Capítulo dois

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Paris, 1830.

A noite estava escura, quando um grito agudo se é ouvido próximo do cemitério. Era sexta-feira de lua cheia naquela noite, sendo o momento perfeito para capturar um lobisomem.

O monstro estava rondando a região, e Bulma estava à procura da besta maldita montada em seu cavalo.

O garanhão galopa em direção ao grito, com Bulma o guiando através das rédeas em suas mãos. Quando a caçadora chega ao local, a mulher, provavelmente responsável pelo grito, encontrava-se morta no chão. Os arranhões e mordidas dão a clara certeza de que foi o lobisomem que a matou daquela maneira cruel e brutal.

A besta estava perto, Bulma podia até mesmo sentir o cheiro asqueroso do ser endemoniado. Descendo de seu cavalo, ela saca sua pistola, estando ela carregada com balas de prata.

Um uivo sombrio deixa Bulma tensa, pois o barulho estava alto o suficiente para parecer estar atrás dela. Virando o pescoço lentamente para trás, a caçadora contempla a besta a olhando, a um pouco menos de um metro de distância. A aparência do ser era horrenda, os pelos molhados e enlameados; a boca com uma espuma e com algumas listras de sangue escorrendo junto a baba.

Com coragem, Bulma dá um passa em direção ao lobisomem, com o intuito de atrai-lo para mais perto dela. Seria mais fácil mirar em seu coração, sem errar, com ele mais próximo.

O tolo animal é atraído pela armadilha da caçadora, estava faminto por carne humana, mesmo tendo acabado de matar uma mulher. A transformação o deixava transtornado, fora de si. Mataria uma criança se ela surgisse na sua frente. Ele era de fato, um monstro condenado ao inferno.

Estando de quatro, mais um rosnado sai da garganta dele, para então correr em direção a Bulma, que já estava com sua pistola engatilhada para o tiro certeiro.

O lobisomem voou em sua direção, dando um salto assustador. Sem um vestígio de medo na face da caçadora, ela usa esses poucos segundos para apontar e atirar rapidamente. O corpo da besta impulsa para trás por conta do tiro, caindo no chão com o peito sangrando.

Diante dos olhos frios de Bulma, ela contempla o lobisomem transformando-se em humano. Em um último suspiro, o amaldiçoado sorriu, seus dentes repletos de sangue.

- Obrigado!

Os olhos dele se fecharam, para nunca mais se abrirem.

*****

Entrando dentro da Igreja de Notre Dame, com os saltos da bota ecoando no ambiente, Bulma tira o chapéu em respeito ao local sagrado.

Há anos Bulma não vestia-se como uma mulher. Vestidos e laços delicados foram deixados para trás, dando lugar a botas, calças, um casaco que a cobria até os calcanhares, e um chapéu que cobria seus lindos cabelos.

Sentando no confessionário, Bulma suspira pesadamente.

- Padre, preciso me confessar, eu...

- Pecou, eu já sei - a voz do outro lado resmungou. - Você é muito boa nisso.

Bulma revirou os olhos, e quando escutou o barulho da porta do confessionário se abrindo, fez uma careta. Ela sabia o que vinha a seguir, um sermão daqueles. Erguendo o olhar, ela contemplou o homem vestido com uma batina.

- Você o matou, não é? - o rosto do padre tinha um franzido na testa, mas em sua voz havia um ar de deboche.

- Não começa, Piccolo - Bulma levantou-se - Era uma besta amaldiçoada, a morte era o seu destino.

- A morte é o destino de todos nós, Bulma - o padre suspirou pesadamente. - Quando mandamos você em missão, é para trazê-los aqui, aonde tentaremos tirar a maldição, sem mata-los.

A Caçadora de MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora