Capítulo trinta e um

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Chichi e Bulma não podiam acreditar no que Lunch acabara de revelar. Não era possível crer que o lado mau daquela mulher era justamente ela, vendo que aquela foi a Lunch que as receberam e as ajudaram quando necessitaram de abrigo.

Desde que chegaram ao chalé, tudo que Lunch fez com elas foi tentar ajudá-las com seus problemas e frustações. Simplesmente não dava para compreender.

- Como é possível que você seja o lado mau? - Indagou Bulma perplexa. - Não vi você fazendo uma maldade sequer durante o tempo que estou aqui. Já me deparei com bruxas maldosas. Sacrifício de bebês e animais é o básico esperado por elas.

Lunch abaixou os olhos tentando desviar seus pensamentos sobre aquilo. Quando a divisão dela ocorreu, sacrifícios para separar-se do seu outro eu era algo que com certeza ela teria feito se fosse necessário. E analisando bem, certamente ainda o faria se fosse preciso.

- Eu não tenho os poderes que anseio, ou ansiava, para atingir o poder máximo de uma bruxa das trevas. - Lunch voltou a olhar para as duas. - Esses poderes, durante minha divisão, foram dados para a outra Lunch. Ela sim tem o que é preciso para que sacrifícios sejam benéficos em sua magia.

- Então, durante a divisão vocês foram dividas entre o bem e o mal - concluiu Chichi. - Mas por ironia do destino, o poder maldoso ficou com a Lunch boa, e o bondoso com você, a Lunch má. Se é que dá para chamá-la assim.

- Exatamente! - Lunch suspirou pesadamente. - Eu fiquei com os poderes bons, aqueles que somente podem ser usados para ajudar ou para o bem de alguém.

Bulma e Chichi entreolharam-se.

- Meu outro eu, entretanto, somente possuí poderes para o mal, ou para machucar alguém. Mas diante de sua bondade, ela jamais usaria esses dons, por isso ela preferiu manter-se longe do mundo real. Surgindo apenas quando acredita que deva usar as suas visões para alertar algum mal que está por vir.

- Então somente ela ficou com o poder de ver o futuro? - Indagou Bulma. - Realmente era um poder maligno, as visões?

- Não exatamente! - Lunch levantou-se. - Eu ainda consigo ver o futuro, mas somente futuros bons, os futuros ruins é a outra Lunch que vê.

- Isso é muito confuso - disparou Chichi. - Como você sabe da existência dela, vendo que agora são duas pessoas diferentes?

- Nós compartilhamos pensamentos - explicou Lunch. - Conseguimos conversar quando eu durmo. É algo um pouco difícil de vocês compreenderem, vendo que até para mim é complicado de entender.

- Mas, Lunch - Bulma também levantou-se. - Você, sendo o lado mau, por que então nos ajudou? Por que você se mostra tão serena e caridosa?

- Sabia que ia me perguntar isso, Bulma - Lunch a olhou diretamente. - Eu poderia rebelar-se, ouvir meus instintos e destruir vidas, mas o que eu ganharia com isso? Meu poder, aquele que ficou para mim, diminuirá se eu fizer o mal.

- Então se força a fazer o bem para seu poder crescer? - Chichi inclinou-se para frente, desencostando-se do acento.

- Não, estou tentando evoluir - respondeu ela. - Resolvi lidar com a minha situação como um aprendizado e não como um castigo.

Bulma virou-se para Chichi, as duas olharam-se e perceberam que tinham o mesmo pensamento. Deviam levar aquele exemplo de Lunch para suas próprias vidas.

*****

Eles ficaram abraçados por intermináveis minutos. Nenhum dos dois ousava dizer uma palavra sequer. Tinham medo de dizer algo e cortar aquele contato tão necessitado.

A Caçadora de MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora