Capítulo quarenta e três

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Freeza estava sentado no primeiro banco em frente ao altar, quando um de seus discípulos entrou praticamente correndo dentro da igreja.

O falso padre, com uma expressão neutra, desviou o olhar da cruz para ver quem era que estava entrando dentro daquele templo sagrado com tamanha afobação.

Levantando-se lentamente, Freeza colocou as mãos nas costas e esperou com calma o homem se aproximar.

Assim que o homem parou em frente ao padre, se abaixou em sinal de reverência enquanto Freeza erguia uma de suas mãos.

- Benção, Padre - pediu ele pegando a mão de Freeza e beijando as costas dela.

- Deus te abençoe, meu filho - disse Freeza com certo desdenho.

O homem se ergueu de maneira reta para falar o que tanto desejava:

- Eu descobri algo na casa do falecido Cutelo, e, acredito que o senhor vai gostar de saber o que é.

Freeza não demostrou muito emoção em sua face, mas em sua mente ele sentia a expectativa crescendo gradativamente. A meses que havia colocado pessoas para vigiar Chichi e Kakarotto, e também, Broly com Chirai, ele sabia do poder que os mortos-vivos possuíam contra seu inimigo, e contra ele mesmo, mas a demora para colher informações realmente importantes estava demorando mais do que ele imaginava.

De qualquer forma, Freeza mantinha a pose de bom sacerdote para aquele bando de infeliz para assim, conseguir o que desejava, a paciência é uma virtude afinal de contas.

- O que descobriu? - Indagou Freeza.

- O anel ainda existe - respondeu o homem com um amplo sorriso no rosto.

- Que anel? - Inicialmente Freeza não entendeu a afirmação daquele homem.

- O anel, Padre. - A voz se alterava pela animação. - O anel que manteve o Conde adormecido por um século.

A feição de Freeza mudou da água para o vinho, e o sorriso maléfico cresceu nos lábios frios do falso padre de uma maneira que até mesmo aquele homem, sendo um discípulo dele, se assustou. Por um milésimo de segundo, Freeza mostrou sua verdadeira essência.

*****

Jaco nunca foi um homem gordo, na verdade, ele se tratava de um magricelo. Se alguém o olhasse de costas, iria acreditar que não passava de uma criança, mesmo ele já sendo um adulto com seus trinta e poucos anos.

Entretanto, sua aparência miúda e juvenil nunca o incomodou, e apesar dos pesares, ele parecia esbanjar saúde, mas agora, na sua atual situação e com o tratamento cruel ao qual passava, Jaco estava com a pior aparência que tivera em toda a sua vida.

Estava mais magro do que o normal, os ossos de suas costelas e de seus ombros saltavam para fora, sua barriga estava quase colada as costas, as unhas de suas mãos e de seus pés estavam sujas e compridas e, em sua expressão cansada as rugas haviam aumentado.

Dentro da casa atrás da igreja, Freeza e Helles haviam o trancado em um quartinho escuro e sem janelas. Durante o dia, lhe davam apenas um pedaço de pão duro e um copo de água, isso quando não esqueciam de dar. Suas necessidades fisiológicas eram feitas em um balde de ferro, ao qual era trocado uma vez na semana, fazendo assim ele viver por dias na própria carniça.

Era deprimente sua situação, e todos os dias ele pensava em uma maneira de escapar, mas estava fraco para lutar, e no início, quando ainda tinha forças, sua covardia o desarmou.

- Oh, Deus, toque logo essas trombetas - murmurou ele olhando para cima, sentado no canto daquele quarto imundo.

Bem naquele momento ele ouviu alguém destrancando a fechadura ao qual o mantinha preso. Jaco de maneira instintiva, se encolheu mais no canto da parede enquanto abraçava os próprios joelhos.

Apesar de nunca ter sofrido violência física por parte de seus carrascos, Jaco tinha medo deles, eram mortos-vivos que o mantinha como prisioneiro afinal.

Inicialmente Jaco acreditou que se tratava de Freeza, pois na maioria das vezes quem entrava naquele quarto era ele, mas dessa vez não era, quem decidiu o "agradar" com sua presença foi Helles, que segurava um castiçal de velas e estava tampando o nariz e a boca com a mão.

Jaco abaixou as sobrancelhas, tá certo que o quarto ao qual ele vivia não cheirava exatamente a flores, mas isso não queria dizer que ele estava podre.

- Credo! - Exclamou ela com a voz estranha. - A levar pelo cheiro desse quarto já era para você estar morto, Jaco, está apodrecendo em vida.

Jaco abriu a boca em o grande "O" de maneira indignada. Além de ser mantido como prisioneiro ele ainda era humilhado.

A Caçadora de MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora