Capítulo Seis

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Tinha certeza de que estava sonhando estar no carro voador com Harry e Rony quando fui despertado. Desorientado eu olhei ao redor. O quarto, silencioso, a janela fechada. Fecho os olhos e tento retomar o sonho. Só a batida na porta me impede. Foi isso que me tirou do meu tão bondoso sonho no carro voador. Arrasto-me para fora da cama e quando me aproximo o suficiente da porta escuto Vinci chamando meu nome.

— Cadê a porra do seu cartão? — Sussurro enfurecido.

— Acho que... Acho que o perdi. Abre logo.

Antes de abrir a porta, olhei as horas.

— Não acredito que você está vindo para o quarto às quatro da madrugada. — Digo quando abro a porta e o deixo entrar.

Vinci entra cambaleando e sinto de novo aquele cheiro maléfico de cerveja preencher o quarto. Eu devia mesmo tê-lo deixado dormir no corredor.

Abafo um palavrão quando ele pisa no meu pé. Droga, ele ainda está com os tênis!?

Vinci caminha até a cama mais próxima da porta. Ou seja, a minha.

— Não, não, não. Essa não é a sua cama.

— Mas... Eu sempre dormi aqui.

Eu odeio pessoas bêbadas. Odeio.

Puxei os ombros de Vinci e tentei não vomitar com o cheiro forte que ele exalava. Parecia que além de ter bebido todas, ele ainda quis tomar um banho de cerveja. Não faço ideia como ele não acabou em uma porta errada. Será que mesmo bêbado foi esperto para não ser pego pelas câmeras? Duvido muito. Arrasto-o para a própria cama e com isso, esse bêbado miserável acaba caindo com tudo em cima do meu braço.

— Vinci, levanta.

— Não...

Com muito esforço libero meu braço.

Certo... o que eu devo fazer agora? Não quero ter que passar outra noite insone por causa dele e do meu medo ridículo que ele se mate no próprio vômito. Sair do quarto ele não pode já que está sem o cartão...

— Vinci, onde está seu cartão?

— Eu acho... Que lá.

— Lá, aonde?

— No quarto de Nicholas.

Porra.

— Eu vou buscar. Tente não... Cair da cama.

Vinci riu. Foi uma risada tão leve e os lábios dele estavam tão vermelhos... e, não posso esquecer, com hálito de cerveja. Que nojo.

Pego um casaco e meu cartão, indo em direção ao quarto de Nicholas, que é a última coisa que pensei que faria enquanto estivesse aqui. Sinceramente, não sei por que estou sendo legal com Vinci já que ele quem deixou tudo aquilo acontecer e os hematomas ainda vão demorar a sararem. Acho que estou fazendo isso pelo simples fato de que não quero Nicholas com acesso ao meu quarto.

Bati à porta do quarto mas ninguém me atendeu. A festa deve estar acontecendo aqui depois que a piscina ficou perigosa demais. Bato de novo, com um pouco mais de força. E a porta abriu devagar e quem estava lá era o garoto que carregou Vinci para o quarto. O da esquerda.

— Ei! Tudo bem, Atlas?

— Hm, tudo bem. Nicholas está aí? — Foi uma pergunta idiota a se fazer já que esse é o quarto dele.

Eu estava ficando desconfortável ao extremo com o cheiro de cerveja. Mas ele também estava sem camisa. E melado de alguma coisa que não vou nem pensar no que é.

Entrelinhas (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora