Chichi caminhou pela trilha escura do jardim do conde até um pequeno bosque que havia por ali, tento como luz apenas o brilho da lua e das estrelas.
Conforme seus passos se adiantavam, mais o som aumentava em sua audição.
Os animais faziam seus barulhos noturnos: os sapos coaxavam, uma coruja entre as árvores piava, os grilos estridulavam ...
A morta-viva podia ouvir todos esses sons mesclados entrando em seus ouvidos, mas nada captava mais sua atenção que aquele barulho em particular, era algo que ela não podia descrever, pois não parecia com o som de nenhum animal, ao menos não um som comum feito por eles.
Seus pés descalços caminhavam lentamente entre a grama molhada e a terra fofa. Ignorando a sujeira que aquilo faria em seus dedos e indo em direção ao barulho peculiar.
Conforme se aproximava, mais nítido o som ficava, e como consequência, mais forte seu coração batia.
Ao adentrar entre algumas árvores, Chichi começou a desviar de alguns galhos que apareciam por seu caminho, e justamente quando foi tirar um desses galhos da frente de sua visão que ela pôde contemplar o que era aquele barulho que escutava.
De quatro, perto de uma pequena lagoa, estava um lobisomem dos pelos negros como a noite sombria. Com os dentes e as garras afiadas, ele segurava sua presa, que agora não passava de uma carcaça sem peles e membros.
Ele lambia e tentava tirar o que ainda havia de carne daqueles restos mortais. De sua garganta saia um pequeno rosnar enquanto sua língua fazia o barulho que havia chamado a atenção de Chichi.
Chichi, horrorizada com a cena cruel que presenciava, levou a mão na boca e desviou o olhar. Por um milésimo de segundo pensou ser Kakarotto, mas percebera assim que desviou o olhar do alimento daquele monstro, que aquele lobisomem era diferente, a cor de seus pelos, o tamanho um tanto maior, e até mesmo os cabelos cumpridos que desciam para abaixo da cintura. Na posição que se encontrava, Chichi não conseguia ver com nitidez a face do monstro, mas apenas com os pequenos detalhes que podia observar, ela sabia que se tratava de outro lobisomem, e não de Kakarotto.
Sem conseguir resistir, Chichi novamente olhou para a carcaça, e seu coração quase veio a boca ao perceber que o alimento daquele lobisomem era humano, de uma criança para ser mais exato, o formato e o tamanho não era de um adulto, não poderia ser.
Sentindo uma lágrima descer em seu olho direito, Chichi inspirou profundamente, tentando apaziguar o choro que estava querendo vir. O barulho aparentemente sútil chamou a atenção de quem não deveria.
O lobisomem preto, parou de comer a carcaça e virou-se para o barulho que lhe captou a atenção. Fazendo assim, Chichi finalmente poder ver o rosto daquela besta.
Como Kakarotto, o lobisomem à sua frente tinha detalhes humanos em sua face, exceto é claro, pela quantidade absurda de pelos, e também pelas presas animalescas.
O sangue em sua boca junto de sua expressão carregada, trazia a Chichi um medo que jamais sentira na presença de Kakarotto. Aquele de fato era um lobisomem cruel e sanguinário. Seus olhos com contornos pretos eram carregados de um ódio inabalável, as pupilas dilatadas de uma frieza dolorida.
Chichi deu um passo para atrás, com os olhos arregalados e os joelhos trêmulos. O medo a consumiu de uma forma estonteante. O que era no mínimo hilário, vendo que ela mesma tratava-se de um monstro, talvez até mesmo um pior que aquele diante dela, mas como dizer isso para o seu coração acelerado que as batidas se igualavam com de uma donzela em perigo.
A fera ergueu-se mostrando seu tamanho, os músculos por debaixo dos pelos eram visíveis, o que era integrante.
Chichi queria correr, se esconder, entrar dentro da terra e ser acolhida de seu temor. Mas suas forças se foram e ela se indagava interiormente aonde estava sua coragem. Por Deus, ela seria estraçalhada como aquela criança que agora não passava de uma carcaça. Entretanto, por que ela estava com medo? Não passava de uma morta-viva, nada mais poderia machuca-la.
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A Caçadora de Monstros
FanfictionEssa história se passou em 1830. Bulma era apaixonada por um Vampiro, mas ele partiu seu coração e ela se fechou para o amor. Jurando nunca mais se entregar a ninguém, e após acabar com o vampiro que a usou, Bulma foi embora de sua terra natal e dec...