Capítulo 41

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Coloquei a pequena lamparina no chão, ainda sentada sobre os calcanhares, eu buscava entre as cartas em minhas mãos, algo que parecesse no mínimo suspeito. Nada. Eram apenas cartas e mais cartas de nada. Precisava agilizar a busca, ou alguém desconfiaria da luz que mesmo discreta, cintilava pelo vidro das janelas.

- Lizie John Carter Jones, eu já não disse que que você é uma lerda? - resmunguei para mim mesma. Qualquer um que me assistisse naquele momento, me acharia uma completa maluca.

Nada! Isso era frustrante!

Pensa Lizie, pensa, deve haver alguma... Caixa!

- Como não pensei nisso antes? - me levantei, pegando a lamparina e devolvendo as cartas para a gaveta de onde sairam. Me virei para a prateleira, ficando na ponta dos pés, tateei até tocar uma caixa. Sabia!

Assim que minhas mãos tocaram a caixa, coloquei a lamparina no chão, e ainda na ponta do pé, me estiquei para puxar a caixa até que ficasse fácil de pegar.

Dentro dela estavam as mesmas coisas de antes, o anel, as cartas, e mais alguns documentos, mas daquela vez o que me chamou atenção foram as cartas. Antes eu e Bia não havíamos dado real importância, mas por que alguém esconderia aquelas cartas em uma caixa como aquela?

Abri a primeira, não havia data ou qualquer indício de ter sido a primeira a ter chego, mas era a que estava em minhas mãos. O selo era de cera e havia um símbolo que eu não conseguia identificar, mas me parecia extremamente familiar.

Querido tio, estou finalmente onde sempre deveria estar. Definitivamente não era minha primeira escolha, mas é a melhor. Longe de olhares curiosos e sem suspeitas a meu respeito. Espero que tenha conseguido se livrar daqueles malditos documentos, o dinheiro que enviei para as familias vai ser o suficiente para os convencer que nada do que estão dizendo seja verdade.
Espero de todo o coração que você e Steve estejam bem, diga a ele que quando estiver pronto, voltarei, vou saber como lidar melhor com nossos instintos, e com a sua ajuda, seremos incomparáveis.
Conheci uma pessoa hoje, muito gentil, espero que tudo dê certo entre nós. A propósito, sua fascinação por minhas ideias me deixa contente, acredito que seja uma ótima companhia para esses anos que passarei aqui.
Não irei me prolongar, mas estou enviando algumas sementes, talvez você descubra como cultiva-las e as leve para a feira, tenho certeza que fará sucesso.

Sem assinatura, sem nomes, sem qualquer indício de gênero. Seja quem for que escreveu esta carta, sabia muito bem que poderia ser pego por ela. O carteiro! Ele é o tio, ele sabe quem é!

Ótimo, Bia ficará imensamente feliz com essa notícia. Se de fato essas cartas forem de quem está nos perseguindo e de fato houver uma conexão a morte de Bete, nós teremos algo grande em mãos.

Peguei o outro envelope, ao todo eram quatro cartas, e novamente uma carta enigmática, sem pistas de quem poderia ser ou em que realmente trabalhava, até eu abrir a quarta e última carta.

Serei breve, estou partindo, algo deu errado, acho que podem chegar até mim. Comprei a passagem, consegui me alistar a tempo, então não há com o que se preocupar.
O filho pródigo volta ao lar, como diriam.
Tenho um pequeno favor a pedir titio, peça ao Steve que mantenha as plantas congeladas, tenho planos para elas.
Espero que tenha anotado os nomes, preciso da lista completa. Ouvi dizer que terá uma nova remessa de belos pares de seios na Bahia. Estou ansioso para fazer novas descobertas.

Ansioso.
ANSIOSO.

Claro! Era um homem, havia se alistado, era um soldado! Jamais me enganaria novamente, era aquele imundo do General Schmidt. Verme nojento!

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