisa o lugar até seus olhos se encontrarem com os meus. Uma policial está conduzindo aquele veículo e me estuda nesse exato momento, fixamente. Essa mesma policial é a minha mãe.

Ellen sorri de leve ao me reconhecer e começa a caminhar em minha direção. Fico paralisada a encarando. Minha mãe é alta e loira, seus cabelos estão soltos e seu uniforme de policial cai perfeitamente em seu corpo esbelto e musculoso na medida certa.
Papai nunca falou que minha mãe é uma policial, mas a verdade é que eu nunca quis saber de nada. Ellen para à minha frente e me observa. Não somos parecidas, enquanto ela tem cabelos loiros e lisos, os meus são pretos e enrolados. A única semelhança são nossos olhos castanhos, grandes e marcantes.

Apaixonada por um nerd (BABICTOR)💛🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora