Capítulo trinta e sete

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Deitada naqueles lençóis macios de seda, Bulma não conseguia pregar o olho, muito diferente do conde, que em certo momento, após toma-la de todas as formas possíveis e em cada canto daquele quarto, simplesmente fechou os olhos e entrou em seu transe do sono.

Mesmo agora ela sabendo do porquê do sol não feri-la como os outros vampiros que conheceu, graças a explicação de Lunch, ainda era intrigante ela não ter em nenhum momento do dia ou da noite um momento de “transe do sono”, afinal todos os vampiros carregavam essa condição por sua imortalidade, mas Bulma tinha o poder de escolha sobre isso, ela dormia e acordava a hora que quisesse.

E sua escolha agora era manter-se acordada, deitada ao lado de Vegeta para olha-lo dormir. Ficou ali, observando ele de olhos fechados por vários e vários minutos. Bulma não pensava em nada enquanto analisava o rosto másculo em sono profundo.

Era estranho sua admiração, era quase uma devoção que sentia por aquele monstro sem alma e sem coração. Poderia ficar ali por horas, por dias, talvez por anos olhando ele dormir sem se cansar.

Em certo momento de sua obsessão em olhar para o conde, um estalo acertou em cheio a cabeça e o coração de Bulma, como se um choque de realidade a trouxesse de volta para a atual existência na qual vivia.

Ela deveria mata-lo, arranjar uma forma de quebrar as correntes que a prendiam à ele e destruí-lo. Essa era sua missão, ser uma caçadora de monstros era o que a motivava a levantar da cama todos os dias.

Mas agora tudo mudou e Bulma não sabia mais que caminho seguir. Enquanto esteve nos braços do conde, ela não conseguia pensar em nada além do prazer e da satisfação que sentia em estar naquela posição de “objeto sexual”. Só que esse momento satisfatório havia terminado, e a realidade voltava para assombra-la.

O que ela era? Que caminho deveria seguir agora?

Isso sem falar que Bulma não sabia o que de fato era real no seu querer, sua submissão com Vegeta a confundia, afinal, nunca saberia de verdade se tudo que fizesse ou decidisse seria de sua vontade ou somente circunstâncias da sua obediência para com seu mestre e criador.

Suspirando pesadamente, Bulma levantou-se da cama, colocou o robe preto que estava jogado em meio a poltrona e saiu porta a fora.

Precisa respirar ar puro, sair de perto de Vegeta e pensar no que iria fazer de sua vida agora. Ela necessitava espairecer a mente.

Seguiu o caminho do corredor sem olhar para trás.

*****

Chichi ficou agarrada aos braços de Kakarotto até seu coração se acalmar. Ela precisava senti-lo perto dela, seu calor, seu cheiro. Tudo para ter certeza que aquilo era real, que o pesadelo acabou e a realidade era aquela, na qual ela sabia que não era perfeita, mas ao menos Kakarotto não estava morto nela.

Kakarotto por sua vez resolveu ficar em silêncio até Chichi se acalmar, suas mãos seguravam com firmeza as costas dela. Ele sentia os cabelos sedosos em seus dedos, o perfume inebriante que entrava em suas narinas, a respiração descompensada e quente dela em seu peito. Por Deus, era tão difícil segurar seu lado animal e não toma-la naquele momento, ela estava tão perto, tão vulnerável...

Mas não, por mais que desejasse isso, por mais que seu corpo implorava por invadir as partes femininas dela, Kakarotto não podia se portar como um animal e ceder aos instintos. Ele já cometera tantos erros, fazer amor com Chichi estando ela tão frágil sentimentalmente seria seu mais terrível erro.

Por isso, quando Chichi se aconchegou com mais fervor para perto dele, aproximando assim sua boca do pescoço dele de uma maneira não intencional, Kakarotto optou por se afastar dela, era o mais racional a se fazer naquele momento, concluiu.

Chichi, ainda um pouco trêmula, olhou para Kakarotto que se levantava da cama após afasta-la com delicadeza de seus braços.

Ela não conseguiu dizer nada de imediato, mas sua mente gritava para ele não se afastar, para voltar a abraça-la.

- Eu... – Limpando a garganta Kakarotto falou antes de voltar a olhar para Chichi. – Me perdoe por entrar no quarto, eu não pretendia acorda-la, mas vi que estava tendo um pesadelo e eu...

- Não precisa se desculpar – Chichi logo o interrompeu. – Eu agradeço por ter me acordado.

Erguendo o olhar um tanto melancólico, Kakarotto colocou suas mãos no bolso da calça de uma maneira bem masculina. Parecia um movimento comum, mas ele apenas o fizera para não ter o risco de levar suas mãos em direção a Chichi. Ele se segurava para não toca-la, abraça-la novamente.

Novamente aquele silêncio enlouquecedor e vergonhoso voltou a reinar entre os dois, mas dessa vez os olhos não desviavam, era como um ímã que os atraia e os mantinham paralisados naquela olhada cheia de promessas e sentimentos.

Kakarotto mal podia se segurar com a forma que Chichi o olhava, era como se os olhos dela implorassem para ele voltar a aproximar-se dela e toma-la da maneira mais primitiva possível.

Enquanto para Chichi era difícil recompor-se de seus depravados pensamentos, Kakarotto sempre foi muito atraente para ela, desde a primeira vez que o vira, e agora, estando tão perto dela, naquela pose máscula e olhando-a como um animal no cio, era difícil não ter sentimentos pecaminosos.

Mas então, como se a áurea de luxúria fosse quebrada, Chichi lembrou-se de seu pesadelo, da bala atravessando o peito de Kakarotto, da lápide com as palavras cruéis, e claro, do seu desespero enquanto afundava as unhas naquele terra enlameada. E então, novamente a dor tomou conta dela e isso transpareceu em seu semblante e em seus olhos brilhantes.

Kakarotto, sendo quem era, percebeu imediatamente a mudança em Chichi. Cada sinal de seu corpo mostrava que agora ela estava tudo, menos luxuriosa, e essa mudança drástica fizera ele novamente se retrair de seus desejos e pensamentos, o afastando mais dela e virando-lhe as costas.

Caminhou pelo quarto até uma cômoda que havia no canto esquerdo, e pegou a bandeja de prata que estava sobreposto nela.

Chichi, mesmo melancólica e confusa em seus sentimentos ao pensar no seu pesadelo, observou em silêncio Kakarotto ir até aquela parte do quarto e pegar a bandeja que até então ela não tinha reparado estar ali.

Virando-se para ela, Kakarotto caminhou até chegar novamente próximo de Chichi, colocando a bandeja no criado-mudo que havia bem ao lado da cama.

Chichi desviou os olhos de Kakarotto e olhou para a bandeja, vendo que nela havia um prato com algumas frutas cortadas, e ao seu lado uma pequena tigela com um tipo de mingau caramelado.

O cheiro adocicado encheu a boca de Chichi de saliva, ela não imaginava que estava com tanta fome até ver aquela pequena refeição que aparentemente foi feita com muito carinho.

- Eu só vim até aqui porque imaginei que você acordaria com fome, então preparei isso pra você.

Chichi, ainda sentada na cama, desviou o olhar da bandeja e olhou para Kakarotto, ela não sabia o que dizer à ele, seu coração parecia sentir uma espécie de amor com dor que ela não sabia se chorava ou gargalhava.

- Eu ia deixar a bandeja aí e ia sair daqui sem incomoda-la – Kakarotto começou a se explicar novamente quando viu a expressão meio confusa de Chichi.  – Mas como você começou a gritar e a se contorcer na cama, eu precisei acorda-la.

Chichi ainda não conseguiu dizer nada, estava paralisada diante da delicadeza de Kakarotto misturada com seu pesadelo, as duas coisas se fundindo em sua mente de uma maneira que nem ela entendia. E tudo isso acontecendo enquanto aquela mesma frase voltava a gritar em sua mente:

O que você faria se eu tivesse dado minha vida pela sua e você pudesse me trazer de volta?

Kakarotto, completamente desconfortável com o silêncio de Chichi, abaixou a cabeça e caminhou até porta enquanto dizia:

- Me desculpe a invasão mais uma vez, como eu disse antes, não quero vê-la triste.

Chichi, vendo que Kakarotto ia sair do quarto, levantou da cama abruptamente.

- Espere, Kakarotto – disse ela um tanto desesperada. – Você não precisa se desculpar, eu... eu...

Chichi não conseguia completar a frase porque não sabia exatamente o que dizer. Estava confusa, com os sentimentos frágeis.

Kakarotto deu um sorriso triste.

- Você não precisa ser educada comigo. – Ele pegou no trinco e abriu a porta.

O lobisomem estava certo de que ela só estava querendo ser gentil com ele e não que ela realmente tivesse algo sério a lhe dizer.

Chichi suspirou pesadamente, com os ombros caídos, fraca demais até mesmo para dizer que não era educação o que a fazia tentar impedir Kakarotto de sair do quarto.

- Obrigado pela refeição que trouxe para mim. – Foi tudo que ela conseguiu dizer.
Kakarotto apenas acenou com a cabeça com um sorriso desolado e saiu porta a fora.

Chichi praticamente caiu sentada na cama, sentindo o peso do mundo em seus ombros.

Olhou para a bandeja novamente e suspirou. Decidiu que comeria, afinal estava com fome, quem sabe assim conseguiria decidir o que realmente queria e faria de sua vida agora.

Enquanto mastigava as frutas doces e frescas, cortadas em pedaços pequenos, tentava não pensar no seu pesadelo, mas sim no gesto de Kakarotto em cortar aquelas frutas especialmente para ela. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

*****

Remo estava sentado próximo a lareira olhando a madeira estralar em meio ao fogo. Esperava calmamente Chirai descer junto de Broly para conversar com ela, afinal, precisava se desculpar com sua irmã, pois agora percebia que havia exagerado em sua proteção para com ela.

Ficou ali, sentado em silêncio por minutos, talvez por horas, ele não saberia dizer ao certo, pois estava distraído em seus pensamentos. Apenas saiu daquele tipo de paralisia, quando escutou os passos vindo da escada.

Chirai descia devagar os degraus, estava um tanto apreensiva com aquele reencontro com seu irmão, havia se enrolado um pouco, ficando com Broly depois daquele pedido maravilhoso de casamento, mas sabia que precisava conversar com Remo.

Broly havia decido por ficar no quarto e dar privacidade aos irmãos, por mais que Chirai tivesse praticamente implorado para descer junto dela – para tornar as coisas mais fáceis – mas ele havia insistido para ela enfrentar aquilo sozinha, pois era uma conversa particular.

Por isso, Chirai descia tão lentamente aquela escada, pensando a cada passo que dava em voltar correndo para o quarto e evitar aquele constrangimento todo.

Remo, por sua vez, levantou-se e caminhou até próximo da escada e ficou esperando Chirai descer com toda a paciência do mundo.

Porém, assim que os olhares dos irmãos se cruzaram e Remo deu aquele sorriso sem jeito, Chirai perdeu todo o medo e correu até o fim da escada, abraçando o irmão que tanto amava. Era estranho como não era preciso dizer nenhuma palavra para o perdão existir e eles voltarem a se falar, mas pensando bem, isso é coisa de irmãos mesmo.

- Me desculpa, irmãzinha. – De qualquer forma pediu Remo com Chirai grudada em seu pescoço. – Eu sei que errei, mas juro que foi acreditando fazer para o seu bem.

- Eu sei, seu idiota – Sussurrou Chirai chorosa. – Se fosse o contrário provavelmente teria feito o mesmo.

Afastando-se, mas ainda segurando a mão um do outro, Remo continuou:

- Você é a única família que eu tenho... É tudo que eu tenho. – A voz dele saiu sentimental. – Eu só queria te proteger, mas isso quase custou sua felicidade.

- Ainda bem que você percebeu a tempo o seu erro. – Chirai deu uma risadinha meio sem graça. – Mas você é meu irmão, é minha família também. É claro que eu perdoo você.

- Perdoa mesmo? – Remo fez um biquinho digno de uma criança fofinha.

- Com uma condição – Chirai não se aguentava de expectativa.

- Qual? – Remo mostrou-se preocupado.

- Que você seja meu padrinho de casamento.

Remo arregalou os olhos, mas em sua boca já se formava um sorriso enorme.

*****

Após terminar a refeição, Chichi não conseguia se aguentar de tanta ansiedade. Ela não sabia exatamente o porque de estar daquele jeito, mas se sentia ansiosa de qualquer forma.

Não conseguia ficar sentada, nem parada, andava de um lado para o outro naquele quarto que a cada minuto parecia mais e mais pequeno e opressor. Isso sem falar que não conseguia focar-se em uma única coisa para pensar. Pensava em seu pesadelo, pensava em Bulma, pensava em Kakarotto. Sua cabeça parecia que ia explodir, e a agonia não a deixava em paz.

Frustrada e com medo daquela ansiedade se tornar raiva e ela perder o controle do seu lado monstruoso, Chichi decidiu por sair daquele quarto e respirar ar puro. Precisava espairecer a mente, acalmar seus pensamentos e manter seus sentimentos em sintonia com a paz.

Abriu a porta do quarto saindo para fora, caminhando pelo corredor enquanto tentava se lembrar qual caminho seguir para achar a saída. Era estranho como aquele castelo as vezes parecia um labirinto.

Ela não sabia exatamente para onde estava indo, mas desejava em seu íntimo encontrar Kakarotto, apenas não admitia.

Andou enquanto sentia a angústia apaziguando aos poucos, o que a aliviava, tanto fisicamente quanto mentalmente.

Antes que pudesse perceber conseguiu encontrar a porta de saída, saindo assim para a fora e sentindo o ar puro entrar em seus pulmões. Constatou naquele momento que o castelo do conde era um lugar sobrecarregado de energias negativas e por isso se sentia tão mal lá dentro.

Desceu os degraus em frente a entrada, olhando o céu azul. Estava um dia agradável, mesmo com o vento frio que sobrava em sua pele.

Chichi estava tão distraída com o clima e com aquele céu bonito, que não percebeu de imediato que no jardim – que não estava exatamente na sua melhor condição – encontrava-se outra pessoa.

Quando finalmente desviou os olhos do céu, e olhou para frente, percebera que não estava sozinha.

- Bulma! – Exclamou ela num grito empolgado ao ver os cabelos azuis voando em meio ao vento.

Bulma, que estava virada de costas para a entrada do castelo, olhando a roseira morta afundada naquele jardim deprimente enquanto sentia um pouco do sol aquecer seu corpo, virou-se bruscamente ao ouvir a voz de Chichi.

- Chichi? – A voz de Bulma saiu tão surpresa quanto poderia. – O que você está fazendo aqui?

Não ouve resposta, Chichi apenas ergueu a barra da camisola que ainda usava desde que saiu do chalé de Lunch e correu em direção a Bulma, a abraçando com carinho.

Bulma, mesmo ainda surpresa por Chichi estar ali, retribuiu o abraço com o mesmo afeto e carinho.

Ficaram ali, por alguns segundos, abraçando-se afetuosamente, enquanto o sol e o vento se misturavam de uma maneira harmônica na pele de ambas.

- Não posso acreditar que você está aqui – sussurrou Bulma com a voz um tanto emotiva. – Você veio mesmo atrás de mim!

- Eu disse que viria, Bulma. – A voz de Chichi estava tão emocionada quando a da vampira. – Disse que a protegeria dele.

Ao ouvir o fim da frase, Bulma apertou Chichi com mais força, como se quisesse se proteger nos braços da morta-viva.

- Me proteger do Conde enquanto se arrisca em encontrar o lobisomem – constatou Bulma já com os olhos cheios de lágrimas. – Age como se fosse minha irmã, Chichi.

Chichi se afastou, sentindo o peso daquelas palavras que ao mesmo tempo que alegravam seu coração, o partia.

- Precisamos conversar! – Ambas exclamaram em uníssono, fazendo um pouco da melancolia ir e em seu lugar deixar o riso, por elas terem dito aquelas palavras ao mesmo tempo.

Certamente havia muita coisa a ser dita, mas o que elas mais desejavam naquele momento eram concelhos, vendo que ambas estavam confusas, e não sabiam o que decidir de suas vidas.

O destino havia sido generoso por tê-las colocado frente a frente justamente no momento de maior frustração que passavam, não podia ser apenas coincidência elas terem se encontrado naquele jardim deprimente antes de tomarem uma decisão do que queriam de verdade. Chichi e Bulma tinham uma ligação.

Começaram a falar dos acontecimentos desde que chegaram ao castelo do conde, cada uma falando sua versão detalhadamente, misturando as histórias e a tornando uma só. Enquanto isso, a tarde caia na Transilvânia, era estranho como o tempo passava rápido enquanto a conversa fluía.

*****

O Sol estava quase se pondo, deixando o céu alaranjado e aquele fim de tarde aconchegante e inspirador.

Chirai, que saia da torre com seu vestido branco bordado junto de algumas flores na cabeça, suspirou apaixonada ao ver aquele céu tão bonito. Era como se o universo abençoasse aquele momento que estava para acontecer.

Caminhou lentamente até o jardim, sentindo a grama molhada e macia em seus pés descasos enquanto a barra de seu vestido relava no chão.

Remo, que estava no meio do caminho, deixou uma lágrima cair ao ver Chirai tão bonita daquele jeito. Os cabelos transados junto das flores a fazia parecer – e muito – com sua mãe.

- Por favor, não chore – pediu Chirai com a voz embargada quando o irmão entrelaçou o braço ao dela. – É um dia para sorrir.

- As lágrimas também podem aparecer em momentos de alegria, minha irmã – Remo disse olhando para frente. – Aliás, você está linda.

Chirai sorriu, suspirando um tanto trêmula quando o irmão começou a conduzi-la para o tão desejado jardim. A parte da entrada da torre não permitia ela ter a visão do jardim   aonde ela iria selar seu casamento com Broly, vendo que ele ficava na lateral da torre.

Não demorou para ela chegar ao seu destino, poucos passos e já estava diante dele, e assim que seus olhos viram a imagem exuberante, seu coração estremeceu assim como seus joelhos, que ela implorou aos céus para não cederem.

Diante de seus olhos, o jardim, antes sem muito glamour, agora estava repleto de flores, de várias cores e tipos, formando um corredor do qual ela deveria passar, e ao fim dele estava o homem de sua vida, Broly, vestido igualmente de branco, com as mãos atrás das costas. Os pés dele também estavam descasos e o sorriso que ele lhe lançava era de uma ternura que aquecia sua alma.

Conforme ela caminhava em direção ao seu amado, mais seu coração batia, cada vez mais rápido, cada vez mais emocionado. Uma felicidade preenchia seu ser de uma maneira que Chirai acreditava que se morresse naquele momento, morreria de alegria.

Broly não se sentia diferente, apertava suas mãos que ainda estavam em suas costas, sentindo uma adrenalina gostosa passar como uma corrente elétrica em seus músculos. Chirai estava tão linda, tão feminina. O vestido branco contornava as curvas dela de uma maneira que fazia a pele de Broly se arrepiar, e seu arrepio não era de frio. Ela parecia caminhar em câmera lenta em sua direção, como se flutuasse como um anjo para os seus braços.

Assim que ficaram um de frente para o outro, Remo estendeu a mão de sua irmã para Broly, que a segurou prontamente.

- Estou te confiando meu maior tesouro, Broly – disse ele.

- Cuidarei dela, cunhado – retrucou Broly com um sorriso.

Remo pareceu satisfeito com a promessa, então, se afastou, deixando ambos terem espaço para fazerem o que desejavam.

Ficando um de frente para o outro, entrelaçaram as mãos enquanto a brisa da tarde acariciava o rosto de ambos.

Broly olhou de uma maneira tão apaixonada para Chirai, que ela teve o ímpeto de desviar o olhar por conta da vergonha, mas logo percebeu que não tinha o porquê de se sentir envergonhada, então, reuniu toda a coragem que possuía e o olhou da mesma forma que Broly a olhava.

- Você está linda – disse ele com a voz rouca e afetuosa.

- Obrigado! – Chirai mordeu o lábio delicadamente. – Você também está lindo.

Broly sorriu, largando por um instante uma das mãos de Chirai e levando sua mão no bolso de sua calça.

Chirai, mesmo não desviando o olhar dos olhos de Broly, conseguiu perceber o movimento.

- Eu havia dito antes que não tinha um anel, que meu coração era tudo que eu tinha para te dar.

- E eu o aceitei, Broly, é tudo que eu quero de você.

- Mesmo assim quero que aceite isso – Broly ergueu a mão, com uma peça delicada pendurada entre  seus dedos.

Chirai olhou para a pequena corrente dourada na mão de Broly, sentindo a garganta se trancar por tamanha emoção que sentia. A peça, que parecia ser feita de ouro era fina, e, havia um pingente com no formato de uma flor na ponta dele.

- Era da minha mãe – explicou Broly fazendo Chirai olhar para ele novamente, os olhos dela já começava a brotar as lágrimas. – Vire-se, por favor.

Mordendo o lábio inferior para não chorar como uma criança, Chirai virou-se enquanto sentia os movimentos de Broly atrás dela.

Colocando a trança no ombro de Chirai, Broly abriu os fechos do colar e o colocou no delicado pescoço. Assim que o fechou, voltou a colocar a trança nas costas e abaixou-se, depositando um beijo no ombro dela, causando vários tipos de arrepios no corpo de Chirai.

Sorriu ao vê-la reagir tão ativamente ao seu beijo, colocando as mãos nos ombros dela, Broly voltou a vira-la de frente para ele.

- Vou ama-la por toda a eternidade, Chirai – prometeu ele. – A protegerei como um marido deve proteger. A respeitarei como uma homem deve respeitar. Serei digno de seu amor, de seu respeito e de sua companhia.

Chirai sorriu, percebendo que era a vez dela de falar suas juras.

- Também o amarei para sempre, Broly, não apenas pelo tempo que Deus me permitir estar aqui com você, mas para além dessa vida.

Broly sentiu um nó se formar em sua garganta com aquelas palavras, mas não a interrompeu, não estragaria aquele momento por ele ouvir o que já sabia, que um dia Chirai o deixaria para abraçar a morte.

- Serei a melhor esposa, a melhor mulher, para assim fazê-lo feliz, pois eu serei feliz somente por estar ao seu lado.

Então assim, para selar suas promessas, aproximaram-se mais e beijaram-se delicadamente, sentindo o amor transbordar de seus lábios.

E assim, aquele casamento tão diferente do comum foi concluído. Não havia padre, não havia igreja, não havia convidados...

Mas o amor dos dois era o suficiente para eles sentirem que era tão válido quanto qualquer outro casamento, e para testemunhar aquele momento, havia apenas Remo e aquele céu alaranjado.

*****

O sol estava pela metade no horizonte, se despedindo de mais um dia e dando lugar a noite que quase chegava.

E, ainda naquele mesmo jardim, estavam Chichi e Bulma, sentadas no gramado com as bochechas doendo de tanto conversar. Porém, mesmo assim, elas não paravam de falar.

- Seu pesadelo realmente a deixou confusa, Chichi – constatou Bulma olhando para o horizonte. – Você estava tão decidida de que nunca mais queria ver o lobisomem.

- Não foi apenas o pesadelo que me deixou assim, Bulma, foram as palavras dele – suspirou Chichi. – Eu realmente, em nenhum momento, me coloquei no lugar dele. Nunca pensei o que faria se fosse eu a culpada por sua morte.

Bulma desviou os olhos do céu, e olhou para Chichi.

- Você sabe o que faria, seu sonho mostrou sua decisão.

Chichi piscou algumas vezes e olhou para o chão, perto do gramado aonde estava sentada, olhando a terra fofa, e apertou os dedos imaginando suas unhas se afundando naquela terra como no sonho.

- E você, Bulma – Chichi desviou seus pensamentos e olhou para a vampira. – Estava tão decidida a resistir, passou por dores terríveis, para no fim, ficar confusa após uma noite de amor.

- Não é amor – Bulma viu necessidade de corrigir. – É sexo!

- Que seja – Chichi balançou a cabeça. – Uma noite de sexo e já esqueceu de sua situação? É uma marionete nas mãos do Conde.

- Eu sou! – Bulma suspirou. – Sou uma marionete, um fantoche... Meu corpo é dele, para ele fazer o que bem entender, e sabe o pior?

- Hum?

- Eu estou gostando disso – enfatizou Bulma revelando as presas. – Quando eu me entreguei, parei de lutar com o que meu corpo implorava e deixei minha submissão por ele aflorar... Foi o momento mais sublime da minha existência.

Chichi olhou para baixo.

- Então... – a morta-viva limpou a garganta. – Por quê ainda está confusa?

- Porque eu não sei se isso o que sinto, esse prazer por deixa-lo fazer o que quiser comigo é real, ou é apenas algo relacionado a ele ser meu mestre, meu criador.

Chichi mordeu o lábio um tanto sem jeito.

- Eu nem sei qual o melhor concelho que posso te dar, Bulma, eu queria ter a resposta para o seu problema, mas nem para o meu eu tenho.

- Eu acho, Chichi, que você sabe o que quer, só está com medo – Bulma colocou sua mecha de cabelo atrás da orelha.

Os olhos de Chichi brilharam.

- O lobisomem não tem poder sobre você, como o Vegeta tem sobre mim, o que você sente, o que você deseja é real, é seu de verdade. As respostas para isso você já tem, a única pergunta que você precisa se fazer agora é: Está disposta a perdoa-lo por tê-la tornado um monstro?

- Eu...

- Não precisa dizer para mim, o importante é você saber a resposta para essa pergunta.

Chichi sorriu sentindo naquele momento que não importava sua decisão, ela sempre teria Bulma ao seu lado, para apoia-la.

Bulma sorriu se levantando, querendo mudar um pouco o foco daquela conversa que já havia durado tempo demais.

- Minhas pernas estão doendo de tanto ficar sentada nesse chão.

Chichi piscou algumas vezes e olhou para o horizonte percebendo que o sol já havia pousado e uma nova noite nascia.

- Meu Deus, estamos a quanto tempo aqui? – Chichi levantou-se num pulo.

- O dia inteiro – Bulma riu.

- Eu não acredito que já é noite – Chichi ainda estava um pouco assustada por ter passado o dia todo naquele jardim conversando com Bulma.

- Pois é, a noite caiu e com ela vem os seus monstros – Bulma olhou para o castelo, sabendo que naquele exato momento, Vegeta despertava de seu transe do sono.

Chichi, ao ouvir as palavras de Bulma, olhou imediatamente para a floresta. Mesmo não sendo mais uma sexta-feira, e a lua não estar em sua forma cheia, um frio passou pela sua barriga ao imaginar que Kakarotto podia sair daquela floresta a qualquer momento.

Tanto a vampira quanto a morta-viva tinham coisas a encarar, mas isso agora parecia mais fácil, pois sabiam que tinham uma a outra para se amparar caso algo desse errado.

- Eu vou entrar – Bulma anunciou fazendo Chichi olhar para ela. – Você vem comigo?

- Não! – Respondeu Chichi. – Vou ficar mais um pouco, quero olhar as estrelas.

- Tá bom, qualquer coisa grita – brincou Bulma seguindo o caminho para a porta de entrada do castelo.

Chichi observou Bulma entrando com um sorriso no rosto, seus braços abraçavam ela mesma enquanto sentia o frio da noite penetrar sua pele.

Ficou ali por alguns minutos, olhando para o céu estrelado e a lua minguante quando um barulho na floresta lhe captou a atenção, sem pensar muito, Chichi caminhou até a escuridão da mata para ver o que provocava aquele barulho estranho.

*****

Vegeta acordava de seu sono, e automaticamente apalpou a cama na qual estava deitado. Quando percebeu que encontrava-se sozinho naquele leito, abriu os olhos raivosamente.

- Aonde está aquela mulherzinha? – Indagou para si mesmo já com a voz alterada.

Levantou-se rapidamente, colocando a roupa junto de sua capa e saindo do quarto.

Enquanto caminhava pelos corredores se perguntava interiormente como Bulma acordava antes dele do transe do sono, afinal, não era a primeira vez que ele despertava depois de uma noite repleta de sexo e ela não se encontrava na cama ao qual ele a tinha deixado.

- O que há de errado com essa infeliz? – Vegeta se sentia um tolo por ficar se indagando coisas  sozinho enquanto andava.

Isso sem falar que ela poderia ter fugido de novo, estar longe dele novamente. Será que ela não percebia que isso era o mesmo que dar murro em ponta de faça? A conversa que eles tiveram ontem não fora o suficiente para ela entender sua atual situação?

- Mulher teimosa, será que ela não conseguiu entender que é mais fácil se render?

Vegeta rosnou ao perceber que de novo estava falando sozinho.

Atravessando as portas da sala do trono Vegeta prometeu a si mesmo que não diria mais nenhuma palavra, se Bulma havia fugido ela que arcasse com a dor e o sofrimento que passaria. E quando ela voltasse, implorando por alívio, não seria tão benevolente como fora noite passada em apaziguar seu sofrimento.

Entretanto, assim que entrou na sala do trono, a carranca de Vegeta desmanchou-se, e em seu lugar um sorriso que se curvou no canto dos lábios formou-se.

No trono pertencente ao conde, estava Bulma, sentada de uma maneira peculiar, com as duas pernas sobre os braços do acento mostrando as coxas nuas e uma pequena parte da bunda. Era uma posição extremamente sexy e provocante de se sentar.

- Finalmente acordou, Conde – disparou Bulma tirando as pernas do braço do trono e colocando os pés descalços no chão. – Temos muito o que conversar.

Vegeta, ainda com o mesmo sorriso, observou em silêncio Bulma erguer-se lentamente, colocando-se assim de pé. Ele não sabia o que ela queria conversar, e pouco lhe importava. Tudo que o conde desejava era avançar em direção a vampira e arrancar-lhe aquele robe preto para penetra-la profundamente.

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