Capítulo 16 ........... Tanto Faz

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Olá, pesssoinhas, então, se puderem comentar, eu amaria ler viu, sinto falta dos entusiasmos nos comentários, isso realmente me anima :/ digam o que acham, se estão gostando, se estão odiando, eu quero muito saber. Bijundas e boa leitura *-*
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Cleonice Narrando

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O percurso até a garagem do prédio seguiu em silêncio. Laura não fez nenhuma pergunta a respeito da minha mãe, o que eu secretamente agradeci,  tampouco comentou sobre Ludmila, o que também me deixou aliviada. Eu já tinha tanta coisa na cabeça, tantas preocupações, que não tinha certeza se conseguiria lidar com ela me enchendo de perguntas.

Já em seu Fox, o silêncio parecia desconfortável, talvez pelo fato de estarmos tão próximas uma da outra em um ambiente fechado e o clima entre nós soar pesado. Nunca antes me vi tão dividida entre querer alguém perto e ao mesmo tempo longe. Eu a desejava tanto, em tantos níveis distintos, em tantos momentos diferentes, que ela ocupava a maior parte dos meus pensamentos durante o dia. Quando chegava em casa, no entanto, eu me via presa entre outro drama. Laura quase era esquecida, exceto pelos momentos em que eu desabava e me via desesperadamente desejando seu toque, seu abraço, suas palavras bizarras e reconfortantes. Na maior parte do tempo, era como se eu vivesse entre dois mundos, o mundo em que só existia minha mãe, e a vaga e  distante lembrança de Laura, e o mundo em que existia a mulher que eu amava e queria trazer para todos os meus mundos. Quando pensava nela, não pensava em minha mãe ou no que estava acontecendo. Ao longo do tempo, pensar em Laura tornou-se meu refúgio de toda a dor que vivenciava em casa. Eu não era a filha culpada por desleixo e negligência, eu era a quase namorada, que havia abandonado a mulher que amava, mesmo não desejando tê-lo feito.

Não importava onde eu estivesse, no entanto, em casa, atormentada com os problemas a cerca da doença da minha mãe, ou no escritório, envolta de casos quase sempre solucionáveis e os pensamentos perturbadores sobre Laura e suas conquistas. De um jeito ou de outro, em um mundo de fantasias ou no mundo real, eu sofria. A diferença, é que apenas umas das tristezas eu ainda era capaz arrumar, correr atrás do prejuízo. Prova disso era que Laura havia me perdoado, finalmente. Quanto a doença da minha mãe... Não havia mais esperanças para cura. Tudo o que eu tinha que fazer era ficar ao seu lado, realizar seus desejos de tentar recuperar o tempo perdido, quando a vida a obrigou a me deixar em razão das consequências dos seus atos. Consequência estas que hoje são exatamente a causa do câncer que a consome.

- Eu não a usei – Laura diz de repente, obrigando-me a sair do meu tormento pessoal. – Ludmila. Eu não a usei.

Respirando fundo, eu continuo a olhar pela janela, vendo a cidade voar diante dos meus olhos enquanto me pergunto quanto tempo resta para chegarmos ao hospital. Sendo o mesmo instalado do outro lado da cidade, nós provavelmente ainda levaríamos um tempo na estrada.

- Tanto faz – eu murmuro para ela, minha voz sem qualquer vestígio de emoção. Eu simplesmente não queria falar sobre isso. Doía. Aliás, havia algum aspecto da minha vida que, quando mencionado ou discutido, não me causava dor? Eu achava bastante difícil, levando em consideração que, tanto minha vida pessoal quanto profissional e amorosa, tomavam todas as minhas energias e pensamentos.

- Sei que não quer falar sobre isso...

- Então vamos apenas não falar – balbucio.

- Mas não dá para simplesmente ignorar, Nice.

Nice.

Eu fecho os olhos, apreciando a forma doce como me chama e o quanto isso mexe com meus sentimentos.

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