Capitulo 52 ........... Menina Doce

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Cleonice Narrando

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Eu nunca pensei que uma Laura bêbada desse tanto trabalho, do mesmo modo que nunca previ rir tanto com isso.

Após o episódio do Body Shot, minha noiva pareceu mais emburrada do que eu jamais tinha visto. Negou-se a ir para casa, e quando eu sugeri uma nova partida de sinuca ela me deu uma língua malcriada e rumou até o banheiro sem mais nada dizer. Apesar de comovida por saber a situação em que a tinha deixado, eu não pude deixar de me sentir divertida e até um pouco diabólica. Era nítido como ela me desejava e estava ansiosa por nos ter a sós, na esperança de que eu cedesse aos seus encantos e me entregasse ao desejo que nos consumia, já que seus olhares para mim e sobre o meu corpo me deixavam igualmente quente, mas eu já tinha dado minha palavra, e por mais que me corroesse por dentro não sucumbir, eu estava deveras entretida com seus trejeitos emburrados e sua carinha de insatisfação.

Uma criança que teve seu doce negado perderia com folga para o charme que era Laura daquele jeitinho.

Larissa e Maycon permaneceram conosco mesmo depois da plateia se redistribuir por ambos os salões e eu não criei problemas quanto a isso. Há muito já tinha superado o desconforto com a ideia de Larissa possivelmente ter se aproximado com o intuito de dar em cima de Laura e eles se provaram ótimas companhias. Tanto, que ideia de subir para a boate veio de Maycon, e muito embora eu não estivesse com grandes vontades, principalmente por acreditar que Laura não concordaria, eu tipe após ver um sorriso esperançoso surgir em seus lábios.

A mulher não mediu esforços para tentar me seduzir assim que adentramos no enorme espaço com luzes psicodélicas e gente dançando em seus modos desajeitados com os braços para cima e os ombros sacolejando.

Eu não me deixei levar por seus beijos úmidos em meus ombros e pescoço enquanto dançávamos juntas, com minhas costas firme em sua fronte, suas mãos passeando por minha cintura e apertando partes específicas do meu corpo. Ao invés de ceder, eu usei todo o meu gingado para provocá-la ainda mais, mantendo um rebolado sensual contra o seu corpo, levando minhas mãos às minhas próprias curvas e roçando propositalmente nela, amando sentir seus dedos me pressionando a cada vez que a vontade de me ter a possuía com veemência.

Dançamos e bebemos, mas em certo momento eu preferi deixar a bebida de lado, ao notar que Laura já estava ficando alta o bastante. Uma de nós duas teria que cuidar da outra e eu soube que essa tarefa seria minha.

Aparentemente, Laura achou uma boa ideia afogar suas frustrações sexuais nas diversas taças de drinks, e pequenas doses de uísque. Eu não a impedi ou restringi até notar que era a hora certa.

Como resultado da bebedeira, Laura não largou de mim um segundo sequer, mesmo quando nos reunimos em uma mesa no andar de baixo e Larissa fez amizades com mais um grupo de turistas brasileiros, duas drags americanas e uma trans do México. A conversa estava boa, e mesmo com a diversidade de idiomas e as vozes pesadas devido a embriaguez, muito pôde ser trocado, experiências, informações, curiosidades culturais, debates confusos sobre gostos musicais e artistas LGBTQIA+. Sam Smith e Rosália terminaram empatados no topo do ranking de melhores.

Durante cada segundo de qualquer assunto, Laura se manteve concentrada em me acariciar de qualquer forma que fosse, ora mantendo seus dedos distraídos entre os meus em uma carícia que me fazia sorrir sempre que olhava para nossas mãos entrelaçadas, ora com a cabeça apoiada em meu ombro e o braço em volta da minha cintura num aperto possessivo e simultaneamente carinhoso. Contudo o que ela mais parecia gostar de fazer era brincar distraidamente com a ponta dos fios do meu rabo de cavalo, geralmente quando não estava envolvida na conversa e preferia só me ouvir falar em inglês. Por diversas vezes eu me obriguei a tentar não me deixar afetar pela forma como ela me encarava descaradamente sem nem se dar conta, fingindo estar entretida demais na conversar e alheia ao seu olhar.

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