Capítulo trinta

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Os olhos de Bulma abriram-se de imediato. Ela ainda podia sentir o gosto dos lábios de Vegeta no seu. Ainda podia sentir suas mãos ásperas tocando seu corpo. Sentia o cheiro atraente que ele emanava enquanto a atormenta naquela ilusão que ela não tinha certeza se poderia classificar como um sonho.

Sentou-se na cama sentindo aquela ardência na virilha intensificar. Passou a mão no rosto de maneira frustrada enquanto sentia a garganta fechar-se.

Olhou para lado e viu que Chichi dormia profundamente. Levantou-se da maneira mais silenciosa que podia para não acordar sua amiga, saindo do quarto de maneira sorrateira.

Saindo para o lado de fora, o vento gélido bateu em seus cabelos, fazendo-os voar. Ela observou o céu e percebeu que o sol estava quase nascendo. Caminhou alguns poucos passos sentindo o orvalho em seus pés descalços.

Fechando os olhos, Bulma permitiu-se deixar poucas lágrimas caírem. Molhando seu rosto, que possuía uma expressão de dor.

Surpreendeu-se ao descobrir que vampiros podiam chorar.

Estava perturbada não apenas pelo sonho e por ter prometido voltar - coisa que ela apenas falou ao conde para ele lhe dar um pouco de paz. Mas também pela visão que Lunch dera quando estava naquela forma diferente.

Ignorando o fato de que aquele tipo de "dupla-personalidade" era o mais peculiar que já vira. A visão foi clara como água, mesmo aparecendo tão estranhamente, como se tudo rodasse rápido demais, e as coisas em volta não tivessem muito foco, a morte de Vegeta e Kakarotto foi evidente. Os corpos jogados no chão, cobertos de sangue e os olhos abertos, porém, sem vida.

Bulma não sabia se Chichi tinha visto o mesmo que ela. E em seu interior, por algum motivo, tinha medo de perguntar. Talvez porque se caso a morta-viva confirmasse a visão, poderia torná-la mais real do que já fora.

- Você precisa controlar seus sentimentos, Bulma. - A voz um tanto autoritária fez a vampira despertar de seus devaneios.

- Que diferença faz eu tentar controlar? - murmurou ela com amargura, virando-se para Lunch que estava parada na porta. - Minhas vontades não me pertence mais. O Conde assumiu o controle do meu querer, manipulando-me a sua vontade.

- Eu sei como se sente, Bulma - Lunch respirou profundamente saindo da porta e caminhando até ela. - Não ter controle por haver outra pessoa dentro de você que também está no comando é algo que compreendo melhor do que ninguém. Mas quando eu digo que há uma maneira harmônica de viver com isso, é porque há.

Bulma abaixou o olhar compreendendo um pouco a sina de Lunch, mesmo achando que sua situação era muito pior que a dela, acreditava que não deveria ser nada bom saber que existia um outro alguém dentro de você.

Porém, antes de dizer o que pensava sobre o assunto, o nascer do sol brilhou, mostrando seu esplendor e sua magnitude. O prazer pelo calor em suas costas e fez suspirar.

- É intrigante como o sol não a machuca - Lunch sorriu. - Mas acredito que exista uma explicação lógica para isso.

- Existe? - Bulma voltou a olhar para Lunch.

- Você é uma vampira regente do fogo - explicou ela. - E o sol, sendo nada mais, nada menos, que uma bola gigantesca de fogo, não poderia feri-la.

Bulma franziu o cenho, erguendo uma das mãos e movendo os dedos enquanto pequenas chamas nasciam. Ela ainda não tinha tanto controle sob o poder, mas já o manipulava bem em sua palma. Uma de suas dúvidas era tirada com clareza naquele momento, e compreendia o porque de poder andar tranquilamente a luz do dia.

- Vamos entrar - pediu Lunch. - Chichi acabou de acordar e quero conversar com as duas.

- Tudo bem - Bulma desfez o fogo por entre seus dedos e entrou logo atrás de Lunch para dentro do chalé.

A Caçadora de MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora