capítulo 48📒 victor, último 🥺

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Encaro a janela fixamente, com minha mente ainda em Barbara, na noite em que passamos juntos... nossa primeira e última noite juntos. Engulo o caroço na minha garganta, lembrando de quando ela parou o carro em frente à minha casa ainda essa manhã, nenhum de nós dois falamos nenhuma palavra, eu apenas desci e entrei em casa. Naquele momento não conseguiria olhá-la para dizer adeus.
Olho para o relógio e suspiro, daqui quatro horas ela embarca para o Brasil, meu coração não para de doer, está acelerado e apertado, estou perdendo a mulher que amo. Esfrego meu rosto, afastando as lágrimas que escorriam sem que eu percebesse.

Escuto uma batida na porta, mamãe abre em seguida e me olha devastada, ver seu filho sofrer deixa-a desesperada e sem chão. Ela suspira e encosta no batente da porta.
— Vá atrás dela, victor. — Diz, nego com a cabeça voltando a encarar o lado de fora pela janela.
— Não tem como ficarmos juntos, não quero fazer uma promessa que eu talvez não consiga cumpri-la.
Mamãe se aproxima, me abraça por trás e beija meu ombro. Seguro suas mãos e encosto minha cabeça na sua enquanto meu queixo treme por eu tentar segurar o choro.
— Ela é muito especial, não é? — Assinto mordendo meu lábio inferior.
— Mariana me mudou. — Julie me aperta mais forte.
— Eu vi...

— Não mãe. — Corto-a virando minha cabeça e beijando seu nariz com carinho. — Não quero saber o que as cartas te falaram em relação a mim e Barbara, não quero alimentar falsas esperanças.
— Julie suspira e encosta nas minhas costas.
— O destino sempre dá um jeito de unir pessoas destinadas a amar eternamente. — Ela se afasta e alisa minhas costas. — Se for seu destino, não importa os anos que passarem, ele há de unir vocês. — Mamãe enxuga minhas lágrimas, suspira e aponta para fora. — O mecânico que chamou está te esperando..

Respiro fundo me recompondo e acompanho Julie até ao lado de fora. Dorian me cumprimenta com alegria e o guio até a garagem, segurando a mão da minha mãe. Quando paro em frente a ela, meu coração acelera, porque chegou o momento de me livrar do passado para finalmente seguir em frente.
Empurro para cima a porta de metal da garagem, dou um passo à frente encarando o carro coberto, inclino e com impulso tiro o pano que cobre o Impala 62. Minhas mãos tremem ao relembrar tudo o que sofri achando que era eu o culpado pela morte do meu pai.

— Ele está um pouco destruído, mas ficará perfeito quando concertado. — Dorian se aproxima fascinado pela máquina.
— Cara, tem certeza que quer vender?! — Pergunta enquanto analisa o carro. — Isso aqui é uma relíquia! — Olho para mamãe que balança de leve a cabeça.
— Tenho certeza.
Dorian fica deslumbrando com o negócio que fez, o valor da venda não foi muito, até porque a frente do carro está destruída, mas vai nos ajudar a pagar algumas prestações de nossas dívidas.

Ajudo-o a colocar o carro no guincho e assisto o caminhão levando a paixão do meu pai embora, mas que durante os últimos três anos, foi o meu pesadelo. Mamãe beija meu rosto e me diz que fiz a escolha certa antes de voltar para casa.

Dorian caminha até seu carro, olho para o relógio no meu pulso, ainda faltam duas horas e meia para Barbara embarcar. Sinto um desespero me consumir, eu nem disse adeus a ela, apenas sai do carro sem falar nada, não vou suportar viver com esse peso.
— Ei, Dorian? — Ele olha para trás. — V ocê me levaria até o aeroporto de San Francisco? — Dorian franze as sobrancelhas, esperando que eu revele mais alguma coisa, mas fico calado e receoso de que recuse.

— Claro, entra aí. — Diz sorrindo, não perco tempo e entro no seu Camaro, uma verdadeira máquina, potente e veloz. — Não sei o que pretende fazer lá, mas deve ser importante. — Fala fazendo o carro gritar. — Então afivele o cinto amigo, que teremos uma viagem interessante.
Durante uma hora e meia viajamos pelas estradas, cortando cidades e ultrapassando carros em alta velocidade para chegar o mais rápido possível no aeroporto. Dorian estaciona o carro e eu saio correndo, demorou muito mais do que esperava, não levei em conta o congestionamento até aqui.
Olho no meu relógio, falta dez minutos para as seis da tarde, horário do embarque da Mariana.
Enquanto corro em busca do portão de embarque para o Brasil, esbarro em algumas pessoas e acabo derrubando malas no processo, mas não paro para ajudar e me desculpar, pois meu coração está desesperado.

Paro uma aeromoça e pergunto por qual caminho devo seguir, ela me orienta e educadamente agradeço, saindo correndo com a respiração falhando. Paro de uma vez e olho para cima, lá está o portão onde Mariana irá passar, diminuo meus passos e finalmente a vejo entregando sua passagem para a funcionária e entrando pelo portão.

— BARBARA... — Grito com os passos mais acelerados, ela olha para trás, assustada e com os olhos arregalados. Mariana larga a mala e vem em minha direção, abro os braços para recebê-la.
Fecho os meus olhos quando ela se encaixa em meus braços com o corpo trêmulo. Seguro-a mais apertado, sentindo seu calor e cheiro que tanto me persegue ao longo dos dias e das noites.
— victor... — Sussurra meu nome e se afasta me encarando com os olhos marejados. — O que faz aqui?

— Vim me despedir. — Digo segurando seu rosto, ela é tão linda e especial que não sei explicar o quanto a amo. — Porque eu não iria suportar viver sem te dar o último beijo.
Não espero ela falar, inclino e capturo sua boca com a minha, sentindo o seu sabor e o seu cheiro, enlaço sua cintura e colo seu corpo no meu, ansiando por mais uma noite igual à que passamos juntos, sentindo a pele um do outro, nos amando ao ar livre sem medo e ressalva.

Barbara retribui calorosamente, suas mãos agarram meus cabelos e quando sua língua roça o céu da minha boca, esqueço que estamos no aeroporto cheio de gente nos observando e com seus pais nos assistindo, porque nesse momento a única coisa que me importa é Mariana, aquela que mudou minha vida, me mostrando o significado de continuar lutando.
Sinto o gosto das lágrimas se misturando em nosso beijo ardente, afasto meus lábios dos dela ofegante e buscando por ar, encosto minha testa na sua e fecho meus olhos, me embriagando pela última vez com seu cheio e sabor.

— Todo ano... — Respiro fundo tentando controlar minha respiração acelerada.
Afasto minha testa para olhar em seu rosto, coloco uma mecha de seu cabelo atrás da sua orelha e fito seus olhos grandes e castanhos, ela suspira e morde os lábios trêmulos. Mariana se assusta quando anuncia que faltam cinco minutos para embarcarem, meu tempo acabou.
— Eu não vou te falar para me esperar, Mariana, porque eu não quero isso. — Digo respirando fundo e olhando fixamente para ela.

— Quero que viva sua vida intensamente, saia com amigos, namore e se divirta, aproveite cada oportunidade que tiver, permita-se se apaixonar, Mariana, mas nunca... em hipótese alguma me espere. — Ela abre a boca para falar, mas calo-a com um beijo na boca, afasto novamente. — E todos os anos, no dia primeiro de janeiro as duas da manhã, iremos nos falar, seja em ligação ou chamada de vídeo, namorando ou solteiros, iremos fazer isso.

— Certo! — Confirma com a voz trêmula e prestando atenção em cada palavra minha.
— Iremos contar tudo um para o outro, até mesmo se nos apaixonarmos por outra pessoa. — Ela assente e sorri de leve. — O destino sempre une pessoas destinadas a amar eternamente, e se esse for nosso destino, a vida irá nos unir novamente.
— Eu queria tanto poder te esperar... — Sussurra alisando meus cabelos.
— Mas não vai, quero que aproveite sua juventude. — Engulo em seco e roço meus lábios nos seus. — Seja muito feliz, Mariana Collins Vitalle.
— Seja muito feliz, Peter Mackenzie. — Mordo seu lábio inferior e abraço-a pela última vez.
— Eu te amo...

Ela se afasta com os olhos cheios de lágrimas, fica me encarando por alguns segundos, gravando-me em sua memória antes de virar e caminhar em direção ao portão de embarque. Sinto lágrimas escorrer por meu rosto, mas apesar dessa despedida, meu coração está aliviado, porque essa garota mudou minha vida e me deu esperanças de um futuro.

Barbara olha para trás, sorri com o rosto encharcado de lágrimas e passa pelo portão, deixando apenas saudades para trás e um homem eternamente grato e apaixonado. Deixo um gemido sair pela garganta, não vai ser fácil seguir em frente sem tê-la ao meu lado, sorrindo e me beijando todos os dias, mas eu sei que agora conseguirei vencer todos os meus desafios, estou pronto para enfrentar tudo o que a vida pretende me dar.
Viro de costas e caminho em direção à saída, com a certeza de que a partir de hoje, serei um novo homem, cheio de sonhos e objetivos para realizar e nada nesse mundo me fará parar até que eu os conquiste, em nome do meu pai e de Barbara, eu conquistarei uma nova vida.

Apaixonada por um nerd (BABICTOR)💛🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora