Capítulo 10.

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Um mês e tudo estava relativamente calmo já que eram poucos os soldados, que chegavam feridos, dos navios atacados.

- Lizie, pegue aquela caixa! - Margaret pediu enquanto higienizava o ferimento no rosto de um soldado que tinha se ferido no treinamento com arma.

- Sabe pensei que seria mais agitado por aqui... - Falei desapontada enquanto lhe entregava a caixa.

- Graças a Deus não é! Significa que não houveram, conflitos que necessitassem de nós. - ela sorriu para mim.

- Sim, claro. Mas digo, não que seja bom, mas estudamos para isso, queria pegar no pesado. - Falei me sentando em uma das macas vazias.

- Se quisesse mesmo, já teria pedido transferência para uma base em meio ao campo de guerra. - ela riu.

- Ai! - o soldado disse.

- Não é uma má idéia... - ri - Estou brincando. Estou feliz pelos feridos serem por causa de treinamentos, doenças estomacais ou infecções. - fiz uma careta e pisquei para o soldado, o que os fez rir.

Ela pegou a caixa e guardou, logo depois começamos a limpar a pequena bagunça e a esterelizar.

Assim que cheguei em casa pude sentir o cheiro forte de bolo assado.

- Quem decidiu fazer um bolo? - perguntei entrando na cozinha.

- Chocolate. - Anna disse colocando sobre a bancada um bolo coberto de chocolate ainda soltando fumaça.

- Vocês se daria bem como mãe, avó e a tia que gosta de engordar as crianças! - melei o dedo no bolo.

- Vou engordar você para depois devorar! - ela riu e puxou o bolo.

- Alguma novidade? - Serrei os olhos para ela com um sorriso travesso.

- Ora, como poderia não ter? - ela deu um sorriso largo sentando-se ao meu lado. - Lembra do Cesar? Aquele bonitão que pilota?

- Lembro sim! - era impossível não lembrar do rapaz que contou tanta vantagem por ser piloto, que eu até achei, que ele estava inventando.

- Me chamou para sair, pelo que sei, há uma danceteria no centro, e muitos soldados de folga vão para lá. - ela agarrou meu braço, fazendo biquinho - Por favor, diz que vai comigo?

- Anna! Não tenho tempo para esse tipo de brincadeira!

- Mas qual o problema? Não temos que estudar, e tudo está tão calmo. Isso é medo, senhora Liz? - ela cutucou minha barriga me fazendo rir.

- Não! Não é medo, eu só... - revirei os olhos e olhei para ela que tinha uma expressão divertida - Tudo bem, mas então irei precisar de roupas para isso.

Um brilho iluminou seu olhar, e em um pulo ela se endireitou e me puxou pela mão até o quarto.

- Vamos, vou te levar as compras! - ela bateu palmas.

Apenas balancei a cabeça rindo. Peguei minhas econômias, eu havia conseguido guardar uma boa quantia, graças a ajuda de minha mãe.

Na pequena loja de esquina, Anna me fez provar centenas de vestidos, saias e blusas. Saimos de lá com três sacolas cheias, havia aproveitado também para comprar uma roupa de banho, já que estavamos na praia.

Nunca fui o tipo de garota que saia para dançar ou me divertir, desta maneira, mas não me custava dar a chance a essa nova fase.

- Vamos! Eu quero ver como ficou! - Erica disse do lado de fora do quarto.

- Sinceramente, não estou tão inclinada a ir... talvez isso não seja para mim. - estava parada em frente ao espelho, olhando aquela figura emperiquitada, que parecia uma pin-up das revistas.

- Você não pode amarelar agora! Tem que ir. - Anna falou como se me desse uma ordem e se calou logo em seguida.

- Anna, o que você fez? - Ouvi Erica perguntar, já podia imaginar ela cruzando os braços e batendo o pé no assoalho.

- Digamos que eu tenha prometido ao Cesar, levar uma amiga para o amigo dele...

- O que! - abri a porta, pronta para lhe dar um sermão, mas assim que coloquei o corpo no corredor, elas me olharam boquiabertas. - O-o que ouve? Estou um desastre não é? - coloquei as mãos no rosto.

- Não, nada disso! Você, está incrivel Lizie, caramba! - Erica disse tirando minhas mãos do rosto.

- Garota, é melhor nem pensar em roubar todos os homens! - Megan disse passando por nós.

Senti minhas bochechas esquentarem.

- Não, acho que não vou, vai ser uma péssima ideia! - comecei a andar para trás mas elas me puxaram de volta e começaram a me empurrar para a sala.

- Nada disso! Você vai, nem que eu tenha de amarrar seus pés como os de um leitão! - Anna falou ajeitando o cabelo.

Ouvimos um som de buzina e Megan correu para a janela acenando.

- Vamos! Eles chegaram! - ela pegou sua bolsa e saiu toda sorridente.

Anna e Erica me encurralaram bem no meio, entre elas, e me arrastaram para fora. Um carro nos esperava, com mais três rapazes, o Cesar, o soldado Francis, que havia sido atendido na enfermaria após se machucar com a arma, e mais um que eu ainda não conhecia.

Nos sentamos no banco de trás, e eles aceleraram, parecia uma festa naquele conversivel, o vento, a boa energia, as risadas, mas tudo que eu conseguia pensar era que, estava indo para o abate.

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