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Eu sabia que isso tinha uma chance mínima de ter uma ligação, tento abrir a porta com o canivete suíço do JJ, mas falho miseravelmente, me assusto ao vê-lo chegando correndo perto de mim.

-Me dá que eu abro -entrego o canivete ao JJ- Pode me dizer o que está rolando? -ele perguntou abrindo a porta facilmente.

-Eu sei que isso parece ser loucura... mas lembra que eu te falei, que quando eu era pequena eu tinha um amigo imaginário chamado Johnny?... Ai não, vamos olhar lá encima -disse puxando o JJ para subir as escadas comigo.

-Lembro... e daí? -ele pergunta.

-E dai que eu acabei de ver uma foto do John B pequeno, e eu posso jurar que é o rosto do Johnny... sabe... eu não me dei conta do pai dele o chamar de Johnny, inicialmente eu só achei que era uma coincidência bizarra...

-Mas não tem como saber... tipo... você tinha o que? Três anos? Acho que isso é humanamente impossível, sem contar que é imaginário, esse tal Johnny pode ser literalmente qualquer criança nessa idade... todas as crianças são literalmente iguais e assustadoras -JJ dizia o que parecia óbvio.

-Mas não explica ele sentado naquele sofá -chegando no andar de cima, havia um corredor com três portas.

-O que estamos procurando? -ele perguntou ao ver as portas.

-Eu não sei... mas acho que vou saber quando ver -digo abrindo a primeira porta, e era um quarto de casal, tinha um guarda roupas de madeira antigo e uma cama de casal, perfeitamente forrada, uma escrivaninha com gavetas, olhamos e não tinha nada de mais, fomos ao segundo quarto e estava completamente vazio, havia marcas nas paredes do que pareciam ser quadros e prateleiras, a julgar pelo papel de parede era o quarto de alguma criança, e então fomos ao terceiro quarto, era um pouco maior do que o segundo, pouca coisa, mas nesse havia... brinquedos? Bonecas sentas em prateleiras na parede, carrinhos e barquinhos em outra prateleira, tinha um baú com alguns livros infantis, brinquedos de montar e de encaixe educativo, e alguns ursos amontoados no canto do quarto, e uma parte chão era de emborrachado com letras e números.

-Ok agora começou a fica realmente bizarro... essas coisas me dão calafrios -JJ dizia mexendo nos brinquedos.

-Você tem medo de brinquedos?

-Tenho medo de crianças, elas são assustadoras -ele disse fingindo se arrepiar.

-É você já disse isso -olho em volta e percebo uma cômoda grande branca, olho em suas gavetas e tinham mais brinquedos, percebo que no chão de madeira havia uns riscos como se essa cômoda fora arrastada várias vezes.

-Me ajuda aqui -digo e JJ me ajuda arrastar o móvel, inicialmente não tinha nada de estranho, até o JJ pisar numa parte solta do piso, ele  abaixou e tirou a três tábuas soltas do chão, revelando uma caixa ele me olha e eu aceno de forma positiva para que ele pagasse a caixa, era estranho, porque foi muito fácil acha-lá, como se foi posta lá de propósito a julgar por não parecer tão velho assim.

Nos sentamos no chão na parte que havia emborrachado, e assim, o JJ abre a caixa revelando o conteúdo de dentro, havia algumas fotos.

-Ué... esse é o John B... mas eu não sei quem é essa mulher aqui -ele vira uma das fotos em minha direção e meu coração quase para ao ver o rosto dela, era tão lindo, leve e sorridente... a minha mãe com o John B no colo, olho atrás da foto e la estava a letra dela mais uma vez “meu pequeno Johnny”, olho pro JJ e o mesmo está pálido olhando uma foto, até que ele a vira pra mim... e era eu, mamãe, John B e o pai dele, sinto uma pontada no coração isso não pode ser o que eu estou imaginando que é, ele vira a foto me mostrando o que havia escrito “Para vovó e vovô, dois aninhos dos nossos gêmeos”.

-Isso é impossível... sou eu -sinto as lágrimas caírem sem controle dos meus olhos.

-Mas esse aqui é o John B... e está escrito gêmeos... isso é impossível, vocês não são nem um pouco parecidos -dizia JJ incrédulo.

-Gêmeos bivitelinos... não... não são necessariamente parecidos, isso explicaria a falta de semelhança -explico ainda estando em completo estado choque, eu e o John B passamos de falsos primos para irmãos gêmeos? A minha cabeça parecia girar com toda essa informação chegando de uma vez só para ser processada, havia mais fotos, mamãe grávida e o pai do John B beijando a barriga dela... eles pareciam tão felizes, o que não faz sentido algum eles terem abandonado um ao outro e separado os filhos.

Sinto uma onda quente tomando meu corpo e o ar some dos meus pulmões, eu comecei a chorar compulsivamente, e o coração acelerado como se fosse sair do meu peito.

-Eu preciso... eu preciso -digo saindo correndo pra fora da casa sentando na grama do jardim tentando respirar, cair na real de que a agora supostamente eu tenho um pai morto... ele não só nos abandonou ele estava morto.


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Obrigada por ler até aqui.
Bjs, -M🦋

SOME LIES. obxOnde histórias criam vida. Descubra agora