capítulo 43📒

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⚠️ gente desculpas tá mariana é a Babi tá o meu teclado tá uma merda ⚠️

Acordo com uma baita dor de cabeça e com
um sentimento ruim no peito, me sufocando.
Levanto da cama e caminho até o banheiro, um pouco sonolenta. Não consegui falar com Peter ontem à noite, liguei para ele algumas vezes e mandei mensagens, mas não obtive resposta, acho que deve ter dormido.
Pego a pasta de dente e começo a escovar meus dentes me encarando pelo espelho. Estou um caco hoje! Inspiro fundo, cuspo a pasta na pia, enxáguo a boca e lavo meu rosto, tentando aliviar a tensão que estou sentido sem saber o porquê.
Papai disse que não vai me deixar voltar para o colégio e não falou mais nada, tenho certeza que ele está planejando me levar embora. Mas não vou ficar pensando nisso ou tirar conclusões precipitadas, talvez irá apenas me mudar de colégio.
Prendo meus cabelos, volto para meu quarto, pego o iphone e tento falar com Peter, envio uma mensagem e ligo, mas nada de resposta. Sento na cama encarando o celular. Por que será ele não atende? Já são nove da manhã, não é possível que ele ainda não tenha acordado!
Inspiro fundo e expiro lentamente, vou tentar novamente mais tarde. Chamo Dean quando abro a porta para descermos e tomar nosso café da manhã, ele ergue a cabeça e me segue, esse cachorro está cada dia maior, Dean está parecendo um Labrador.
Pico algumas frutas para ele e coloco em sua vasilha, pego uma caneca com leite e me sento à mesa, nem papai e nem Ellen parecem estar em casa. Fico encarando o bolo à minha frente, hoje o dia amanheceu tão esquisito e silencioso.
Cansada de encarar o bolo, corto uma fatia e coloco no meu prato, me forço a comer, mesmo sem fome e aflita. Dou um gole no meu leite para ajudar a descer o bolo, hoje é o resultado do DNA, o que me deixa ainda mais nervosa.
Escuto alguém abrir a porta, Ellen entra com algumas sacolas do supermercado, mas é seu rosto que me deixa paralisada e assustada com o coração acelerado. Ela está um pouco pálida e com os olhos assustados. Ellen inspira, coloca as compras no balcão, suspira e me encara.
Um arrepio percorre minha espinha, será que papai não é meu pai de verdade? Será que sou filha do Bryan? Engulo em seco, sentindo meu corpo gelado.
— É... — Ellen limpa a garganta e desvia seus olhos dos meus. É uma notícia ruim, tenho certeza, porque se fosse algo bom, ela não estaria relutante.
— O que foi?
— Peter está no hospital. — Meu coração começa a bater tão forte que sinto meu peito doer, estou congelada olhando para Ellen, não consigo nem respirar. Como assim no hospital? — Ontem à noite ele foi atacado no colégio pelo assassino dos bolsistas, o estado dele é grave.
Minhas mãos começam a tremer, sinto um nó na minha garganta e meus olhos queimam. Estado grave? Meu Peter? Meu nerdzinho? Balanço a cabeça de um lado para o outro, não pode ser, isso deve estar errado, ele é forte, já passou por tantas coisas, Peter não vai morrer assim.
— Eu... — Engulo o choro e pisco várias vezes para limpar minha visão. — Estado grave? — Minha voz sai fraca e trêmula.
— Uma costela dele foi quebrada e acabou perfurando seu pulmão, seus hematomas são graves, ele está muito debilitado.
— Hematomas?
— Ele caiu da escada fugindo da assassina, e ela ainda o espancou.
Meu Deus!
Soluço por causa do choro e levo as mãos à minha boca para tentar abafar o barulho agonizante que sai da minha garganta, mas a única coisa que eu quero, é que tudo seja mentira, que meu Peter esteja bem e que nada disso aconteceu com ele.
Entretanto, as palavras de Ellen ficam batendo na minha mente, olho para ela através das lágrimas.
— Assassina?! — Ela assente e respira fundo.
— É a Katie, Barbara. — Arregalo os olhos e prendo minha respiração. — A assassina que matou os bolsistas e Francine, é a Katie Becker, sua amiga.
V ocê alguma vez já sentiu seu mundo desabando debaixo dos seus pés? Eu nunca tinha passado por isso, e nesse momento o que sinto é uma pressão insuportável no meu peito, não sinto o chão e é como se eu estivesse pendurada em um abismo prestes a cair, as paredes ao meu redor parecem se encolher, me esmagando e tirando todo o ar dos meus pulmões.
Katie é a assassina?! A Serial Killer?! Meu Deus!
Meu cérebro grita, pedindo desesperadamente que isso seja mentira. Ela dormiu aqui noites atrás, na minha cama, debaixo do meu teto. Ela dormiu aqui!
Começo a balançar a cabeça de um lado para o outro. Katie andava comigo, eu estava gostando mais daquela garota, do seu sorriso e de sua falação. Nunca imaginaria que ela seria tão... Que seria um monstro sem escrúpulos.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, ela andava o tempo todo comigo, trocávamos algumas confidências, era chata algumas vezes, mas estávamos nos dando bem, nunca que iria suspeitar dela, no entanto, eu deixei muitas informações passarem.
Lembro-me que ela havia me revelado que seu pai morreu há três anos atrás, e ao mesmo tempo ficava me jogando contra Peter de um jeito discreto, isso me deixava desconfiada, não só do Peter, mas do Trio, Katie queria que eu odiasse eles e me afastasse. Eu convivi com ela diariamente, no colégio, fora do colégio, na minha casa e até saímos algumas vezes, e em todo instante eu estava ao lado de uma psicopata.
— Eu... — Enxugo minhas lágrimas. — O que aconteceu?
— O detetive chegou a tempo de impedir que ela matasse Peter e Gilles. — Coloco meus cotovelos na mesa e encosto minhas mãos na boca.
— Gilles?! — Pergunto em um sussurro.
— Eles estavam juntos, não sei muito, porque meu colega não sabia da história completa, mas ele me disse que... — Ellen se cala e olho para ela. — Peter é inocente, Mariana, não foi ele que estava dirigindo o carro, e as drogas que encontraram com Charlie não eram dele, ambos são inocentes.
— Eu sempre soube que Peter não era o culpado. — Digo através dos soluços do meu choro.
— Quem foi?
— Jimmy. — Encaro Ellen em choque. — Jimmy é um traficante, foi ele quem colocou as drogas que encontraram com Charlie para incriminá-lo e foi ele que estava dirigindo o carro na noite do acidente.
— Jimmy?! — Sussurro incrédula.
— Ele foi preso pelo Trump e será julgado. — Assinto me levantando com dificuldade.
— V ou me arrumar. — Digo mordendo meu lábio inferior, segurando o choro preso na garganta.
— Aonde você vai? — Pergunta Ellen vindo atrás de mim.
— Preciso ver o Peter. — Ellen segura meu braço esquerdo com delicadeza, meu peito está doendo demais e o choro que estou segurando está me sufocando.
— Ele está na UTI... — Mordo com mais força meu lábio inferior, não posso desabar agora, Peter ainda está vivo. — Ei... — Ellen me faz virar e encaro-a através das minhas lágrimas. — Ele só poderá receber visitas depois das três da tarde. — Assinto querendo me trancar no quarto. — Oh meu amor!
Ellen me puxa e me aninha em seus braços, não consigo mais segurar, então permito que o choro e o desespero me consumam, porque nesse momento não quero me sentir forte, quero cair no abismo e pela primeira vez em dezessete anos, minha mãe é quem está me amparando.
Choro por medo de perder meu nerd, não posso imaginar tudo o que ele passou enfrentando aquela lunática maluca de merda. Rodeio meus braços em volta de Ellen e a sinto me apertar, protegendo-me de todo mal, me confortando e me acalmando, nunca pensei que por estar nos braços da minha mãe tornaria mais fácil lidar com os problemas do que sozinha.
— Peter é forte, vai sair dessa. — Sussurra no meu ouvido, assinto através do choro. — Agora se acalme e vamos esperar até o horário de ir visitá-lo, não sofra antes, ok?
— Tudo bem! — Ellen me afasta, limpa minhas lágrimas e me encara.
— Seja forte, por você e por ele.
Inspiro fundo e limpo meu rosto, não vai adiantar nada eu ficar chorando, isso não vai fazer Peter melhorar, e com o coração aflito e preocupado, espero até poder visitar meu nerd onde quer que ele esteja.
Não sei por quanto tempo fico sentada na escada encarando a porta, contando os minutos e os segundos até dar a hora de visitar Peter. Ellen tenta me fazer comer alguma coisa, mas é em vão, não consigo engolir nada.
Vejo a porta ser aberta e papai entrar por ela, vestido com terno e gravata, está com um ar pensativo, acho que estava em uma reunião de trabalho, mesmo estando longe do Brasil e da empresa, ele nunca larga o trabalho, sempre mergulhado em suas obrigações.
Seus olhos se fixam nos meus que imediatamente se enchem de lágrimas, Alexander franze as sobrancelhas, respira fundo e se aproxima, agachando na minha frente. Papai não diz nada, apenas me leva para seu peito e me segura firme, seu cheiro e calor é tudo o que mais ansiei desde o momento que soube do Peter.
— Ellen ainda não teve notícias dele, pai. — Choramingo sentindo seu peito subir e descer enquanto respira.
— Ele está bem, meu bebê. Hospitais são péssimos informantes, ainda mais quando a pessoa está em um estado mais delicado.
— E se...
— Ele não vai!
— Estou com medo... — Papai intensifica o abraço e beija o topo da minha cabeça.
— Eu sei que está. — Fala me afastando. — Agora suba e vá se arrumar, está quase na hora de você ir visitá-lo. — Assinto e subo as escadas para eu me arrumar, escuto papai conversar com Ellen, mas não presto atenção, quero ir ver Peter o mais rápido possível.
Ellen não soube nada do Gilles, o que me deixa muito preocupada, pois, apesar de ter sido um babaca, ele se mostrou arrependido e uma boa pessoa. Gilles é apenas um jovem perdido nessa vida, que precisa de amigos e de uma pessoa que demonstre estar ao lado dele.
Respiro fundo e desço pronta para ver meu nerd, quando olho para sala meu coração entra em desespero, Bryan está sentado no sofá encarando meu pai encostado na parede com os braços cruzados, como sempre calmo, mas eu sei que por dentro Alexander está furioso e cheio de ódio.
Ellen me olha preocupada e com impaciência, um sentimento que eu compartilho perfeitamente com ela, mas que merda... O que Bryan faz aqui agora?
Ele se levanta e sorri para mim com um sorriso forçado, essa cena de querer ser pai não me convence, pois vejo que seus olhos dizem outra coisa, e o que ele fez no carro comigo aquele dia, eu não me esqueci e jamais vou esquecer.
— Está pronta? — Pergunta papai desencostando da parede.
— Mariana? — Olho para Bryan — Queria te convidar para irmos tomar um sorv...
— Não vai dar, tenho compromisso agora. — Digo seca e sigo em direção à porta.
— Eu posso te levar. — Insiste, nego com a cabeça e abro a porta.
— Obrigada pela oferta, mas meu pai e minha mãe irão me levar.
— Eu sou seu pai, então eu faço isso. — Olho para ele queimando de ódio, será que ele nunca vai parar?
— Bryan, agora não! — Interrompe Ellen.
— Quando então? — Diz ficando alterado. — V ocês só podem estar de brincadeira comigo! — Resmunga me irritando.
— Olha, Bryan... — Começo com minha voz mais alta. — Peter está no hospital e eu estou indo vê-lo, então se você puder ter um pingo de compaixão, por favor, vá embora.
— Compaixão? — Ele ri e me olha com indiferença. — Eu não sei o que aconteceu e não me importo, quero ficar com a minha filha e é isso que eu farei. — Fala vindo em minha direção, sinto minhas mãos começarem a tremer, mas papai bloqueia sua investida e o encara furioso. — Eu nunca permiti que ela namorasse com aquele bastardo.
— V ocê não tem que permitir nada, até o momento eu sou o pai dela e eu que cuido da vida dela, então não me venha com essa autoridade de bosta para mandar em minha filha. — Bryam rosna de raiva e me encara.
— Eu n...
— Tenha respeito e se manda, antes que eu te tire daqui a força. — Papai ameaça, Ellen me puxa para sair da porta e me segura.
— Bryan, — Ellen respira fundo — você está passando dos limites, então por gentileza, queira se retirar da minha casa.
Bryan olha para ela furioso e depois para meu pai, ele respira fundo, alisa sua barba rala e assente, tentando ao máximo se controlar.
— V ocês estão dificultando minha convivência com minha filha.
— Acho que você mesmo está fazendo isso. — Retruca papai saindo da frente de Bryan. — V ocê está se complicando a cada dia, por que esse desespero, Bryan? — Pergunta pegando seu paletó estendido na cadeira e vestindo-o. — Esse seu comportamento está me deixando curioso.
Bryan parece congelar no lugar, suas mãos se fecham em punhos e seus olhos se fixam em mim por alguns segundos.
— Precisamos ir, Bryan. — Comunica Ellen pegando a chave da casa e me empurrando para fora. — Não temos tempo para seus dramas. — Papai sai e espera por Ellen que está com a porta aberta esperando Bryan sair.
— Esse cara está me dando nos nervos. — Sussurra caminhando em direção ao Cadillac e abre a porta para que eu entre.
— Ele é um entojo. — Digo fazendo papai rir.
— Não tenha dúvidas.
Ellen vem logo em seguida com Bryan atrás, ele passa direto e vai em direção à sua caminhonete com o rosto vermelho de raiva. Papai abre a porta para Ellen, quando ela senta, solta a respiração de alívio e me olha pelo retrovisor.
— Agora podemos ir ver seu namorado.
— Ele não é meu namorado. — Respondo tristonha, Ellen arqueia a sobrancelha direita e papai dá partida no carro.
— Como assim?
— Ele não me pediu em namoro.
— Por quê? — Pergunta papai focado na direção.
— Não sei. — Dou de ombros. — V ocê é homem, deveria saber essa resposta. — Escuto papai rir junto com Ellen.
— Se não pediu você em namoro ainda, acredito que não esteja preparado para dar esse passo tão importante.
— É... Talvez...
Recosto a cabeça no banco e fico em silêncio pelo resto do caminho, pensando em Peter e reprimindo o medo que estou sentindo. Papai para o carro no estacionamento do hospital, desce abre a porta para mim, eu demoro alguns segundos para sair, minhas pernas estão bambas demais. Respiro fundo e saio do carro, Ellen nos guia para dentro do hospital. Fico impressionada com o quanto é bonito e organizado, me sinto dentro do seriado Chicago Med – que inclusive, sou viciada. Papai me olha e sorri, pensando no mesmo que eu, deslumbrado, afinal, não se compara aos hospitais que temos no Brasil.
Ellen para na recepção e pede informações, a enfermeira explica o caminho que devemos seguir. Papai me apoia e Ellen lidera o caminho.
Enquanto caminho pelos corredores, penso em tudo no que eu e ele vivemos nesses cinco meses juntos, passou tão rápido, parece que foi ontem que eu cheguei em Sacramento, com tanta raiva do meu pai por ter me enviado, e por Ellen ter me abandonado, nunca imaginei que a minha vida teria tantas reviravoltas.
— Julie? — Ellen chama a mãe de Peter que está sentada em uma sala de visitas com a cabeça baixa. Ela se vira e nos encara com os olhos vermelhos. A senhora que me deu Dean está ao seu lado, segurando sua mão.
— Ellen?! — Julie se levanta e aproxima. — É você?
— Sim! — Ellen responde dando um abraço em Julie.
— Como você está? Eu nunca mais te vi.
— Estou bem... — Ambas engatam em uma pequena conversa e sinto papai pressionando sua palma da mão nas minhas costas com mais força.
Olho para ele e franzo o cenho, Alexander está olhando fixamente para Julie enquanto ela conversa com Ellen, assisto seus olhos descerem pelo corpo da mãe de Peter, analisando-a com cuidado e curiosidade.
— Ela é cigana. — Sussurro quebrando seu momento de avaliação.
— Quê? — Pergunta confuso me olhando.
— A mãe de Peter é cigana. — Papai fica me encarando por alguns segundos, assente e volta a olhar para Julie um pouco mais admirado, curioso e instigado pela cigana à sua frente.
Sorrio de leve e observo Julie conversar com Ellen, como amigas que não se veem com muita frequência. Meus olhos descem para suas roupas, tão lindas, extravagantes e sensuais, entendo agora o porquê papai ficou tão hipnotizado observando-a.
Julie está vestindo uma saia vermelha rodada até os tornozelos e com várias moedas ao redor da cintura, está de rasteirinha e tornozeleira de ouro e prata. Sua blusa bege realça seus seios e cintura, mas não de um modo vulgar, mas sedutor, delicado e comportado.
Ela sorri e nos olha finalmente, seu rosto é delicado, seus cabelos vermelhos idênticos ao do filho reluz com as luzes do hospital, Julie também usa algumas moedas presas no cabelo, um brinco de pena e várias pulseiras. Ela caminha em minha direção e me abraça apertado, retribuo sentindo seu cheiro delicioso e adocicado.
— V ocê veio... — Diz com a voz trêmula e baixa. — Fico feliz por te ver aqui, Mariana.
— Ele está bem? — Ela se afasta, acaricia meu rosto e assente.
— Está no quarto duzentos e sessenta. — Revela apontando para o quarto. — Ele vai ficar feliz em vê-la. — Assinto, olho para papai que me dá um pequeno aceno, respiro fundo e caminho até o quarto do Nerd.
Escuto Ellen apresentar meu pai a Julie e a avó dele que se manteve calada o tempo todo. Paro em frente ao seu quarto, olho para o lado e noto que papai ficou mais afastado, encostado na parede e observando Ellen, Julie e a senhorinha conversarem. Ele está inerte em seus pensamentos, desvio meus olhos e seguro a maçaneta.
Respiro fundo, abro a porta com cuidado e entro no quarto, está um pouco gelado. Fecho a porta sem fazer barulho e me encosto nela, analisando cada detalhe, principalmente Peter.
O quarto é todo branco, não tem muita coisa, apenas um sofá preto, aparelhos médicos, duas cadeiras e uma cama, onde Peter está deitado com os olhos fechados, pulsos enfaixados e com o tornozelo engessado. Levo a mão à boca abafando meu choro.
Ele está tão machucado...
Forço-me a dar um passo à frente, minhas pernas estão bambas, mas mesmo assim eu consigo me aproximar de Peter. Com cuidado, seguro sua mão direita e fito seu rosto, tem cortes por todo ele e alguns pontos na testa. Como aquela garota pôde fazer isso com meu nerd?
— Ei... — Sussurro acariciando seus cabelos vermelhos. — Eu não consegui te proteger... — Umedeço meus lábios e assusto com o barulho dos aparelhos que contam os batimentos de Peter. — V ocê está péssimo. — Murmuro com a voz trêmula. —V ocê vai ficar bem, não vai? — Soluço e fecho meus olhos, permitindo que as lágrimas escorram pelo meu rosto, vê-lo nesse estado me deixa tão quebrada. Me sinto inútil por não poder fazer nada para tirar seu sofrimento.
— Claro que vou! — Assusto com sua voz baixa e pesada, abro os olhos e congelo vendo-o acordado.
— V ocê acordou... — Peter assente levemente e aperta minha mão.
— Não chora... — Sussurra. — Não vou morrer. — Sorrio limpando minhas lágrimas.
— Se você morrer, eu te mato, Nerdzinho. — Brinco tirando um sorriso de seus lábios machucados, ele geme de dor e pisca um pouco pesado.
— Ver você triste me dói.
— Ver você machucado me quebra.
Peter fica me encarando por alguns segundos sem desviar, ele assente e puxa de leve minha mão.
— Venha, deite-se aqui comigo, preciso ser mimado, passei por muitos perrengues. — Sorrio e me ajeito ao seu lado, deito a cabeça no seu braço e fico encarando seus olhos azuis.
— Como ela te atacou? — Ele respira fundo.
— Gilles foi na minha casa bêbado e drogado, falou um monte de coisas sem sentindo e depois disse-me que precisava ir ao colégio esconder as drogas que estavam lá.
— E você o seguiu? — Peter assente e beija de leve minha testa.
— Tinha que ajudá-lo... — Encosto minha testa na sua e ficamos em silêncio por alguns segundos.
— Estava com medo de te perder. — Confesso, Peter acaricia minha bochecha com sua outra mão.
— Eu imagino...
— Ellen falou que seu estado era grave e que estava na UTI, mas você está melhor... — Ele assente limpando uma lágrima solitária que escorre do meu olho.
— Sai hoje de manhã, estou fraco, dolorido e um pouco zonzo, mas vou sobreviver.
Suspiro de alívio, ergo minha mão e coloco-a em sua bochecha, sentindo seu calor.
— Deve ter sido horrível! — Ele assente fechando os olhos. — Está com sono? — Peter balança a cabeça e me abraça apertado, como se estivesse com medo de que eu fuja.
— Um pouquinho, preciso descansar... — Peter geme de dor quando tento me mexer, paraliso e assisto seus lábios se esticando em um sorriso preguiçoso, relaxo em seus braços encostando meus lábios nos seus.
— V ou cuidar de você, meu nerd. — Sussurro enquanto sinto-o pegar no sono.
Respiro fundo, durante uma hora fico observando-o dormir nos meus braços. De vez em quando, ele geme de dor, mas logo volta a dormir pesado novamente. Acaricio seu rosto, o amando ainda mais do que ontem.
Espero nunca mais sentir esse medo de perdê-lo outra vez, sei que somos jovens e com um futuro incerto, mas prefiro mil vezes ver Peter com outra garota, do que morto sem nunca mais poder vê-lo de novo.
Com cuidado, saio dos seus braços e fico diante de sua cama, inclino e lhe dou um beijo leve na boca, me despedindo sem precisar acordá-lo, porque agora eu sei que ele ficará bem.
Fecho a porta do quarto quando saio e fico encarando-a. Olho para meu lado esquerdo e não vejo ninguém, acho que devem ter ido para algum lugar, mordo meu lábio inferior e olho para o lado direito. No fim do corredor, avisto um policial fazendo guarda, o notei quando cheguei, mas não dei muita importância, pois estava preocupada demais com Peter, mas agora sei muito bem porque dele estar ali.
Inspiro e começo a caminhar em direção ao guarda, porque ali, dentro daquele quarto, está a pessoa mais sem escrúpulos e doentia que eu conheci na minha vida, sinto a necessidade de conversar com ela, de ter certeza que tudo isso é real.
O policial me encara com a testa franzida, ele não se move e não fala nada. Olho para os lados e para trás, não há ninguém aqui.
— Eu quero conversar com ela. — Digo, ele apenas nega com a cabeça.
— Ninguém é autorizado a entrar, senhorita. — Responde com uma voz plausível.
— Ela é minha amiga, tenho esse direito.
— Ela é uma criminosa e muito perigosa, está sob escolta policial, não posso permitir sua entrada.
Droga...
— Deixe-a. — Olho para trás ao escutar a voz de Trump. — Se não fosse por essa garota, não teríamos chegado a tempo de salvar os garotos. — Diz para o policial. — Katie está algemada, não vai fazer nada com ela.
— Ela vai ficar aqui? — Pergunto com cautela. — Katie tem que sair de perto de Peter, se ela quer tanto matá-lo, não é uma algema que vai segurá-la, não depois de tudo o que fez.
— Iremos transferi-la para um centro psiquiátrico, até saber a sentença do juiz. — Assinto, realmente ela tem que ficar em um hospício, pessoas como ela não podem viver livres na sociedade.
— Onde está Gilles?
— Está no trezentos e seis. — Assinto, será que ele está bem? — Ele vai ficar bem. — Responde já prevendo minha pergunta. — Agora vá fazer o que pretende, temos que levá-la daqui uma hora.
Encaro o rosto do detetive e agradeço com um aceno de cabeça, ele retribui. O Policial dá um passo para o lado permitindo minha entrada, e antes de entrar, inspiro tomando coragem para enfrentá-la.
Entro no quarto e olho direto para cama. Katie está sentada me encarando com indiferença, sua mão esquerda está enfaixada e algemada na cama. Fecho a porta atrás de mim e me aproximo com cautela.
— O que está fazendo aqui? — Pergunta com agressividade, dou de ombros e me sento na cadeira ao seu lado.
— Vim te ver. — Respondo me inclinando e sustentando meus antebraços nos joelhos, fitando minhas mãos. — Ainda não consigo acredita que você é...
— Um monstro? — Levanto minha cabeça e olho para seus olhos frios, nunca os vi desse jeito, ela soube esconder sua verdadeira face perfeitamente.
— Sim, um monstro. — Ela sorri de lado. — O que você ganhou com tudo isso? — Katie desvia dos meus olhos, encara a parede e dá de ombros. — Por que você colocou a cabeça da Francine no meu armário, Katie?
Ela volta a me olhar e inclina a cabeça.
— Queria um pouco de diversão. — Responde indiferente, meneio a cabeça e suspiro.
— Jimmy foi preso. — Seus olhos brilham. — V ocê também vai ser, e poderá pegar pena perpétua. V ocê pode nunca mais vai sair da prisão se provarem que você é um perigo para a sociedade, ou podem te internar em um centro psiquiátrico.
— Não sou louca... — Sussurra entre os dentes.
— Então eu te pergunto. — Katie me fita com intensidade. — Valeu apena tudo o que fez? Para no fim viver trancada em uma jaula feito um animal?
Ela fica me encarando, não desvio do seu olhar frio, cruel e desalmado, como pode uma garota cheia de vida e beleza se tornar isso? Katie umedece os lábios, mas não diz nada, o seu silêncio é tudo o que recebo.
— Eu não te odeio, Katie. — Digo chamando sua atenção. — Eu apenas sinto por tudo o que teve que viver. — Levanto e sorrio de leve. — Eu te desejo sorte, você vai precisar.
Dou as costas, caminho até a porta e quando rodo a maçaneta, Katie me chama, olho para ela e vejo um brilho diferente em seu olhar.
— Não preciso da sua pena. — Rosna se alterando, meneio a cabeça negativamente.
— Não é pena, Katie, é desejo sincero de uma pessoa que te considerava uma amiga. — Minhas palavras parecem ter lhe afetado, ela abre a boca para falar, mas no final, prefere se calar. — Adeus, Katie.
Saio do quarto com meu coração mais aliviado, sei que não posso mudar sua natureza e tudo o que fez, mas minhas palavras foram sinceras, espero do fundo do meu coração que ela se arrependa e se torne uma pessoa diferente, pois de agora em diante, sua vida não vai ser fácil.
Caminho em direção ao quarto de Gilles, preciso ver como ele está. Paro em frente ao quarto 306, ninguém está por perto e o seu corredor é o mais quieto de todos, abro a porta e entro com cuidado, a luz baixa do quarto deixa-o mais sombrio, não há ninguém aqui com ele, Gilles está sozinho.
Me aproximo da sua cama e seguro sua mão. Um nó se forma na minha garganta ao vê-lo entubado e com vários aparelhos, pensei que ele estaria bem e não em um estado tão delicado.
Aperto sua mão e acaricio seus cabelos, seu rosto tem vários hematomas, olho para seus braços, eles têm várias marcas de agulhas e os furos estão arroxeados. Vendo-o assim me dá uma vontade absurda de chorar, eu não quero que ele morra.
Escuto alguém abrir a porta e olho para trás, Julie entra e sorri para mim. Ela se aproxima e para do outro lado de Gilles, alisa seus cabelos e suspira comprimindo seus lábios rosados.
— Sempre tive pena desse garoto. — Fala baixinho sem tirar os olhos dele. — De todos os anos que passou ao lado de Peter, ele sempre foi o mais perdido do trio. — Ela puxa a coberta para cobri-lo melhor. — Eu sempre observava ele à distância, Charlie também, apesar de toda essa briga de irmãos, Gilles nunca teve um amor de pai e mãe, diferente de Jimmy, que teve um pai que fazia de tudo por ele.
— Ele vai ficar bem? — Pergunto ainda segurando sua mão.
— Quem sabe? — Ela se senta na beira da cama e vira a palma da mão dele. — Se ele quiser acordar e enfrentar a vida, vai superar todos seus obstáculos e se tornará um grande homem, com um coração quebrado, porque o que fizeram com ele nunca terá cura. — Julie alisa a palma da mão de Gilles e sorri. — Ele e Peter serão grandes homens. — Murmura.
— V ocê vê o futuro? — Ela me olha e inclina a cabeça de lado.
— Eu vejo o que o destino me mostra, mas o futuro é incerto, pode mudar de uma hora para a outra. — Responde encarando Gilles. — Os pais dele não vieram.
— Eles sabem que ele está aqui? — Julie assente.
— Horas antes de tudo acontecer, Gilles foi em casa procurando Peter, disse que o pai dele o expulsou da casa. — Ela suspira e meneia a cabeça. — Tão triste ver que existem pais desse jeito, que desistem de lutar por seus filhos.
— Então quem está cuidando dele? — Julie me olha e sorri.
— Eu vou cuidar desse garoto. — Revela me surpreendendo. — Ele precisa de alguém do seu lado para conseguir superar todas essas dificuldades, ficarei encarregada disso.
— V ocê tem um belo coração.
— E você um belo pai. — Solto uma risada e fico olhando-a, enquanto levanta, pega um pano úmido e coloca na testa de Gilles.
— V ocê acha que ele vai querer acordar? — Ela balança a cabeça negativamente e me encara com um olhar triste.
— Vamos rezar para que sim. — Assinto e volto a olhar para Gilles.
— Meu sonho é vê-lo bem e longe das drogas. — Digo com minha voz trêmula e segurando as lágrimas.
— Seu sonho será realizado, vamos esperar o tempo dele, talvez Gilles só precise de um descanso.
— E quando ele acordar? — Umedeço meus lábios e acaricio sua mão.
— Eu e Peter estaremos aqui para ele.
— Gilles salvou o Peter? — Julie me olha e nega com a cabeça.
— Meu filho que o salvou.
Respiro fundo sentindo meu coração apertado, Peter é um herói, mesmo depois de tudo o que passou com Gilles, ele ainda perdoou e salvou seu primo, e por isso, ambos merecem o melhor dessa vida. Irei rezar e torcer para que Gilles acorde e vença todos os seus obstáculos, como um guerreiro que será a partir de hoje.
Julie começa a cantar, acredito que seja uma música cigana, escuto-a comovida com meu choro preso na garganta. O pai de Gilles fez tanta maldade com seu marido e ainda assim, escolheu cuidar do filho que ele abandonou. Seu coração é muito mais puro do que imaginei, só espero que Julie e sua família sejam felizes.
Saio do quarto sem fazer barulho, deixando-a cuidando e confortando Gilles, volto para o quarto de Peter, pois agora preciso cuidar do meu nerd e me despedir sem que perceba, porque mais cedo ou mais tarde irei embora, então vou aproveitar cada segundo que tenho com ele e esperar a palavra final do meu pai.
Por esse motivo que não quero pensar no ontem e nem no amanhã, apenas no agora, e o meu agora é Victor Mackenzie.

Apaixonada por um nerd (BABICTOR)💛🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora