Capítulo 37

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Um beija flor bate as asas mais rápido que um suspiro, cerca de 50 vezes por segundo. Impressionante, não?

Havia lido em algum livro durante o curso de enfermagem, e achei fascinante a forma como a natureza nos surpreende.

Eu o observava, pairando no ar próximo a uma flor na entrada do alojamento. Havia algo encantador nos beija flores, poético e belo.

- Queria saber voar, e rápido como você - sussurrei para o vento - Poderia desaparecer tão rápido que ninguém sentiria minha falta...

- Ágora deu de falar com pássaros Lizie - Bia descia os degraus com um cesto de roupas em mãos.

- Pelo visto ele não era o único a estar me escutando - cruzei os braços - Tiny disse que...

- Eu sei, pedi a ela para te avisar - ela colocou o cesto no chão - Preciso te mostrar uma coisa...

- Certo, e onde essa coisa está?

- Aqui - ela olhou para o cesto, o pegando em mãos novamente - Vamos, o seu dormitório é o mais seguro.

- O meu? Porquê o seu não? - começamos a dar a volta.

- Minhas paredes tem ouvido - ela suspirou - Lizie, tem minha gratidão pelo resto da vida, mas isso que estamos fazendo...

- Você queria muito descobrir os bilhetes, assim como eu e pegar aquele...

- Sim, e graças aos céus estamos livres dele. Mas os bilhetes... eu recebi um ontem.

- Eu também - assim que falei ela parou de andar.

- Quando pretendia me contar?

- Agora, da mesma forma que você.

- Liz, se eu estiver certa, eu que te envolvi nessa bagunça - ela sacudiu a cabeça - Eu estava tão cega.

- Você precisava da minha ajuda, o que aquele verme fez...

- Não Liz, não tem nada a ver com ele - ela me encarou, seu olhar era firme e assustador - Foi antes, bem antes.

- Do que você está falando Bia?

- Primeiro vamos ao seu dormitório, depois eu te explico tudo. Conseguiu juntar alguma coisa?

- O suficiente.

- Ótimo.

Assim que fechei a porta do quarto, Bia jogou em cima da cama o conteúdo que estava no balde, varios papeis, desenhos e alguns pequenos amassados em bolas caíram sobre o colchão.

- O que são essas coisas? - peguei um papel desenhado mas ela puxou de minha mão.

- Acabei misturando com alguns desenhos - ela coçou o pescoço, olhei para o papel em suas mãos, enquanto ela os pegava da cama, e o que me chamou a atenção foram as formas femininas desenhadas, todas com corpos lindos e detalhados. Ela limpou a garganta antes de os esconder sobre algumas peças de roupa. - Onde estão suas coisas?

- Aqui - me abaixei e retirei debaixo da cama a caixa com tudo que havia conseguido até ali - Tem algumas anotações do que me lembrava sobre a autópsia da...

- Sim, sim isso é ótimo! - ela sorriu - Eu consegui mais coisas também.

- Espera, você não ia me dizer sobre o que aconteceu antes de nós...

Ela suspirou, e bateu no colchão, para que eu me sentasse.

- Duas semanas antes, eu havia ido até o armazém de suprimentos hospitalares, para verificar a contagem correta do que havia chego. O problema era que duas caixas de anestésicos haviam sumido, e ninguém havia entrado ali além de mim. Decidi achar os recibos para conferir e quando os encontrei, notei que o Dr. Andrew e Margareth os haviam assinado. Fui questionar eles, caso soubessem da falta, mas eles admitiram não terem contado, nem sentido falta delas até eu mencionar.

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