Capitulo 51 ........... Instigante - Parte 2

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Laura Narrando

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Eu aceitei, não tive escolha. Não declararia minha derrota sem nem mesmo tentar. Nice nunca deixaria algo como isso passar despercebido em anos. Uma possível queda na tentativa também não me deixaria isenta das suas futuras provocações, mas pelo menos eu teria algum pingo de honra preservado.

Animada por ter tido sua oferta atendida, ela se preparou como se estivesse indo para uma batalha. Comprou a ficha e voltou do bar com mais dois copos de bebida.

Tanto Larissa quanto Maycon se mantiveram em seus postos, negando-se a perder aquele embate, enquanto comentavam sobre as vantagens e desvantagens de cada uma. 

Eu observei Nice com cuidado, vendo-a tentar conter inutilmente um sorriso debochado no meio tempo em que passava giz branco na ponta mais fina do seu taco.

Foi ela quem ajeitou as bolas com o triângulo de ferro sobre a mesa de forro vermelho e aveludado em seguida, mantendo seus olhos brilhantes em esperteza sobre mim.

- Você ainda pode evitar essa humilhação, Lala – provocou, roubando risadas dos dois amigos atrás de mim.

Aparentemente, eles não tinham mais nada para fazer.

- Depois sou eu a inocente que se acha – Resmunguei, imitando seu gesto anterior e circulando o giz sobre a ponta escura do meu taco.

Seu risinho frouxo me fez sorrir em resposta mesmo a contragosto. Eu não resistia àquele som.

- Estou tentando ser legal e misericordiosa. Vamos lá, ajude-me a te ajudar e eu prometo não contar essa parte aos nossos filhos quando falarmos sobre a nossa primeira viagem juntas.

Eu bufei, esnobe, contudo um pouco derretida de ouvi-la fazer menção a filhos, nossos filhos. A desordem de sentimentos e comichões que aquela simples frase trouxe ao meu peito foi aquecedora e estonteante.

Cleo desejava mesmo ser mãe. Ela planejava mesmo ter filhos comigo.

Tentando não visualizar cedo demais o nosso futuro como um casal já em processo de maternidade, eu afastei as sensações que suas palavras me causaram e foquei no presente, deixando o cubo de giz de lado quando me dei por satisfeita na tarefa de envernizar meu taco.

- Guardarei suas palavras para usar contra você – revidei.

Nice sorriu, duvidosa.

- Lembre-se de que eu te dei uma chance – avisou. Ela se aproximou de mim e parou perto demais, invadindo o meu  espaço pessoal. – Quem parar primeiro atrás de ar, perde a chance de começar – foi o que disse, deixando-me por um momento confusa antes de ter minha boca arrebatada em um beijo, fazendo-me, imediatamente, entender a espécie de substituição de Par ou Ímpar que estava sugerindo.

Eu senti o impacto do corpo de Cleo contra o meu quando a puxei para mim com certa agressividade, ouvindo os gritos eufóricos de incentivo vindos de Lari e Maycon e de outros ao redor.

A língua de Cleo não demorou a encontrar a minha para um abraço excitante. Nossos lábios se moviam com ardor e urgência, com o sabor de nossas bebidas banhando nosso hálito e dando gosto ao beijo. Minha mão em sua cintura se estreitou mais, fazendo com que os nossos corpos se envergassem por não ter mais como se unirem. O ar estava me faltando aos poucos, porém, mais que o anseio de ganhar em não perder, meu desejo por continuar beijando-a era maior. Tudo em mim se projetava para ela, para tê-la e aproveitar cada segundo.

Cleo mordeu meus lábios e eu grunhi em dor e tesão, afastando-me para perder meu olhar por seu rosto e buscar por ar, respirando com dificuldade. Sua boca  já se encontrava inchada, vermelha e suculenta. Eu estava prestes a retomar de onde tinha parado quando a vi sorrir e levar os dedos para os meus lábios, limpando os cantos como se acertando as marcas que o seu batom pode ter deixado.

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