capítulo 44📒 Katie

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⚠️ desculpas pelos erros⚠️

Puxo meu pulso com raiva e ódio, mas a merda da algema me impede de me soltar e ainda espalha uma dor terrível pelo meu braço devido aos pontos que levei por causa da bala que o detetive me acertou.
Deito minha cabeça no travesseiro e fito o teto branco, barbara só veio para rir da minha cara, dizer o quanto sou uma fracassada e que nadei e nadei para morrer na praia. O assassino do meu pai continua vivo, sei que agora vai pagar pelo que fez na cadeia e não pelas minhas mãos, isso me deixa frustrada e com raiva.
EU NÃO SOU UMA PERDEDORA!
Inspiro fundo, preciso pensar em alguma coisa, um plano para me livrar, porque eu não vou viver o resto da minha vida presa em uma gaiola feito um animal, não vou!
Escuto alguém abrir a porta, Trump entra com dois policiais e se aproxima.
— Hora de ir, Katie. — Diz algemando minhas mãos antes de soltar a outra algema. — Já temos um lugar para você.
Respiro fundo e assinto me levantando da cama. Sou escoltada para fora por dois policiais e enquanto caminho pelos corredores, assisto minha vida passar como um filme em minha cabeça.
Sempre busquei algo para me completar, nada era suficiente e tudo era insignificante, apenas ele era tudo para mim, me fazia entender as coisas. Seu sorriso me vem à mente e sinto meu peito apertar.
Peter está certo, tudo o que papai me ensinou ficou esquecido, eu me tornei o que ele mais temia, um monstro, uma vergonha, um fracasso, mas não consigo me ver vivendo sem ele ao meu lado, esses três anos eu tive um único objetivo, ir atrás daqueles que mataram papai, fiz tudo o que podia e falhei.
E agora? O que eu faço agora?
Não tenho mais um rumo, não tenho mais o meu pai, tudo o que eu fiz não trouxe ele de volta, só me sinto ainda mais perdida, sem rumo, sozinha sem um caminho a seguir e sem conseguir sentir e entender nada.
Eu sou um perigo, isso eu não posso negar. Minha vontade de matar e torturar é maior do que qualquer coisa, como irei fazer para seguir em frente? Por que sou tão fria assim? Olho para as pessoas que passam nos corredores, elas me encaram com pena, horror e pavor, é monstruoso saber que uma garota de dezoito anos matou cruelmente mais de dez pessoas, que de um jeito ou de outro, poderiam ser os seus filhos.
Abaixo minha cabeça e observo minhas lágrimas caírem no chão, nunca chorei, mas porque estou chorando pela segunda vez? Queria tanto chamar meu pai e perguntar-lhe o porquê eu fiz o que fiz, queria saber o porquê de não conseguir sentir nada de amor no peito e porquê matar é tão ruim assim?
Levanto a cabeça e observo uma mulher abraçando outra, chorando nos braços dela ao lado de um corpo coberto por um pano, enquanto enfermeiros e médicos ficam um pouco distantes com a cabeça baixa.
Será que um dia alguém vai chorar por mim?
Paramos em frente ao elevador e o detetive aperta o botão para ele descer. Olho para a mão do policial à minha esquerda segurando meu braço e discretamente encaro o da minha direita que me soltou.
É a minha chance!
Sorrio friamente, respiro fundo enchendo meus pulmões de ar e com toda a força que eu tenho, piso no pé do policial à minha esquerda, que solta de imediato meu braço e grita de dor. Rotaciono meu corpo e com impulso, acerto o nariz do policial à minha direita, ele se inclina com um rosnado e leva a mão para estancar o sangramento. Trump se vira imediatamente, mas não é rápido o suficiente para desviar do meu chute em sua barriga.
Ele cai de joelhos com falta de ar, dou um passo para trás me preparando para correr, mas um dos policiais me puxa pela blusa, ergo minhas mãos entrelaçadas e com as algemas acerto a lateral de sua cabeça, fazendo-o cambalear para trás, aproveito e saio correndo, empurrando as pessoas que entravam em meu caminho.
— Pega ela seu idiota. — Escuto o detetive amaldiçoando, olho para trás e os vejo vindo atrás de mim, volto a olhar para frente, porém, não consigo desviar a tempo e bato na parede, caindo com tudo no chão.
Meu corpo inteiro dói com o impacto, minhas vistas escurecem, balanço a cabeça de um lado para o outro, não posso desmaiar e muito menos deixar que me peguem. Levanto com dificuldade, um dos policiais me alcança, mas impeço que me segure chutando e acertando no meio de suas pernas, rotaciono meu corpo e dou um chute em sua cabeça, fazendo com que caia tonto no chão, ele se contorce e geme.
V olto a olhar para frente e não espero que o detetive e o outro policial chegue muito perto, saio correndo, passo pelos corredores, escorrego, esbarro em algumas pessoas, mas não paro e muito menos deixo que cheguem perto de mim.
— KATIE... — O detetive grita com raiva. — É melhor você parar.
Não é melhor nada! Penso e entro em um corredor mais escuro e silencioso, avisto uma escada e com minhas mãos algemadas começo a subir, minha respiração está ofegante e já estou ficando cansada, entretanto, se eu parar será meu fim.
Um policial me alcança, o mesmo que machuquei o nariz, sinto suas mãos tentando me pegar pela blusa, mas viro com agilidade e empurro-o com toda minha força, ele cai e sai rolando escada abaixo, Trump me olha com os olhos arregalados e sorrio para ele, não espero por mais nenhum segundo e volto a subir as escadas.
Os anos na academia e em aulas de luta e defesa pessoal me ajudaram, não permitirei que me predam. Paro em frente a uma porta e torço para que esteja destrancada, ou então terei que enfrentar o detetive, que é mais alto e forte, não acho que teria essa vitória. Rodo a maçaneta e sorrio ao ver que está aberta, passo por ela e respiro o ar livre. Um vento forte bate em meu rosto, bagunçando meus cabelos, mostrando a liberdade que estou prestes a perder.
— Estou no terraço. — Sussurro andando até a beirada, me inclino na mureta e olho para baixo. — OIIII... — Grito e solto uma risada escutando os ecos da minha voz.
As pessoas e carros estão em miniatura, tão insignificantes aqui de cima. Escuto o detetive passar pela porta e sem perder tempo, subo a mureta com um pouco de dificuldade, fico em pé sentindo o vento no meu rosto e olho novamente para baixo.
É tão alto que se eu cair não há possibilidades de que eu sobreviva. Seria uma cena grotesca.
Sorrio ao me sentir invencível, é até engraçado ver no que me tornei, uma Serial Killer, perigosa e temida por muitos. É legal... Fecho meus olhos e sinto meu rosto molhado, apesar tudo, eu não quero viver sendo um mostro, mas o pior é que não quero viver sem saber como será o meu amanhã, isso é tão assustador!
Eu não tenho mãe, perdi minha amiga... não tenho pai. Estou tão sozinha nesse mundo assustador que não me entende, que todas às vezes que penso nisso, fico ainda mais apavora.
— KATIE... — Abro os olhos ao escutar a voz de Trump. — Desce daí! O que você está fazendo? — Me viro com cuidado, ficando de costas para o abismo e encaro o detetive.
— Eu não vou ficar presa. — Digo com a voz trêmula. — Eu quero meu pai. — Sussurro através dos soluços.
— Ei garota... — Trump dá um passo à frente. — Desce e vamos conversar, ok? — Nego com a cabeça.
— Quero ser livre, quero sentir...
— Sentir o quê? — Pergunta com uma voz doce.
— Amor... — Falo chegando mais perto da beirada.
— Podemos te ajudar. — Balanço minha cabeça e encaro seu rosto apavorado e preocupado do detetive.
— Ninguém pode me ajudar. — Digo e respiro fundo. — O único que poderia está morto.
— Katie... — Olho para ele através das lágrimas.
— Ninguém consegue me entender...
— Podemos tentar. — Nego com a cabeça. — V ocê falou que não sente amor, mas o que sente ao pensar no seu pai? — Fico olhando para ele e refletindo sobre sua pergunta.
— Meu peito dói. — Digo meneando a cabeça. — Sinto um nó na minha garganta.
— Isso se chama saudade. — Franzo a testa sem entender. — É quando você ama alguém e fica longe dela, você sente saudade, o peito aperta e esse nó na garganta é tristeza.
— Amar?
— Sim, você ama seu pai, Katie, tenho certeza que quando você estava com ele, você sentia seu peito acelerar, ficava alegre e ansiosa para vê-lo novamente, sempre com um sentimento de nunca querer largar dele, estou certo? — Balanço minha cabeça positivamente, solto um soluço, porque era assim que sentia quando eu tinha meu pai. — Então querida, você sente amor. Isso é amor.
Será que é isso mesmo?
Engulo em seco e olho para baixo, para as pessoas e carros em miniatura, mas do que adianta eu amar alguém que morreu? Que não está aqui comigo? Porque eu tenho certeza que nunca serei capaz de amar outra vez. Onde será que papai está? Olho para cima, fitando o céu azul.
— Trump? — Abaixo a cabeça, olho para seu rosto escorrendo suor, ele meneia a cabeça. — V ocê acredita que existe o céu? Aonde dizem que pessoas boas vão?
— Sim, eu acredito! — Responde chegando mais perto com cuidado.
— V ocê acha que meu pai foi para o céu?
— Ele foi um homem bom, não foi? — Sorrio ao lembrar do seu rosto alegre e de como era carinhoso comigo.
— Foi...
— Então sim. — Soluço sentindo meu coração doer.
— Se eu morrer, eu vou para o céu? — Olho para ele através das lágrimas, vejo-o congelar, seu olhar vacila antes de responder.
— Acho que sim, você não é má, apenas errou. — Diz com a voz calma, sorrio e inspiro.
— Não quero viver como um monstro.
— Venha, desce, podemos te ajudar querida. — Nego com a cabeça, ninguém pode me ajudar.
— V ou me encontrar com meu pai no céu. — Digo dando mais um passo curto para trás. — Eu não quero viver sozinha...
— V ocê nã...
Fecho meus olhos e quando sinto o vento tocar meu rosto, me jogo do alto do prédio, escuto Trump me gritar, mas a única coisa que eu vejo é meu pai e me sinto feliz porque estarei em seus braços daqui a pouco. Abro os olhos pela última vez e vejo o céu azul me dizendo que nunca mais viverei sozinha, que nunca mais serei um monstro e que meu pai me espera...

Apaixonada por um nerd (BABICTOR)💛🥀Onde histórias criam vida. Descubra agora