A Caçadora de Monstros

Capítulo quarenta e quatro

Jaco estava mais do que surpreso com aquela situação, afinal, ele não passava de um prisioneiro, era para ser considerado o que necessitava de ajuda, e não o que poderia ajudar.

Além do mais não fazia o menor sentido para ele Helles pedir sua ajuda, a mesma se tratava de uma morta-viva com poderes de regeneração e, que muito possivelmente, tinha a imortalidade a seu favor. Então, por que diabos ela estava pedindo ajuda?

- Por que você está pedindo minha ajuda?

A voz de Jaco ao fazer a indagação saiu num sussurro, enquanto sua expressão se congelou na perplexidade. Ele estava incrédulo de tudo aquilo.

Helles suspirou profundamente, agora ignorando o cheiro horrível daquele quarto, e tomando a coragem necessária para se abrir parcialmente.

- Digamos que não sou totalmente a favor do que meu pai faz, e das coisas que ele ainda planeja fazer.

Jaco abaixou as sobrancelhas surpreso.

- Você não está do lado dele?

- Não totalmente! - Helles respondeu com a voz baixa. - Mas eu preciso dele, para ter coisas que quero, então não faço objeções sobre suas decisões.

Jaco ainda estava confuso.

- Não estou te entendendo, Helles. Afinal de contas, você está ou não contra seu pai?

Helles abaixou o olhar e depositou o castiçal de velas sobre uma mesinha podre que havia perto da porta e se encostou na parede de braços cruzados. Ela parecia ponderar as palavras antes de fala-las.

- Há muitos anos eu tomei uma decisão errada, eu me deixei levar pela ganância e pelas palavras do meu pai, perdi tudo, até mesmo a minha vida, não quero errar novamente.

- Está falando do Conde?

- Também! - Ela balançou a cabeça em concordância. - Mas não é só isso, meu pai era, ou melhor, ele é extremamente manipulador, consegue o que quer através de palavras mentirosas. Ele destruiu meus sonhos, conseguiu me convencer usando de minha ganância para trair Vegeta, e assim se destruiu e me levou junto.

- E agora você quer consertar as coisas? - Jaco tentava entender aonde Helles queria chegar.

- Eu quero uma nova chance, uma chance de ser feliz, Jaco. - Helles olhou para o pajem de maneira melancólica. - Quero que a dor que existe nesse lugar, que existe em mim, acabe.

- E como você pretende fazer isso?

- Eu não sei ainda - ela foi sincera ao responder. - Mas no momento não posso fazer nada, preciso deixar meu pai agir para eu conseguir ficar perto do Vegeta de novo, quando isso acontecer, posso tentar recomeçar com ele, vai ser um novo começo para a gente.

Jaco fez uma careta diante da fala de Helles, será que a morta-viva era tão ingênua assim?

- Você acha mesmo que Vegeta vai querer algo com você de volta? Tem realmente esperanças nisso?

- Ele me ama, Jaco.

- Ele a matou, Helles.

- Sim, porque eu o traí, mas ele guardou meus ossos, me deixou no trono por mais de um século.

- Ah, sim...- Jaco ergueu as mãos para cima. - Isso foi muito romântico da parte dele, desculpe por não entender o amor maluco de vocês.

Helles apenas assentiu, como se realmente estivesse aceitando o pedido de desculpas de Jaco, naquele momento o pajem percebeu que Helles tinha um parafuso a menos, talvez Chichi tivesse esquecido de regenerar parte do cérebro dela.