Início 6 ........... Síndrome de Hulk

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A luz do sol que adentrava pelas janelas era forte o bastante para me fazer encolher antes mesmo de abrir os olhos. Eu não tinha qualquer noção de onde estava ou que horas eram - já que havia acabado de despertar - e minha mente, nos primeiros minutos, sempre tomavam um tempo de perfeita quietude para si, deixando-me desnorteada.

Enquanto aguardava minha consciência entrar em foco, eu me espreguicei, cocei os olhos e soltei um suspiro cansado.

Não me lembrava de que horas fui dormir - Deus sabe lá qual foi! - mas tinha certeza que não tinha sido uma boa noite pelo simples fato de algumas partes do meu corpo parecerem gritarem de dor. Parecia até que eu havia feito sexo-

Foi a menção, somente a menção a ideia, que fez com que minha mente trabalhasse finalmente para enfrentar a realidade e me fazer acordar.

Eu tinha feito sexo. Sexo com Luna!

Imediatamente meus olhos se fecharam, e eu me deixei praguejar baixinho.

As lembranças correram por minha mente de forma tão clara e nítida que uma reprise de tudo o que ocorreu na noite passada voava por trás das minhas pálpebras.

Luna surtando. A briga com o seu primo. A TV - que custava mais do que algum órgão meu no mercado negro - com a tela rachada ao meio. A forma como Luna agia como se não fosse ela, mas uma mulher possuída por uma legião de demônios. O jeito como me arrastou escada acima e tremia e suava de modo assustador... E então, todo o resto.

O choro inconsolável, meu jeito de consolá-la lhe tascando um beijo, a discussão, ela me mandando ir embora, o jeito como me jogou na cama e prendeu-me com o seu corpo. Daí pra lá são somente gemidos e suspiros ofegantes que minha mente tratou de reproduzir em minha cabeça. Só para me fazer sentir mais envergonhada.

Pensando em tudo isso, eu me questionei se ela estaria ali, ao meu lado. Recordava-me de ter dormido em seus braços - não por vontade própria, claro, mas sim por ter sido enlaçada por ela e optar por não criar caso naquela hora da madrugada.

Tomando uma respiração fraca e baixa atrás de coragem - não queria que ela acordasse com nenhum movimento brusco da minha parte ou o som da minha respiração pesada como a de um búfalo - eu me virei vagarosamente e arrisquei entreabrir um olho.

Luna não estava ali.

O espaço da cama ao meu lado estava vazio e praticamente intacto, e eu sinceramente não compreendi o sentimento de decepção que me tomou. Eu deveria estar aliviada, afinal, teria algum tempo para recapitular com mais clareza o que se passou e pensar no que deveria fazer ou em como agir.

Preferindo não me aprofundar em tentar me entender, - pois talvez eu não curtisse a resposta, e só Deus sabe o quanto eu tenho fugido de coisas desagradáveis! - eu rolei de volta para o meu lado e espalhei meus braços abertos sobre o colchão. Meus olhos encaravam o teto negro sem realmente vê-lo, enquanto eu travava uma batalha para tentar acalmar meus pensamentos.

Luna e eu transamos.

Luna e eu transamos, e, cara, foi bom!

Pelo amor de Lúcifer!

Qualquer dúvida que eu tinha sobre ela não ser boa de cama, caiu por terra. Eu me lembrava bem de como ela tinha firmeza em suas pegadas, e em como o seu toque era macio e excitante e o seu beijo de tirar o fôlego. Luna já era por si, visualmente, um perigo ambulante, depois de ter descoberto seu desempenho na cama, seria ainda mais difícil resistir a ela.

Laura!

O que Laura pensaria disso?

E porque minha mente está começando a comparar a desenvoltura das duas?

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