Capítulo 19 ........... Diga Sim

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Olá, galerinha, espero que curtam o capítulo e deixem muitos comentários. Bijundas e boa leitura 😘
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Cleonice Narrando

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Ainda era custoso a mim acreditar em tudo o que estava acontecendo. O agravamento do câncer da minha mãe, levando-a finalmente ao seu limite, a traição de Ludmila, minha reconciliação com Laura, e o fato de, neste exato momento, estar agarrada ao seu corpo como se somente ela pudesse me manter estável.


Era tão estranho ter por fim posto tudo para fora, e, mais estranho ainda, o fato de ela me receber de bom grado, consolando-me depois de tudo o que a fiz passar. Não parecia certo, depois de tudo, eu estar justo em seus braços, contudo, eu sentia que não era errado, que ela era o meu lugar. Nunca antes eu me deixei levar pelos meus sentimentos dessa maneira, a ponto de romper minhas barreiras e entregar-me a alguém tão completamente, com Laura foi a primeira vez e sentia no mais profundo de mim que também seria a última.


Ela ainda acariciava meus cabelos enquanto me mantinha em seu colo, onde me arrastou consigo até a poltrona no canto da parede. Minha mãe ainda em sono induzido, respirando com o suporte do aparelho. Eu permaneci com a cabeça no conforto do seu peito, encolhida nela e rodeada do seu silêncio. Não conseguia encarar minha mãe naquele momento, por isso mantinha minha cabeça baixa e os olhos ainda fechados. Estar nos braços de Laura parecia tão correto, receber seu apoio, suas carícias, seus cuidados. Eu sabia que corria o risco de me arrepender caso ela me deixasse em um futuro próximo, e esse medo ainda pairava sobre mim, temendo que ela repensasse sua decisão e resolvesse me deixar de lado com todas as minhas loucuras. Eu não a culparia se assim o fizesse, errei tanto com ela em não lhe confiar meus sofrimentos e angústias, mas, ainda assim, o faria novamente, o faria pois não achava justo prendê-la a mim, a tantos quilômetros de distância, impedindo-a de viver e encontrar um novo alguém que realmente a merecesse, não importando o quanto isso me ferisse.


Deixá-la ir foi tão difícil. Eu nunca me senti tão destruída quanto naquele dia.


- Ainda dói - ouvi-me dizer baixinho reflexos dos meus pensamentos.


- O que? - Ela quis saber, a voz rouca e tão baixa quanto a minha, como se, silenciosamente, tivéssemos acordado de falar aos sussurros.


- Sentir sua dor... Seu desespero... - confessei, era o lado da história que ainda não havia lhe contado.


Remexendo-se inquieta, Laura se moveu até sua mão segurar meu queixo, fazendo com que meu rosto subisse ao ponto de meus olhos fitarem os seus. Sua testa franzida revelava sua incompreensão, mas seus olhos levavam ternura.


- Do que está falando? - Perguntou, a rouquidão me compelindo a baixar as pálpebras e suspirar. Eu amava tanto aquele seu timbre. Não importava a ocasião, eu sentia que ela poderia ter tudo o que quisesse de mim se falasse daquela maneira.


Soltando outro suspiro, eu me acomodei melhor em seu colo, sentindo agradavelmente seu braço se estreitar em minha cintura enquanto repousava minha cabeça em seu ombro, minha testa tocando a lateral de seu pescoço. Seu cheiro impregnava minhas narinas maravilhosamente.


- Quando eu disse que iria resolver algumas coisas... Falava da minha mãe. Ela não queria ir. Nunca quis viajar para fora. Apesar de viver desde muito nova na cidade grande, ela ainda levava... Ainda leva - corrijo-me com ênfase, não queria falar dela no passado quando ainda estava ali, viva e comigo - seus costumes indígenas muito fortemente dentro de si. Logo, não dá muito crédito a ciência e medicina - expliquei baixinho. Minha mão segurou sua cintura, sentindo o tecido de sua camiseta. Era bom tê-la perto, sentir minha mão em seu corpo de qualquer maneira que fosse me confortava. Gostava de nossa proximidade. - Eu me sentia tão culpada por tê-la abandonado com sua culpa, em razão dos meus ressentimentos, que queria fazer de tudo para ajudá-la a encontrar a cura, um tratamento, o que fosse para que se recuperasse. Então, forcei a viagem. Quando liguei para ela, iria dizer que não iríamos mais, por que tinha lhe prometido ficar. Mas foi Helena quem atendeu... Minha mãe tinha dado entrada no hospital por motivos que nada tinham a ver com o câncer, mas que, ainda assim, me pois apreensiva. Perdemos o voo naquele dia. Então... Quando você chegou ao meu apartamento, horas depois... Eu ainda estava lá. - Assumi com voz falha, meus olhos se fechando enquanto uma lágrima solitária escorria do meu olho esquerdo.

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