Capítulo 7 ........... Partidas

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Claonice Narrando




Respirar nunca foi tão difícil.

Enquanto eu tentava controlar as emoções e espasmos que sacudiam meu corpo, pude reparar em Laura olhando para mim. A satisfação em seu rosto era quase tão intensa quanto minha. Apesar de não ter alcançado o clímax, isso parecia não fazer diferença pra ela.

Com os batimentos cardíacos já recuperados quase que completamente e o misto de sensações mais brando, minhas bochechas coraram debaixo do seu olhar. Eu ainda estava nua, assim como ela, no entanto Laura não parecia se importar com sua nudez tanto quanto eu me importava. Ela devia estar tão acostumada a isso, a esse tipo de encontro onde ambos sabiam que se tratava apenas de sexo, que já não levava mais qualquer tipo de timidez.

O silêncio que se instaurou na sala era alto e constrangedor. Agora que nosso desejo havia, parcialmente, sido saciado, eu não sabia o que falar, para onde olhar e tampouco como agir. No entanto, tinha ciência de que não devia me iludir achando que Laura mudaria de ideia sobre quanto a me ouvir. Afinal, o fato de termos cedido as nossas emoções não significava que ela havia me perdoado. Ainda assim, eu não esperava que nosso pós sexo soasse tão frio. Sempre que nos imaginava tendo este momento, o final era outro. Laura me pegava em seus braços, me dava um beijo na testa, e me deixava confortável em seu peito, relaxada, enquanto aguardava minha respiração se acalmar e minha mente se organizar para formar um pedido de desculpas no mínimo decente. Nós nos resolvíamos, eu prometia jamais lhe abandonar novamente e então seguiríamos felizes uma com a outra.

Ao invés disso, a realidade se provou completamente o oposto.

Como se soubesse deste fato tanto quanto eu, Laura se pois de pé, afastando-se de mim. A perda do calor do seu corpo me fez querer resmungar. Andando pela sala, ela foi até a mesa. Eu me sentei no sofá, envergonhada, porém não deixando de reparar na circunferência perfeita que era sua bunda, e no balanço dos seus quadris. Seus cabelos estavam totalmente embaraçados, dando a ela uma áurea selvagem. Os ombros, como eu havia notado anteriormente, mais largos do que eu me lembrava, assim como suas pernas soavam mais grossas e torneadas e os braços mais definidos. Seja lá o que ela estivesse fazendo, só servira para lhe deixar ainda mais irresistível.

Curvando-se, dando-me uma visão panorâmica do seu bumbum, ela catou seu sutiã do chão. Enquanto caminhava, pegou no caminho o vestido e a calcinha que eu havia chutado para longe. Sem proferir sequer uma palavra, ela me jogou as peças enquanto se encaminhava até às suas. Capturando minhas roupas no ar, eu me pus a vesti-las. Minha calcinha ainda se encontrava extremamente molhada, e agora também fria. Meu vestido, com dois rasgos na saia. Seria vergonhoso ter que pedir a Márcia que comprasse algum par de roupas para mim, mas eu temia que não teria escolha.

Enquanto fechava os botões da frente do meu vestido, vez ou outra lhe roubava um olhar. Laura parecia tão séria arrumando sua camisa, ajeitando a gola e pregando os botões, que me perguntei se já estaria se sentindo arrependida. Provavelmente sim, o que me entristecida.

Desfilando apenas com a camisa posta e o paletó jogado sobre o ombro, ela veio até onde sua calça e sapatos estavam espalhados. Já totalmente vestida, eu tentava buscar em minha mente alguma forma de puxar assunto, mas nada parecia ser bom e natural o suficiente. Além do mais, não é como se fôssemos amigas ou qualquer coisa do tipo, então, não havia porquê falarmos qualquer coisa uma com a outra, e isso era doloroso. Eu me recusava, contudo, em deixá-la partir assim, sem mais nem menos, como se eu fosse apenas mais das mulheres com quem ela ia para casa na volta da balada, e tinha que despachar ante do raiar do dia.

Nada vinha a minha mente, e ela tampouco se esforçaria para falar comigo, já que isso não era do seu interesse. Só o fato dela ter permanecido em silêncio durante todo o ato, já era um indício das suas intenções. Para ela o que fizemos não passará disso; alívio.

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