Capítulo 10 ............ Incontáveis Sentimentos

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Uma semana depois

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Cleonice Narrando






Eu me recusava a acreditar. Mesmo com a cena correndo diante dos meus olhos, eu ainda me recusava a crer que isso estava acontecendo.

Quando saí de casa, levada por um instinto besta e possessivo, após ver uma publicação no Instagram, eu não levava fé que, de fato, algo poderia estar acontecendo entre Laura e Ludmila. Muito embora eu tenha feito Ludmila prometer que ficaria longe de Laura, eu ainda sabia que não deveria me sentir confiante com sua promessa. Tinha total ciência de que ela tinha mentido para mim, antes, quando lhe perguntei se sentia qualquer coisa por Laura, seu corpo entrara em contradição com suas palavras, negando suas afirmações. E apesar de não ter acreditado em absolutamente nada, eu ainda queria crer que estava errada, que ela honraria com sua promessa. Que respeitaria os meus sentimentos. Que tivesse consideração.

Ledo engano.

Aparentemente, Ludmila não estava nem aí para qualquer uma destas coisas.

Pega em flagrante, eu pude ver o terror estampar seu rosto, deixando-a pálida, enquanto eu a encarava com decepção e descrença. Ao seu lado, um pouco mais a frente, Laura parecia prestes a socar uma parede. Uma fúria tão ardente brilhando em seus olhos, que me questionei porque ela estaria se sentindo de tal forma, se a imbecil aqui era claramente eu.

- Você prometeu – eu digo engasgada ao direcionar meus olhos para os de Ludmila. Em minha cabeça, eu me perguntava como ela pôde ter a coragem.

Gaguejando sem nada dizer, ela parecia tentar encontrar formas de me explicar o que eu estava vendo. Não havia explicação, no entanto. Apesar de não ter presenciado nada, eu tinha visto o bastante.

- Olha, Cleo, eu posso-

- Pode explicar? – Adianto-me. Eu sentia uma dor tão grande pesar meu peito, que sabia que não demoraria muito para as lágrimas virem.

Exalando forte, Ludmila parece perdida e culpada enquanto tenta arrumar os cabelos atrás das orelhas. Próxima a ela, visivelmente indignada, Laura abana a cabeça. Como se não suportasse mais a situação, ela simplesmente adianta seus passos, passando por mim sem nem sequer ousar me olhar, até estar fora do banheiro, encerrando tanto a mim quanto Ludmila sozinhas.

- Você prometeu – volto a repetir, no fundo, culpando a mim por não ter dado créditos ao meu instinto e minha habilidade de ler as pessoas, ainda que não houvesse nada que eu pudesse fazer para impedir que Ludmila em algum momento ficasse com Laura. Pois, muito embora eu não tenha visto, eu não era inocente ao ponto de não saber o que se passava entre duas pessoas dentro de um mesmo cubículo no banheiro.

- Eu sei, eu sei! Eu... – soando atormentada com a culpa, ela treme seus lábios e agita a cabeça desesperadamente. – Eu sinto muito. Eu não queria-

- Então ela te obrigou? Trata-se de uma tentativa de estupro, Ludmila?

Bufando, ela fecha os olhos e nega com a cabeça, todo o pesar que sentia refletido em sua expressão.

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