Capítulo 29

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A informação demorou para ser processada, e quando finalmente meu cérebro se pôs a trabalhar, foi que me caiu a ficha.

Preso!

Drake estava preso, ele havia agredido um superior! Como raios aquele dia poderia piorar?

Eu e Erica nos apressamos em direção aos alojamentos, Cesar andava de um lado ao outro em frente a casa e Anna estava sentada nas escadas ao lado de Hanna. Aquilo me surpreendeu, ainda mais pelo fato de ambas estarem de mãos dadas e com o olhar aflito.

Anna levantou o rosto quando ouviu nossos passos e avançou rapidamente para me abraçar, assim como Hanna segundos depois com os olhos inchados.

- Lizie o Edu! Eu sinto muito! - ela dizia entre soluços - Ele era um rapaz tão gentil.

- Ele é sim Hanna - a apertei forte, o rosto em seu ombro, lutando para evitar chorar novamente. A afastei com delicadeza - Precisamos tirar o Drake de lá! - Olhei para Cesar que estava agora ao lado de Anna. Ele concordou com a cabeça, o olhar preocupado.

- Sinto muito Lizie.

- Obrigada - dei uma passo a frente - Onde fica a tal prisão?

- Bom, ai é onde as coisas se complicam - ele coçou a cabeça e começou a nos explicar toda a história com detalhes. Drake entrou no correio e discutiu com o carteiro, depois partiu transtornado para a central, onde grande parte da inteligência se encontrava e discutiu com um Tenente, um tal de Schering, que afirmou não ter notícias sobre meu irmão e que não iria incomodar o lider do pelotão dele com o desaparecimento de um "soldados qualquer". Aquilo fez meu sangue ferver também. - Drake perdeu a cabeça, avançou no Tenente e os dois caíram no chão, ele foi preso por desobedecer a ordem de um superior e por agressão.

- Mas há alguma forma de tirar-mos ele de lá? - Hanna perguntou.

- Ele vai ser solto em algum momento, mas vão acabar incubindo ele de algum serviço pesado por um bom tempo - a expressão no rosto de Cesar suavizou - Não faço ideia de quanto tempo isso vai demorar.

- Ele deve estar arrasado - e com certeza estava, eu não poderia fazer nada quanto a sua prisão, mas poderia ir ver como ele está - Onde fica?

- Vou levar vocês lá - Cesar passou um braço pela cintura de Anna e começou a andar na direção oposta.

Andamos bastante, até um prédio pequeno com grades nas janelas e policiais ao lado de fora, na parede acima da porta os dizeres "Prisão militar disciplinar", a tinta estava desbotada e a aparência geral do edifício era desagradável. Adentramos a sala principal, onde um ventilador de teto girava lentamente e não parecia ter efeito algum no ambiente abafado. Um conjunto de seis cadeiras estavam dispostas e dois balcões com isolamentos e uma cadeira.

Cesar se apressou em falar com a atendente, que lixava as unhas e falava ao telefone, mas não demorou muito para que sua atenção estivesse totalmente voltada ao rapaz. Levemente ruborizada ela se aprontou em preparar de irmos encontrar com Drake.

Após algumas horas de espera, de Cesar reclamar com as paredes, ela retornou acompanhada de dois soldados com uniformes policiais para nos escoltar até a cela. O lugar era apertado, os tijolos aparentes e pintados de bege, com celas pequenas e vazias, não demoramos a chegar a cela de Drake que estava sentado no chão dormindo.

- Acorda - um dos soldados bateu com uma aste de borracha nas grades o que fez Drake dar um pulo assustado - Tem visita.

- O que? - seu olhar capturou o meu e em instantes ele estava colado a grade - O que estão fazendo aqui?

- O que você tinha na cabeça de socar a cara de um superior! - Cesar cruzou os braços o fuzilando com o olhar.

- Como você está? - perguntei tocando sua mão que envolveu a minha.

- Eu estou bem, e você? Meu Deus Lizie o que está fazendo dentro desse lugar?

- O que queria que eu fizesse? O deixasse aqui sem me certificar de que estaria bem? - impinei o nariz - Você é muito imprudente!

Ele revirou os olhos.

- Olha só quem fala! - seu sorriso presunçoso se desmanchou quando percebeu Anna e Hanna ali - Olá, Hanna, a quanto tempo. Vejo que ficou preocupada comigo.

- Apenas vim me certificar de que te trancaram direito. - Ela deu de ombro.

- Muito cortês de sua parte.

- Já sabe quando vai sair? - perguntei.

- Não sei, talvez fique por uns três dias ou uma semana. - ele se afastou e sentou-se no banco preso a parede - Ainda sim vou ser suspenso da minha posição de piloto.

- É o que eu imaginei - Cesar falou.

O guarda retornou nos dizendo que tínhamos de ir.

- Venho te visitar quando der - apertei a grade.

- Lizie - ele se levantou, a expressão séria em seu rosto - O Edu está vivo, eu sei que está, sinto nas entranhas.

- É o que quero acreditar também - concordei - Um dia ele vai retornar.

Ele baixou os olhos e os fechou.

- Vamos! - o guarda avisou se dirigindo a porta no fim do corredor.

- Cuide-se Drake - acariciei seu rosto e me virei para sair, pude ouvir seu suspiro  trêmulo.

Que ele tenha razão.

Estávamos caminhando de volta aos alojamentos quando uma comoção logo a frente nos chamou a atenção, a polícia estava ali, assim como Margareth e algumas enfermeiras. Prontamente em instantes eu, Erica, Anna e Hanna estávamos ao seu lado, e a cena era chocante.

Um corpo coberto por um saco preto estava deitado no chão, em frente a uma das casas, Margareth tinha a feições duras e falava com os policiais, as enfermeiras acudiam as outras garotas que dividam a casa com a moça. E nos foi informado que a moça morta era Beth, a jovem que trabalhava em um restaurante frequentado pelos oficiais.

- Céus! - Erica colocou as mãos sobre o peito - Tão jovem!

- Estão dizendo que ela própria lhe causou isso. - disse a moça ao lado de Erica, baixinha e com as bochechas húmidas - É uma tragédia!

- Sem sombra de dúvidas - Anna apertou minha mão - Acho que não seja o melhor cenário para você e Erica.

- Fomos treinadas a lidar com a morte Anna, ela sendo de um paciente, um desconhecido ou um parente - dei de ombros.

- Não seja condescendente Lizie, isso é muita coisa para um período de 24 horas! Vamos esperar por notícias, mas não precisarão de nós aqui.

- É melhor irmos - Hanna concordou já dando meia volta.

- Espere! - Erica se apertou para passar e chegar perto de um policial - Posso olhar o corpo?

Eu e as meninas nos entre-olhamos.

- Ela é enfermeira - Margareth tocou seu ombro -, nós já o vimos querida.

- Tem certeza? Olharam tudo?

- Srta. Wesley, posso afirmar com todas as letras que sim, nós a examinamos muito bem.

Erica hesitou por un instante, mas cedeu e nos acompanhou para longe da aglomeração.

- O que foi aquilo? - lhe perguntei assim que já estavamos distantes.

- Não sei explicar, mas algo me diz que não foi o que disseram - Ela parou abruptamente - Precisarei de vocês para fazer algo.

- O que seria isso? - Anna perguntou cruzando os braços.

- Erica, me diz que você não vai levar isso tão a fundo - Hanna tinha uma expressão preocupada no rosto.

- Seria impossível me pedir algo assim.

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