capítulo 24📒

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Não consegui prestar atenção em nenhuma das aulas do primeiro horário, minha cabeça só tem a imagem de Mariana esmurrando ferozmente Gilles, ela estava irreconhecível, fiquei assustado ao vê-la em cima dele.

Não faço ideia do que aconteceu, ou o que a levou a fazer o que fez, mas se Mariana espancou aquele cara, alguma coisa ele aprontou. Cruzo minhas mãos e encaro a professora Darla sem entender uma única palavra.

Meu coração bate com força, sinto-o abafado e angustiado, porque aquele cara não vai deixar barato, sei do que é capaz, pois eu era da turma deles, vi e fiz coisas que abominariam qualquer pessoa.
Já assisti eles espancarem garotos sem terem feito nada, eu mesmo já bati em um por causa de Jimmy. Na época que eu queria ser aceito, eu fazia de tudo para que me incluíssem no trio, até mesmo dar avisos em forma de espancamento.

Tudo isso para que meus primos me aceitassem, que me incluíssem na turma, mas tudo o que fizeram foram me usar e me derrubar. Meu pai nunca se deu bem com Trump e Mirko, pai de Jimmy e Gilles, porque decidiu seguir uma cultura diferente, quis ganhar seu próprio dinheiro sem depender da herança de família, então meu avô e seus irmãos o deserdaram, papai seguiu com sua vida e conheceu minha mãe.

Anos depois ele tentou fazer as pazes, não teve muita aceitação, mas prometeram colaborar, mas mesmo que tentassem, não conseguiriam, pois tinha uma rivalidade entre os três. Papai ficava com pé atrás com minha amizade com os dois, tentava a todo custo aceitar, afinal, somos uma família.
Entretanto, tudo mudou quando eu comecei a seguir os passos de Jimmy e Gilles, aceitei pela primeira vez experimentar heroína de tanto que Gilles insistia. Ele usava, Jimmy de vez em quando, qual o mal de eu experimentar?

Foi o maior erro da minha vida, a sensação foi tão boa que eu usei uma segunda, terceira, quarta vez até não conseguir mais ficar longe, e foi quando meu pai descobriu que tudo desmoronou.
Nossa família se quebrou, virou um ringe de luta sem fim. Acusações, ameaças, brigas e até mesmo agressões, tudo por causa do filho drogado do hippie.

Depois do acidente, minha mãe me internou em uma clínica de reabilitação, fiquei trancado em tratamento durante seis intermináveis meses, consegui largar o vício, hoje não sinto um pingo de vontade e felizmente me afastei. Porém, a culpa ainda está em meu peito, porque se eu não estivesse drogado e pegado o carro, meu pai estaria vivo.

Respiro aliviado quando a aula acaba, não aguento mais ficar preso nessa sala, com pessoas cochichando o tempo todo sobre a briga de Mariana e Gilles. Infelizmente eu não poderei faltar a aula, pois tenho prova no segundo horário, só torço para que Mariana fique bem depois das broncas e provavelmente do castigo.
Coloco minha bandeja de comida na mesa e me sento, como sempre fico escutando piadinhas e ofensas direcionadas a mim, aquele trio fez um bom trabalho me excluindo e difamando

Sinto um olhar em mim, uma sensação incômoda e agonizante, olho para o lado encontrando com olhos amendoados. Não me lembro do seu nome, mas é a garota que caçou briga com Mariana no refeitório por causa do namorado, ela me encara com intensidade como se eu tivesse feito algo de errado, não dura muito tempo e logo desvia e volta a interagir com sua turma de meninas perfeitas.

Meneio a cabeça, esse colégio só tem um nome renomado, porque os alunos são todos estranhos, problemáticos e esquisitos. Abro a garrafinha de água e paraliso quando uma bandeja é colocada à minha frente.

— Oi! — Levanto a cabeça e fito o rosto machucado de Frankie. — Eu sei que não fui uma pessoa boa com você, então estou aqui para te pedir desculpas.
— Hã?

É isso mesmo que eu acabei de escutar? Estou congelado e surpreso, nunca em minha vida eu ouviria as desculpas de Frankie. Coloco minha garrafinha na mesa e recosto na cadeira erguendo uma sobrancelha, não dá para acreditar nisso!

Apaixonada por um nerd (BABICTOR)💛🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora