Capítulo dez

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Com um livro em mãos, Bulma vai até o seu quarto - quarto esse fornecido pelo padre Kuririn - e senta-se na cama com a cabeça latejando.

Ela não era do tipo paciente, estava ansiosa por respostas, para fazer logo o que viera fazer na Transilvânia e esquecer de uma vez por todas as sensações que o conde causava em seu ser. Odiava admitir, mas sentia vontade de sair de solo sagrado apenas para vê-lo novamente. Era frustrante.

Tinha que dar um jeito de mata-lo logo antes que cedesse a vontades que seu corpo sentia, coisas das quais ela jamais falaria em voz alta, porque mostraria uma fraqueza da qual ela não aceitava ter.

Abaixando os olhos ela passou a mão na capa do livro que Jaco lhe mostrou mais cedo, depois dela rir do que ele havia descoberto.

- Sua descoberta é inútil, Jaco. - A voz saia divertida. - Não existe ninguém que tenha voltado dos mortos, a não ser Jesus Cristo, mas creio que ele não queira descer do reino dos céus para acabar com o príncipe das trevas.

- Está enganada, Bulma. Os mortos já caminharam na Transilvânia. - Jaco parecia ter medo de dizer as palavras em voz alta. - Eu vim parar no pior lugar do mundo, parece que a criação dos monstros sem alma originou-se a partir daqui e espalhou a maldição para todos os continentes.

- Do que está falando? - O tom de deboche e graça não existia mais na voz de Bulma.

- Tem algo que eu descobri em meio as minhas pesquisas noite passada. - Jaco pegou um dos livros sobre a mesa e o estendeu para Bulma. - Essa é a história do Dr. Make Gero.

Suspirando, Bulma levantou-se da cama e largou o livro sobre a cama, olhou pela janela admirando as pequenas gotas de chuva que caiam do céu. O noite estava fria, perfeita para se afundar nos cobertores quentes e cair em sono profundo, mas ela simplesmente não conseguia relaxar. A história que lera do Dr. Gero perturbou sua mente de uma maneira assombrosa.

O que fazia alguém desafiar as leis de Deus e trazer alguém dos mortos? E como isso podia ser possível? Era assustador e esplêndido ao mesmo tempo.

Com a insônia a consumindo totalmente, Bulma volta a sentar na cama, e pela terceira vez naquele dia, abre o livro que contava a história de Gero e começou a lê-lo, precisava decorar aquelas palavras para acalmar seus pensamentos.

Os olhos corriam rápido nas letras, cada palavra absorvida enquanto a mente viajava para cento e cinquenta anos atrás. Bulma podia até mesmo ver as imagens se criando em seu cérebro conforme as frases se formavam em sua mente...

*****

Transilvânia, 1680.

O céu fazia barulhos estrondosos, parecia que se partiria no meio com o som e o poder dos raios e trovões. As gotas caiam gordas na face de dois homens enquanto ligavam a máquina que traria o rapaz de volta a vida.

- Conecte aquele fio ao corpo de Broly - ordenou Gero berrando em meio ao barulho do trovão. - Não podemos perder essa tempestade, pode ser minha última chance.

Paragus correu para onde o fio havia escapado, escorregou na poça de água que se formara no chão por causa da água em abundância que caia do céu. Gemeu com a dor que sentiu no braço que bateu no chão, mas tentou ignorar, levantando-se indo em direção ao corpo do filho que estava preso na maca. Conectou o fio e beijou o rosto gélido e molhado de Broly.

- Logo voltará a vida, meu filho - sussurrou depois de beija-lo.

- Saia dai, Paragus - gritou Gero com as mãos nas alavancas. - Não vou perder o próximo raio, a descarga o atingirá se ficar perto de Broly.

Como se fosse uma profecia, o raio atingiu os cilindros que giravam em velocidade na torre com o teto aberto, e Gero, como prometera, puxou as duas alavancas e a energia do raio desceu pelos fios de cobre. Paragus, assustado, saltou para longe do filho, caindo a um metro de distância, assim que seu corpo atingiu o chão molhado, o choque atingiu o defunto, fazendo o corpo sem vida impulsionar para cima.

Paragus levantou-se e correu em direção a Gero, que olhava para os cilindros novamente.

- Ele não deveria ter acordado? - sussurrou um pouco assustado.

- Um choque não é o suficiente - explicou Gero. - Precisamos de mais um raio para trazê-lo de volta a vida.

- Não é perigoso o corpo dele pegar fogo? - desesperou-se Paragus.

- Haveria esse perigo se a cabeça dele não tivesse a esponja molhada que colocamos mais cedo - Gero riu de uma maneira arrepiante. - Cometi esse erro no primeiro cadáver que tentei trazer de volta.

Um arrepio passou pela coluna de Paragus. Gero parecia um louco, um homem completamente insano, a impressão que dava era que estava a ponto de um surto a qualquer momento. Se não fosse o desespero de um pai que perdeu o filho, jamais teria pedido ajuda a um homem imprevisível como Dr. Gero.

O segundo raio veio em direção aos cilindros e, novamente, Gero puxou as alavancas, fazendo o choque vim em direção ao corpo de Broly.

O corpo preso na maca impulsionou novamente para cima, e um grito saiu dos lábios daquele que antes estava morto.

- Ele está vivo! - gritou Gero olhando para cima e erguendo os braços em satisfação.

Como se os céus tivessem terminado seu trabalho, a chuva passou instantaneamente. enquanto Paragus e Gero corriam para Broly e começavam a solta-lo.

Os olhos do morto-vivo estavam opacos e ele gritava como se estivesse sentindo muita dor, se debatia tanto que parecia estar com epilepsia.

- Graças a Deus - murmurou Paragus. - Você voltou, meu filho. Você volto!

Mas os gritos do lado de fora os despertou daquele momento de glória. As pessoas gritavam coisas desconexas e raivosas.

Antes de terminarem de soltar Broly, que ainda gritava e se debatia, viram pela fresta do pequeno buraco da torre. A multidão enfurecida se aproximava com seus forcados e tochas.

- Nos deletaram - murmurou Gero. - Descobriram nosso segredo.

Não ouve tempo para Paragus dizer algo. Sabia que as pessoas da vila desconfiavam que Gero estava violando túmulos atrás de partes inteiras de cadáveres, mas nunca imaginara que eles descobriam seu esconderijo em meio a floresta.

A torre abandonada era um pedaço que sobrou da antiga casa de Freeza, suas terras nunca havia sido invadida por conta da ordem de Vegeta, que gostava de ver o lugar abandonado e destruído, como satisfação pessoal de ter deixado tudo, que um dia foi daquela família maldita, aos cacos.

Mas Gero, para suas experiências pecaminosas, invadira discretamente o lugar, e fizera os objetos para montar a máquina, isso é claro, depois de muitos anos de pesquisa.

Porém, agora aquilo era o de menos, o povo descobriu o seu esconderijo e logo descobriria o porque deve assaltar os túmulos.

A porta foi arrombada e as pessoas entraram furiosas, pareciam sedentos para arrancar o pele de Gero com as próprias unhas.

- Gero! - gritou um dos homens que entrou, ele tinha uma tocha acessa em mãos. - Viemos buscá-lo e dar-lhe a sentença por violar o túmulo de...

A voz do homem parou em meio a frase quando avistou Paragus.

- O que o senhor...

O grito assombroso de Broly faz todas as pessoas olharem em direção ao som. Os olhos de todos se arregalaram quando viram Broly puxando o único cinto que segurava ele e se levantando. Os movimentos dele era estranho e descoordenados.

- Deus... - murmurou uma mulher que tinha uma foice na mão. - É o Broly, mas ele estava...

- Morto - completou o homem com a tocha.

Todos deram um passo para trás.

A Caçadora de MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora