Capitulo 9 ........... Ciúmes

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Cleonice Narrando







- O que você tem na cabeça? - Eu disparo para Ludmila no instante em que piso no meu escritório.

Estava tão furiosa, que se não me controlasse, sabia que seria capaz de esganá-la, dependendo do que me respondesse. Vê-la daquele jeito, tão próxima de Laura, fez algo animalesco e possessivo queimar dentro de mim. Elas estavam tão perto, que era quase como se seus corpos fossem um.

- O quê? - Ela questiona ao seguir-me para dentro, soando como se não entendesse a minha pergunta.

Irritada como o inferno, eu me viro para ela, as mãos fechadas em punho e os dentes fortemente travados.

- Não banque a sínica pra cima de mim, Ludmila. Eu sou sua amiga. Eu provavelmente te conheço melhor do que você mesma!

Bufando em rendição, ela deixa seus ombros caírem e sua postura de menina inocente se ir.

- Que raio de roupa é essa, hum?

Retornando a sua encenação, ela se olha em choque.

- Qual o problema com a minha roupa, afinal? – Quer saber.

Tremendo, ainda buscando muito me controlar, eu dou um passo em sua direção.

- Não brinque comigo, Ludmila.

Passando por mim, ela caminha para longe. Eu me viro até vê-la se jogar sobre a cadeira a frente da minha mesa.

- Tem um carinha que estou interessada, tá bom? É isso que você queria saber?

Passando a língua pelos lábios, eu tento me recompor. Tenho completa ciência da minha reação exagerada, mas, ainda assim, não tinha como reagir de outro modo, vendo o quão próxima ela estava de Laura. Eu sabia exatamente do que Laura era capaz, tendo seu corpo contra o de outra pessoa, e sua boca praticamente afundada no pescoço alheio. Além disso,
a cara que Ludmila estava fazendo quando as peguei naquele momento, não era bem a cara de nojo que ela geralmente fazia ao “acusar” Laura de sapatão.

- Na verdade, eu gostaria de saber o que estava acontecendo quando te encontrei – digo ao cruzar os braços. Virando-se na cadeira giratória, ela me encara com sua habitual cara de sonsa.

- Já disse que não era nada demais – dá de ombros.

Eu mordo meus lábios.

Deus, era preciso mais paciência do que o senhor está me dando!

- A boca da Laura estava praticamente te engolindo, Ludmila – rebato, irritada somente em voltar a ter tal visão – E seus corpos não estavam exatamente distantes, não é mesmo?

Bufando, ela joga seus cabelos para atrás das costas. Uma expressão esnobe preenche sua face.

- Aquela mulher é louca. Tem uma tara por mim que eu não entendo. Quer dizer, eu sei que sou gostosa, mas ela precisa aprender a se controlar.

Fechando os olhos de forma apertada, eu tento, novamente, buscar por calma.

- Eu juro por Deus, Ludmila! Às vezes eu queria ter a sua autoestima.

Porque, muito embora Laura possa achá-la bonita, eu me recusava a acreditar que estava de fato interessada em Ludmila. Ou eu estaria errada? Afinal, fazia mais de um mês que não nos víamos, enquanto eu contava com a ajuda de Márcia para evitá-la constantemente. As coisas poderiam ter muito bem mudado. Haviam mudado para mim, pelo menos. Por mais que estivesse sendo difícil, eu estava levando a vida. Tentando cumprir com minha promessa de deixá-la em paz. Não era exatamente a tarefa mais fácil, no entanto eu estava tentando. Um dia de cada vez.

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