Capítulo vinte e quatro

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Antes da noite cair, Bulma seguia seu caminho para Budapeste dentro de uma carruagem. Os cavalos negros e esplendorosos cavalgavam a toda velocidade na estrada, puxando a carruagem ao comando do cocheiro de improviso. Jaco.

Apesar da pouco experiência com o trabalho, Jaco não estava tendo dificuldade em conduzi-los. Os animais, além de velozes, eram obedientes aos comandos das rédeas. Não era a toa que os cavalos da Transilvânia eram considerados os melhores.

Bulma, totalmente imersa em seus pensamentos, sentia o cansaço a consumindo. Foram dias exaustivos, e a noite anterior fora repleto de emoções de variáveis tipos. Seus olhos azuis se repousavam no céu alaranjado do horizonte. Algumas poucas horas e a noite cairia. Porém, isso não a preocupava, pois com a velocidade que os cavalos prosseguiam, logo a Transilvânia ficaria para trás. O que lhe incomodava e lhe fazia exalar melancolia. O fato era que cada centímetro que se distanciava, mais seu coração se apertava.

Kuririn, que estava sentado ao seu lado, olhava distraído para o livro que trouxera, ponderando em seus pensamentos se valia ou não a pena começar a lê-lo.

- Vai demorar muito para nós chegarmos, Padre? - Indagou Bulma ainda olhando para o céu.

- Acredito que um pouco antes do anoitecer, estaremos chegando na casa de minha prima - respondeu Kuririn com a voz mansa.

Suspirando, Bulma olhou de soslaio para Kuririn, que começava a abrir o livro que trouxera. Voltou a olhar para o céu, e percebera que em meio ao alaranjado magnífico, algumas poucas nuvens se formavam. Torceu interiormente para não começar a chover. Além do fato de Jaco provavelmente começar a reclamar, a estrada poderia ficar enlameada, o que dificultaria a locomoção da carruagem.

Ponderou por um instante se seria apropriado aconchegar-se no acento, ao qual estava, e dormir por uma hora, talvez. Seu corpo implorava por isso, por mais que estivesse com a imortalidade em suas veias agora, ainda assim necessitava dormir. Como, de alguma forma ainda inexplicável para ela, não entrara em um transe do sono durante o dia, como qualquer vampiro faria, precisava ela mesma esvair a cabeça e adormecer.

Mas, algo dentro dela, um sexto sentido talvez, dizia que não era uma boa ideia ela se dar o luxo de descansar. Podia acontecer algo, um imprevisto, e ela tinha que estar alerta nesse caso, então, mesmo contrariada pelo cansaço, decidiu que descansaria apenas quando chegasse a casa da tal prima do padre.

Balançando a cabeça para dar uma despertada do sono que tentava iniciar-se, Bulma voltou a olhar para o padre, que parecia bastante interessado no livro, e o cutucou. Precisava conversar para não pegar no sono sem querer.

Kuririn desviou, a muito contra gosto, os olhos do livro e olhou diretamente para Bulma.

- O que foi? - Indagou ele de maneira educada.

- Me conte sobre sua prima, Padre - pediu ela. - Estou curiosa a respeito dela.

O padre fechou o livro, colocando-o no acento ao seu lado, percebendo que não conseguiria ler tranquilamente. Encostando-se de maneira mais confortável, suspirou antes de falar:

- Família é algo... Complicado.

- Como assim? - Bulma franziu o cenho não compreendendo exatamente o que Kuririn queria dizer com aquilo.

- Eu sou um padre, como bem sabe, escolhi esse caminho por vocação, mas também por acreditar que poderia ajudar as pessoas estando nessa posição. Foi um dos motivos de eu ter entrado para a Ordem.

- Padre - Bulma ainda estava confusa -, não estou entendo aonde quer chegar.

- Minha família, apesar dos pesares, tem algo em comum - explicou-se ele. - Nós gostamos de ajudar, temos esse senso de proteção e acolhimento em nós. Porém, nem todos ajudam da mesma maneira.

A Caçadora de MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora