Capítulo 5

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Tudo era verde, marrom, preto ou cinza. Tendas estavam abertas em um enorme pasto. Descemos do ônibus e seguimos um sargento, que era um pouco mais velho que meu pai.

Entramos em uma daquelas tendas. Haviam caixas verdes, e armas em cima de mesas. Um arrepio subiu pelo meu corpo ao vê-las de perto.

Éramos cerca de umas setenta mulheres. Nos sentamos em uma fileira de cadeiras e uma mulher muito bonita mas com ar de durona, passou por nós com muitos papéis nas mãos. Ela os colocou em uma mesa e começou a chamar os nomes que estavam em uma folha.

Um mês antes, todas tínhamos de enviar uma carta com nossas informações para prestar serviços a Cruz azul. E então eles enviavam uma carta nos convocando para o exame médico e para o alistamento.

- Alicia Gustamont! - A Coronel chamou com um tom ríspido.

Depois de ela chamar os As, e os Bs; eu esperei até chegar o L. Sabia que iria demorar e fiquei olhando para a agitação que estava, com um pequeno grupo de soldados correndo e cantando uma marcha.

Um deles, o último que passou olhou para dentro da tenda e sorriu. Não sabia para quem era, mas dei um sorriso tímido caso a pessoa que ele comprimentou não o tivesse visto.

As garotas foram saindo seguindo para outra tenda, foi então que percebi que já haviam passado da letra L e não haviam me chamado. Levantei e fui até a coronel.

- Com licença, mas a senhora já chamou Lizie Jhon Cárter Jones?

- Hum... - ela olhou em uma lista. - Não, não chamei ninguém com esse nome. Não está na lista.

- O que! Como pode? Eu enviei minhas informações e me convocaram pela carta! - Falei indignada.

- Senhorita, sente - se e logo resolveremos seu problema... - ela voltou a chamar os nomes e eu me sentei. Cruzei os braços.

Eu estava contrariada e irritada! Como pode isso? Eu não podia ter chegado até aqui por nada!

***
Depois de um tempo, eu era a unica ali; ela me chamou.

- Bom, sim a senhorita mandou uma carta e ela está aqui, seu nome suas informações. E sim, foi selecionada. Agora pode ir! - ela recolheu a papelada.

- Ir?...

- Para onde as outras foram! Ou você é cega?

- Não... perdão...

Segui para a outra tenda onde todas estavam em fila para uma parte fechada.

- O que é isso? - perguntei a loira, última da fila. Bom na verdade penúltima, já que eu havia chegado.

- Exame médico. - ela disse. - Hã... prazer, Erica!

Ela estendeu a mão e eu a apertei.

- Lizie!

Passaram todas e estava na vez da Erica.

- Lizie Jhon Cárter Jones! - Ouvi uma voz masculina me chamar atrás das cortinas.

Entrei e havia uma mesa, uma balança e uma coisa, que eu não sabia o que era, mas tinha uma idéia do que poderia ser.

Parei em frente a mesa e o homem levantou o olhar para mim por cima dos óculos.

- Então?... - ele gesticulou com a mão.

- Hã... Olá?

- Não criança, preciso que tire a roupa.

- O que!

- Para o exame. Preciso que tire, todas as outras tiraram.

- Tudo bem...

Tirei a roupa, ficando somente com o sutiã e a calcinha. O homem, não parecia se importar, fez os exames. Pediu que me pesasse, mediu minha altura e tirou sangue.

Sai de lá, quase enfiando a cara na terra, de vergonha.

- O que achou? - a garota do ônibus agarrou meu braço.

- Uma experiência estranha...

- Também não gostei nem um pouquinho... mas ele era médico, então menos mal. - ela me puxou para perto de uma roda de garotas. Nem todas ali eram garotas, uma parte era já adulta.

- Ele morreu de pneumonia... faz só dois anos, e então eu decidi ser enfermeira... para me ocupar! - uma mulher que aparentava, uns trinta anos. Seu olhar estava marejado.

- Sentimos por ele! - Uma outra mulher de cabelos pretos e batom vermelho pegou suas mãos.

- Tudo bem... ele está em um lugar melhor agora... - Ela disse secando os olhos.

- Bom meu pai e meu noivo estão na guerra... com certeza isso não está sendo fácil para ninguém... - Uma ruiva disse, cortando parte do assunto.

- Todas as minhas irmãs estão servindo como enfermeiras e agora eu também estou. - Annabett disse.

- Minha mãe está doente e minha irmã mais velhas está cuidando dela... e eu vim servir também... - Erica disse, mas era triste ver que ela deixou para tras a mãe doente.

- E você? - Elas olharam para mim. Corei na hora.

- E-Eu... hã... meus dois irmãos estão também servindo e nosso vizinho... - Falei baixo.

- Uuuu, e esse vizinho? É bonito? - A mulher de cabelos pretos me perguntou.

Bom Drake não era lindo, nem forte, nem um pouco parecido com algum dos rapazes que já vi. Ele era muito magro, alto, sardento e tinha os cabelos enrolados e negros. Ele tinha a pele bronzeada, pois a mãe dele era branca e o pai era negro.

- Bom, ele é bonito a sua maneira... acho que isso vai ao gosto e aos olhos de quem vê... - Falei.

- Quem sabe a gente não encontra com ele?! - ela deu um sorriso de orelha a orelha.

Será que todas ali só pensavam nisso? Arranjar um par?

Embarcamos no ônibus novamente, agora nosso destino era uma escola preparatória de seis meses, e então seríamos separadas. Cada qual para uma base diferente.

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