Capítulo nove

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A pouco havia amanhecido na Transilvânia, e enquanto o conde dormia profundamente, Kakarotto saia para resolver o que havia prometido.

Estava com o corpo tenso conforme caminhava em direção a vila, tomava todos os cuidados possíveis para não ser pego por nenhum aldeão e correr o perigo de ser ferido ou até mesmo morto por um deles.

Tinha consciência de que qualquer um que o visse o deletaria, e provavelmente acabaria preso em alguma jaula e morto sem piedade.

Quando seu pai era vivo, não era muito bem tratado pelo povo, as pessoas o olhavam torto e não lhe dirigiam a palavra. Não tinham certeza de sua condição, mas tinham a desconfiança.

Sua mãe, quando se apaixonou pelo seu pai, tiveram que fugir da cidade vizinha da Transilvânia, aonde os moradores tinham certeza de quem Bardock era. O pai de Kakarotto sabia que poderiam usar Gine contra ele e assim o fizeram muitos anos depois, quando perdeu o controle e matou uma criança.

Claro que não era tão simples assim matar um lobisomem. O sangue amaldiçoado o deixavam mais forte a cada nova geração, a pele era mais dura do que a de um humano comum, isso sem falar que sua restauração era rápida, não tão rápida quanto a de um vampiro, mas um corte profundo de espada, por exemplo, se fechava em poucos dias sem sinais de cicatrizes.

Mas as lentas antigas chegaram aos ouvidos de todos e a fraqueza do lobisomem foi revelada para qualquer um. A prata em seu coração o matava. E foi assim que Bardock perdeu o controle e se revelou, usaram Gine para o capturar, que infelizmente não foi poupada da fúria dos homens. Depois de matarem Bardock, com uma bala de prata em seu coração, Gine foi queimada viva, acusada de se juntar com alguém que não tinha alma, sendo assim, condenada por bruxaria.

Raditz fugiu durante o massacre, mas Kakarotto ficou ali, olhando a carnificina sem se dar conta que aquilo poderia voltar para ele quando o notassem. E assim foi, mas a intervenção do padre na época o salvou. Era um homem bom o velho padre Gohan, dizendo que o menino era inocente e que o pecado dos pais não deveria recair sobre uma criança que nada fez.

Os anos passaram, e Kakarotto aprendeu a crescer sozinho. Tentou encontrar seu irmão, infelizmente nunca o achou, talvez estivesse morto, ou muito longe para um dia se reencontrarem.

O pequeno órfão cresceu em meio a ignorância e solidão, aprendeu sozinho a se virar e a amadurecer. Durante um tempo, o padre Gohan o ajudou, trazendo-lhe pratos de comida, roupas, e até mesmo, algumas vezes, moedas para comprar algo que precisasse. Durante muito tempo permaneceu na Transilvânia apenas por causa do padre bondoso que o ajudava. Infelizmente, antes de Kakarotto chegar a fase adulta, o velho Gohan morreu por conta da idade avançada e o deixou sozinho novamente.

Foi mais ou menos nessa época que Kakarotto tivera sua primeira transformação, a puberdade aflorou o que havia em seu sangue e o deixou vulnerável com a maldição que ele carregava. Mas a fera dentro dele foi controlada com sua persistência e decisão, não machucaria ninguém quando assumisse aquela forma e assim foi até então.

Conseguiu juntar dinheiro para abrir o próprio negócio e mesmo as pessoas o evitando, adquiriu clientes durante o tempo que exerceu a função de ferreiro, algumas vezes prostitutas aqueciam sua cama. Mesmo assim, acostumou-se com a indiferença e solidão. Isso é claro, até conhecer Chichi e a perder pouco tempo depois.

Chegando a vila, ele observou ao longe algumas pessoas perambulando com suas vidas medíocres, nenhum o tinha visto até então por estar bem escondido atrás de uma das casas. Andou sorrateiramente até a lateral da igreja, onde ele sabia que havia uma porta. Olhando para todos os lados, viu que ninguém estava a vista, então tentou abrir a porta, mas infelizmente estava trancada. Bufou frustrado. Não queria fazer barulho, mas seria necessário.

A Caçadora de MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora