Capítulo 63 ........... Oficialmente

225 15 4
                                    

Nervosa. Aflita. Inquieta. Assustada. Apavorada!

Eu me encontrava de tantas diferentes e similares formas, que já nem sabia dizer quem eu era, senão um reboliço de emoções. Em consequência, todos os meus tiques pareceram querer dar o ar da graça.

Eu voltei a roer unhas. Quem diria?!

Meus pés não paravam quietos. Meus dedos das mãos, quando não em minha boca sendo corroídos, batucando em alguma coisa. Meus pensamentos frenéticos impediam-me de me concentrar em qualquer coisa, e a única vez em que eu conseguia me sentir menos tempestuosa, era quando lembranças me tomavam.

- Você estará nervosa? - Nice perguntou enquanto fazia um carinho despretensioso em meu abdômen. Havíamos acabado de transar, foi a última daquela noite - ou assim eu achei. Fomos de sexo quente e selvagem à amor lento e intenso. Nuas, descansavamos enquanto deixávamos nossos temores e segredos serem expostos.

- Provavelmente - respondi em voz baixa, apertando com suavidade seu corpo contra mim, querendo mantê-la mais perto. Um medo irracional me rondava, e eu tentava a todo custo expulsá-lo dos meus arredores. Era a noite anterior ao casamento. Sexta-feira. O dia seguinte seria cheio e não nos veríamos até que fosse o tão esperado momento. Combinamos de sempre manter contato via mensagem, ou ligação, se fosse o caso, mas não nos seria permitido ver uma a outra. Ideia das madrinhas.

Eu estava ansiosa e temerosa e isso de ficar sem vê-lao dia todo não me agradava.

- Está... com medo? - Sua voz vacilou, como se não tivesse certeza se deveria ter me feito aquela pergunta. Como se temesse minha resposta.

Um silêncio estrondoso pairou sobre nós, no quarto a meia luz do abajur. Eu refletia com intensa dedicação, ao passo que minha noiva aguardava minha resposta com palpável receio.

- Sim.

Minha voz soou tão baixinha, que o sussurro saiu rouco.

- Não precisamos fazer, não se quiser. Se julgar cedo-

Eu abaixei o rosto em direção dela, que encontrava-se próximo ao meu seio. Com a palma livre, já que o outro braço se mantinha por debaixo do seu corpo, eu toquei sua bochecha com extremo carinho, trazendo sua face para perto da minha. Nossos olhares foram intensos e fortes, profundos a ponto de me fazer sentir aquela conexão que geralmente sinto quando estamos envoltas da áurea do sexo, do entrelace das nossas almas. Eu via ali, no entanto, um temor verdadeiro em suas irises marrons.

- Meu único medo é não ser suficiente pra você - confessei, sentindo meu coração apertado e contraditoriamente aberto.

Cleo negou com a cabeça, como se não cresse nas minhas palavras e ao mesmo tempo as considerasse um absurdo. Eu calei seus lábios com dois dedos quando esses se abriram afim de um retruque.

- É você não estar lá... porque percebeu que merece mais. Porque se deu conta de que- - eu não tive como terminar. A forma abrupta como Cleo expulsou minha mão da sua fronte e atacou meus lábios, trazendo seu corpo para cima do meu, deixou claro o quanto ela repudiava cada palavra que eu havia dito.

- Você é mais do que suficiente pra mim - murmurou contra minha boca, a língua contornando meus lábios de forma sensual e íntima, hipnotizante. Sua respiração ofegante vinha de encontro a minha, o que tornava tudo ainda mais erótico e intenso. - Mais do que suficiente - reafirmou antes de voltar a me atacar.

Voltando ao presente, eu tentei me agarrar a intensa e genuína forma com que ela se declarou, na maneira como fizemos amor logo em seguida, dessa vez com ela tomando a mim. Eu senti em seus toques, em cada beijo, cada carícia, que ela tentava me fazer acreditar que era eu, e que eu sempre seria aquilo para ela: A pessoa dela.

A-traídasOnde histórias criam vida. Descubra agora