Capitulo 66 ........... Conclusão

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Cleonice Narrando

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Eu ainda tentava falar com Laura. Seu celular só fazia chamar e meu estresse por ser ignorada, aumentar. Cinco anos. Cinco anos de casadas, e muitas coisas haviam acontecido desde então. Laura havia se formado, minha associação ao escritório de Adam se consolidou, e por isso passamos três anos morando fora. Enôm partiu, e mesmo que tivesse sido um momento delicado e que tenha me abalado, ter o apoio da minha esposa foi o que me sustentou.

Ela se foi após nosso final de semana de lua de mel. Foi dormindo, calma e pacificamente. Helena a encontrou na manhã de segunda-feira, sonhando eternamente em seu leito, na cobertura. Não houveram dores, segundo o laudo médico, e saber isso foi o que em parte me confortou.

Eu nunca fui de gostar de passar uma imagem de fraqueza ou vulnerabilidade, mas Laura me conhecia melhor que ninguém, portanto sabia o quão quebrada eu fiquei. Com todo o seu amor e carinho, ela cuidou de mim mesmo quando insisti em dizer que estava bem. Ela sabia a verdade. Ela sempre saberia. E foi em seus braços que eu desabei.

Após isso, não quis esperar para seguir com minha vida, fingindo que ainda não estava de luto e me culpando por todos os anos que vivi longe, ignorando minha mãe. Com o plano em prática, eu vendi meus imóveis, mudei-me para Washington D.C junto com minha recém esposa, e lá ela concluiu seus estudos e adquiriu fluência na língua. Eu me juntei ao grupo seleto de acionistas do escritório e ascendi. Três anos depois, finalmente havíamos retornado. Laura assumiu a filial do Edifício Sanchez no Rio e eu abri o primeiro escritório da Group Advice. Advocate Mc'Gure no Brasil, junto do melhor grupo de advogados que reuni.

E, ainda assim, cinco anos passados, varias experiencias adquiridas, mudanças drásticas ocorridas, minha mulher ainda era a pior em atender as minhas ligações ou responder as minhas mensagens.

Aquela já era a minha sexta tentativa, e embora eu soubesse que ela provavelmente estaria ocupada, recusava-me a crer que ela não poderia tirar um minuto para me avisar da impossibilidade de atender no momento.

Foi em minha última tentativa, no terceiro toque - eu era mesmo muito persistente, para a sorte dela - que ela finalmente atendeu.

- Hey, desculpe a demora, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.

- Não cairiam seus dedos digitar uma mensagem avisando! - Eu estava irritada. Mais do que isso, enraivecida. Meus hormônios mais do que a flor da pele.

Laura suspirou, como se atrás de paciência.

- Não enviei uma, pois minha intenção era justamente lhe atender.

- Cinco chamadas depois? - Fui sarcástica.

- Ok, você ligou para brigar comigo porque demorei a atender?

- E por não ter respondido a última mensagem também - acrescentei. A desgraçada riu. Gostava de brincar com o perigo.

- Tudo bem. Desculpe. Está mesmo uma coisa de louco por aqui...

Cedendo um pouco, suspirei. Não dava para ficar tão irritada com ela por isso. Aquela distância por tantos dias já era muito para assimilar.

Como representante oficial não só da agência Recrie Arte como do Edifício Sanchez, minha esposa se viu forçada a viajar para uma conferência mundial de publicidade e propaganda em Nova York, já que Dylan e companhia estavam de viagem em família para Camcum.

- Posso imaginar - limitei-me a dizer. Agora, um pouco mais branda, conseguia captar coisas que antes não fui capaz devido ao temperamento. A voz da minha esposa parecia mais pesada, evidenciando sua exaustão. Também, pudera, não deveria estar dormindo tão bem quanto deveria. - Tem dormido direito?

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