Capítulo 35

46 5 0
                                    

Dois dias haviam se passado desde que havia comentado com Bia, sobre a conversa estranha do dr. Andrew com o carteiro. Ela ainda não tinha chego a nenhum lugar com nada, pelo menos era o que havia me dito, já eu comecei a estudar melhor os bilhetes de ameaças que havia recebido, e faziam semanas que nenhum outro foi entregue a nós. Coincidentemente houve uma remoção grande de oficiais do porto para uma outra base dentro do Havaí.

Mesmo com tantas informações, eu ainda não sabia como conecta-las.

Adam havia chego e dado como segredo, o que depois eu descobrir ser algo pessoal e não uma questão política. Precisava falar com Adam, tentar entender melhor o que o prendia aqui e qual era esse segredo.

Logo após o ataque que sofremos, os bilhetes chegaram, mas o homem que atacou Bia estava preso na época, o que não durou mais que duas semanas. Se ele quisesse vir atrás de nós, teria vindo muito antes.

Então as cartas escondias no correio, o sumiço do meu irmão e a morte misteriosa da garçonete. Como tudo isso estava conectado?

Coloquei as mãos sobre o batente da janela, estava no segundo andar do edifício hospitalar, haviam alguns transeuntes passeando por ali, familias acompanhando seus filhos até a porta e um homem com muletas cruzava o jardim em direção ao banco que sempre ficava.

Porque isso tudo é tão importante?

Nós nada tínhamos haver com aquilo, as ameaças sumiram e ja não éramos mais alvos. O que fazíamos perseguindo algo sem propósito algum?

Balancei a cabeça, eu sabia muito bem por que estávamos tão focadas, era um problema enorme se observasse melhor.

Precisava começar a ter respostas e não mais perguntas.

Alcancei o térreo rapidamente e com passos largos e apressados, atravessei o jardim e sem muito rodeio, me sentei ao lado de Adam no banco.

- Conseguiu comer aquele dia? Ou devo me preocupar em receber mais um jato de vômito? - ele falou ainda olhando para o horizonte. Como ele sabia que era eu sem ter me olhado?

- Não, hoje ja me sinto muito melhor - apertei o avental nas mãos, ele se virou para mim.

- Mas ainda sim parece ter algo a incomodando. Tem notícias de seu irmão?

- Não, de nenhum dos dois a propósito, a última carta a qual li foi de minha mãe que estava desolada, e contava como a casa havia perdido a alegria...

- Eu entendo bem como é isso... - ele suspirou, o olhar perdido no joelho da perna ainda existente.

Interessante.

- Perdeu alguém também? - obviamente Lizie, estamos em guerra!

- Meu irmão - ele desviou o olhar, se remexendo para mudar de posição - Poucos meses antes de chegar aqui...

- Não quero ser insensível caso lhe aflinja falar do assunto, mas se quiser me contar, desabafar...

Sutil.

- Estávamos fazendo uma ronda aos arredores de Ardenas, foi logo após os ataques alemães a Holanda e Bélgica, não esperávamos um ataque ali, fomos pegos de surpresa. Foi uma batalha difícil e sem muito o que fazer batemos em retirada, corremos como loucos, eu e meu irmão tomamos um caminho contrário ao que o restante dos soldados haviam pego. Ele dizia que sairiamos melhor por ali e conseguiriamos enviar um aviso sobre o ataque antes que fosse tarde. Mas não foi como esperávamos, andamos por muito tempo até sem querer meu irmão ouvir um clique. Olhamos para onde seu pé havia pisado e já sabíamos o que nos esperava ali.

Além do AlcanceOnde histórias criam vida. Descubra agora