Capítulo trinta e dois

339 21 14
                                    

Chichi e Bulma andavam pela floresta densa com cuidado, fazendo de tudo para não chamarem a atenção de qualquer animal que pudesse morar por ali.

Não que de fato qualquer animal lhes fossem uma ameaça, vendo que Bulma como vampira, e Chichi como uma morta-viva, colocavam-nas no topo da cadeia alimentar, tornando-as as predadoras e não as presas. Porém, de qualquer forma, elas não queriam matar qualquer bicho sem necessidade.

Por isso andavam de maneira cautelosa e silenciosa, enquanto desviavam dos galhos das árvores.


Também não conversavam muito, e as poucas palavras que foram lançadas eram ditas aos sussurros.

Bulma ainda sentia o corpo doer, formigar e arrepiar-se, às vezes pelo calor, às vezes pelo frio. Era torturante.

Porém, ela lutava bravamente diante do que sentia. Tentava manter sua mente sóbria para não render-se a loucura do desejo e da necessidade.

Chichi vinha logo atrás, em silêncio e preocupada. Mesmo Bulma tentando a todo custo fingir que estava tudo bem, e de que ela venceria aquela batalha interna, Chichi sabia que ela não aguentaria muito tempo. Por mais forte que ela fosse, por mais decidida e teimosa, essa era uma luta muito difícil de ser vencida. Afinal, lutar com os outros é uma coisa, lutar contra si mesmo é outra bastante diferente.

Chichi baseava-se nessa conclusão olhando para si mesma, pois ela também tinha uma luta interna consigo. Existia um lado dentro dela totalmente fora do controle que poderia sair e destruir meio mundo, mas com a ajuda de Lunch, ela mantinha esse ódio e essa sede pela morte alheia adormecida. Isso sem falar das vozes que lhe chamava a todo instante.

Entretanto, mesmo lutando dia após dia contra esse instinto assassino, e ignorando as vozes, ela sabia que um dia poderia perder o controle e deixar o mal dentro dela assumir sua vontade.

Todas essas situações fazia Chichi ver o quão em comum tinha com Bulma, era estranho e ao mesmo tempo tão natural. Era como se em algum lugar alguém estivesse escrevo sua história e aquela aproximação delas fosse obra do destino, que tecia um futuro do qual elas não poderiam fugir.

Havia Lunch também, que após sua revelação de que fora dividida em duas, fazia Chichi também ter certa empatia para com a bruxa.

Lunch também lutava contra algo que vivia dentro dela, porém, a morta-viva sentia que havia algo a mais naquela história, como se alguma peça faltasse para encaixar as coisas com mais naturalidade. Talvez fosse coisa de sua cabeça, ou seu sexto sentido a alertasse de algo. Infelizmente, Chichi ainda não sabia dizer qual era o mais provável.

- Acho que chegamos - sussurrou Bulma empurrando o último galho de árvore.

Chichi piscou algumas vezes os olhos, saindo de seus pensamentos e contemplando a magnitude do lugar.

O lago era grandioso, sua água se mesclava entre o verde e o azul, as árvores a sua volta trazia certa beleza ao lugar.

Bulma aproximou-se com um sorriso, mesmo diante da dor que sentia. Fazia tempo, muito tempo, que não ficava diante de um lugar tão belo. Era tão bonito que lhe trazia alegria em seu coração.

Chichi também sentiu-se alegre diante daquele lago esplendoroso. Era reconfortante e lhe trazia paz estar num lugar calmo e de grande beleza como aquele.

Bulma agachou-se, gemendo baixinho diante da dor que sentiu em suas entranhas com o movimento.

- Vai devagar, Bulma - pediu Chichi aproximando-se da amiga.

- Eu estou bem! - Bulma forçou um sorriso. - Eu só quero tocar na água.

Chichi assentiu e agachou-se também. As duas colocaram a mão no líquido transparente juntas.

Gemeram prazerosamente ao sentir que a água estava morna. O que no mínimo era estranho, vendo que o frio era cortante naquela época do ano em Budapeste.

Porém, nem cogitaram a ideia de indagarem-se do porquê daquela água estar numa temperatura tão agradável como aquela.

Sem perder tempo e ansiosa para ver-se livre da dor, Bulma ergueu-se e começou a despir-se. Tirando a calça e o casaco que usava.

Chichi a seguiu, mesmo não achado necessário banhar-se em águas curativas, não perderia a oportunidade de entrar em uma água maravilhosa como àquela.

Estando apenas com a roupa íntima e com os seios de fora, Bulma e Chichi olharam-se com um sorriso no rosto, para logo em seguida pular na água cristalina e afundar-se em sua profundidade.

Entretanto, já dentro da água, nenhuma das duas perceberam, que em meio as árvores, bem próximo dali, um par de olhos brilhantes as observavam com cobiça e admiração.

*****

Ao atravessar a porta-secreta, Helles viu imediatamente seu pai, próximo dos corpos acorrentados na parede, caminhou com discrição e rapidez até o banco aonde encontrava sua mala e guardou o livro que contava a história de Vegeta.

Freeza não dava atenção ao que sua filha estava fazendo, pois se divertia olhando para o desespero dos padres e do pajem diante de sua presença. Havia se esquecido em como sentia prazer diante do medo dos outros, em como aquele ato, o de causar terror, o fazia se sentir superior, grandioso...

- Espero que tenham descansado bastante - debochou ele com um sorriso cruel.

Kuririn engoliu em seco diante da presença diabólica daquele homem, ele emanava maldade, era possível sentir.

Jaco tremia tão violentamente que as correntes que o prendia batiam uma na outra causando um barulho constante.

E Piccolo, que parecia o mais calmo dos três, tentava compreender o que aqueles dois queriam para chegar ao extremo de desacorda-los e acorrenta-los na parede.

Cada um possuía um pensamento, mas o que mais compreendia a gravidade da situação era Jaco, que reconheceu Helles assim que entrou na igreja.

Piccolo e Kuririn chegaram a ouvir a pequena explicação do pajem antes da pancada na cabeça, porém, ainda era tudo muito confuso para eles.

- Quem são vocês? - Indagou Piccolo com coragem. - O que quer conosco?

- Quem nós somos não importa - respondeu Freeza com desdém. - Agora, o que queremos com vocês é bastante simples. Nós queremos respostas.

- Respostas? - Kuririn franziu o cenho.

- Sim, respostas. - Freeza ergueu os ombros levemente. - É fácil de compreender, eu pergunto, vocês respondem com rapidez e sinceridade, e talvez, apenas talvez, eu deixe vocês viverem.

Jaco arregalou os olhos e sentiu um frio passar por toda sua espinha.

A Caçadora de MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora