Capítulo 65 ........... Lua de Mel

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Cleonice Narrando

Eu não sabia para onde Laura estava nos levando, já que era ela quem dirigia. Há muito tínhamos saído da festa e fui surpreendida por notar que não iríamos para casa ou até mesmo um hotel.

O caminho foi preenchido com músicas - e carícias aparentemente inofensivas na nuca e coxa - enquanto minha esposa nos conduzia sabe-se lá para onde. Eu soube somente que não estávamos mais na cidade pois em determinado momento pegamos a rodovia.

Não demorou muito para chegarmos ao que soava como uma pousada. A estrutura grande e rústica chamava atenção ao fim da estreita estrada de terra. As porteiras abriram-se automaticamente, e um sorriso veio ao rosto da minha mulher.

Ela não seguiu em direção a estrutura, entretanto, e sim pegou uma direita que eu notei nos levar para um grupo de chalés estrategicamente distante uns dos outros. A arborização era rica, com verde por toda a parte, e o céu estrelado enfeitando a noite no alto.

Nós passamos por conjuntos de chalés entre as árvores, uns suspensos, outros não, mas em diversos estilos, onde alguns tinham carros nas vagas, e então finalmente paramos no que parecia ser o nosso. Este perto do que supus ser um lago. Um pequeno jardim e ao redor do mesmo e um banco de madeira bruta ao final do que parecia um pequeno pier dentro do lago. Era lindo e incrivelmente romântico, e haviam luzes penduradas ao redor, como gotas douradas sobre as cabeças. Apaixonante.

- O final de semana aqui foi o nosso presente de casamento dado por Dylan e Derik - Laura explicou ao finalmente estacionar.

- E porque eu não soube disso antes? - Questionei, intrigada.

Como resposta minha noiva pediu que eu esperasse e saltou do carro. Eu a vi dar a volta na frente enquanto o farol iluminava o lago e o jardim.

Segundos depois a porta ao meu lado foi aberta.

- Eu preciso que você não saia daí ainda - pediu assim que me viu pôr um pé para fora.

Calmamente, eu recolhi minha perna de volta e assenti a contragosto. Minha mulher pareceu satisfeita e então se foi para atrás. Ouvi o som suave do porta-malas sendo aberto e então o barulho de um molho de chaves. Laura foi em direção a entrada com uma mala média de rodinhas e uma mochila nas costas. Eu a observei do meu banco abrir a porta de madeira escura. Luzes no interior foram acesas antes dela desaparecer. A cabana tinha uma pequena varanda coberta, uma rede em um canto e puffs enormes e redondos lado a lado na outra extremidade. Eu podia nos enxergar perfeitamente ali, sorvendo de um bom vinho e aproveitando a companhia uma da outra enquanto apreciava a noite e admirava o pequeno lago.

Saindo de minhas fantasias, eu notei Laura reaparecer. Ela ainda levava as peças do terno sobre o corpo, assim como eu ainda me mantinha vestida de noiva. Saímos tão apressadas da festa, e com a fantasia de arrancamos as roupas uma da outra, que silenciosamente combinamos de não trocar antes de vir. E eu estava ansiosa para o momento em que finalmente a teria nua para mim.

Laura caminhou para mim do seu jeitinho tão fofo e seguro, e um suspiro abandonou-me ante sua imagem. A mulher me deixava fora dos eixos até com o seu simples caminhar, como podia?!

- Venha, eu vou te levar - anunciou ao abrir mais escancaradamente a porta. Ela passou o braço por baixo das minhas pernas no banco e o outro envolveu a parte baixa da minha coluna. Eu poderia reclamar ou fazer piadas, mas estava ansiosa demais para o que viria a seguir para zombar do momento.

Laura me carregou sem muito trabalho até me ter dentro da cabana. O lugar era lindo e de tamanho apropriado. Uma cama com dossel jazia sobre uma plataforma elevada ao piso de madeira e de frente para ela, na parte baixa, uma banheira elegante. Uma lareira ficava na parede ao canto, embaixo do móvel que mantinha a TV de enorme polegada e o sistema de som. Diante dela, uma parede inteira de vidro dava para a paisagem da vegetação e metade do pequeno jardim. Era possível até mesmo ver o céu. Uma porta que provavelmente levava ao banheiro estava fechado e diante da lareira um tapete felpudo e extremamente confortável mesmo de longe. A luz estagava meio baixa, trazendo um ar acolhedor e sedutor ao local. Tudo estava perfeito. A cama recheada de pétalas vermelhas e brancas sobre os lençóis negros me tocou.

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