Capitulo 56 ........... The Party

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Laura Narrando

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Scarlatti estava puta comigo!

A ligação via WhatsApp que recebi não foi nada, em comparação  aos áudios anteriores.

Eu vou matar você, Laura!” - Sua voz era estridente e ao mesmo tempo um sussurro. 

“Como pôde  tramar algo assim? Enviar aquela... coisa alta e loira pra minha casa foi um limite que nunca pensei te ver ultrapassar!”

Não ouse contar comigo!”

“Você está muito ferrada!”

“Minha pressão está baixa e eu estou grávida, sua sem noção!”

“Não terá casamento! Eu vou simplesmente matar aquela loira agua- Ah, oi bebê... – sua voz mudou instantaneamente, tornando-se carinhosa e suave ao se direcionar a outro alguém - Não, a mamãe não tá brigando com ninguém, vem cá”

O próximo áudio viera minutos mais tarde e em um sussurro irritado.

“Agora a Naila está assustada! Feliz?”

E esses foram somente alguns dos seus surtos. Na ligação ela já soava mais calma, muito embora relutou em me ouvir. Cleo, sentada na cama com alguns documentos em mãos, tentava segurar a risada ao me ver andar de um lado a outro do quarto tentando falar com minha amiga, que me cortava o tempo todo.

- Você mereceu cada grito – concordou minutos após o fim da ligação, onde Scarlatti finalmente topou ajudar com o casamento. – Você sabe que ela odeia a Ludmila.

- E eu lá sabia que essa louca ia bater na porta da casa dela?! - Defendi-me enquanto, recostada no batente da porta do closet, a observava procurar uma lingerie da sua preferência. Já havíamos chegado do tour no Capitólio, que se encerrou mais cedo por motivos técnicos que não nos foi explicado. Tudo o que soubemos  era que,  pelo transtorno imprevisto, todos que tiveram seu tour interrompido naquele dia ganhariam outro.

Com o tempo livre, resolvemos passear ao redor do rio Potomac e conversamos sobre as possíveis reações de Scarlatti quando eu contasse sobre a novidade. Nenhuma de nós duas imaginou, no entanto, que Ludmila teria a cara de pau de fazer uma visita a minha amiga naquele mesmo dia para informar, pessoalmente, que seria, junto dela, a organizadora oficial do nosso casamento.

Eu queria matar aquela cobra loira!

- Você conhece a Lud. Mais até do que eu gostaria... – resmungou a última parte ao empurrar uma pilha de calcinhas coloridas de renda para dentro da gaveta e fechá-la. – Deveria ter previsto algo do tipo.

- Sua amiga é insuportável! – Grunhi verdadeiramente irritada com a ousadia. Perguntei-me se não tinha sido sua forma de se vingar de mim por estar fazendo-a organizar o meu casamento com a sua amiga, mas logo tratei de expulsar a ideia. A Ludmila que conheci certamente faria isso, mas não a que me foi apresentada nesses últimos momentos, certo?

- Você sempre soube disso – constatou, indiferente. Cleo passou por mim em direção ao quarto e eu me dei ao trabalho de somente virar para continuar monitorando seus passos.

– Não vai mesmo me mostrar a roupa que escolheu? – Questionei ao vê-la pegar de cima do colchão a enorme sacola de papelão da loja cara em que comprou seu vestido. Loja essa que ela fez questão de me deixar para o lado de fora. Ou seja: eu não tinha nem ideia do que ela havia comprado.

- É uma surpresa – respondeu sorrindo.

- Mas você viu a minha! – Fiz birra, indignada. A tarde no shopping foi maravilhosa. Comemos comida  japonesa na praça de alimentação, fomos a uma livraria para comprar meu dito diário, fomos no salão de beleza, e eu fiz minhas sobrancelhas, unhas e até cogitei seriamente fazer algo radical no cabelo. Estava cansada dos meus cachos. Minhas caras nas fotos eram as mesmas, e eu estava mais  do que disposta a radicalizar no corte. Mas o semblante de Nice quando me ouviu divagar sobre a ideia, e ainda voltar com a progressiva, me fez perceber que eu queria agradá-la mais do que a mim. E se ela gostava dos meus cachos e dos tamanhos em que estavam atualmente, então eu estava mais do que satisfeita! Ainda que ela não tenha dito nada ou se manifestado contra a ideia, eu vi o brilho em seus olhos ao perceber que mantive o cabelo  do jeito que estavam, no final das contas.

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