Capítulo 34

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A anatomia do corpo humano é realmente fascinante. Veias, musculos, vasos, pele e muito, muito sangue. Desde muito jovem me interessava em saber como tudo isso se forma na barriga de uma mulher, gostava de imaginar como um bebezinho se tornava uma união perfeitas de carne e osso. 

Ali parada pressionando firmemente uma ferida de bala no peito de um oficial da marinha, era além de manter o esforço sobre o controle do sangramento, ter a dimensão do que aquele trabalho significava. Eram pessoas que um dia já foram um bebê recém nascido com dois pais que o amavam, pensar dessa maneira faz com que eu necessite me esforçar ao máximo para evitar a morte de alguém. Como eu poderia ficar de braços cruzados, ao saber que uma pessoa tiraria a vida de outra? 

- Consegui! - Erica gritou quando retirou a bala que havia feito o estrago, mas a ferida jorrou muito sangue - Droga!

- Hemorragia! Cadê o doutor? - Anna berrou correndo para fora do galpão.

- Vamos precisar leva-lo imediatamente para o hospital - Falei olhando o restante de homens fardados ao nosso redor.

- Vamos precisar de algo firme para imobilizar e carregar - Erica falou olhando ao redor a procura de algum objeto correspondente.

- Aqui! - um dos soldados falou puxando uma espécie de carrinho com uma prancha quadrada por cima - Isso serve?

- Serve.

Rapidamente e com ajuda, o colocamos com cuidado. Subi sobre o corpo dele e mantive a mão pressionada contra a ferida. Coloquei um dedo livre nela para examinar e consegui identificar o sangramento.

Chegamos ao hospital e o colocamos sobre uma maca, sempre com a mão sobre a ferida, eu contava os batimentos cardíacos dele. O doutor apareceu finalmente e fomos para a sala cirúrgica, não muito diferente da qual estávamos, apenas menor.

- Eu... - minha vista ficou escurecida e senti o coração bater nos ouvidos - preciso sentar!

Tirei a mão e me joguei em um banquinho de alumínio que estava próximo. Meus lábios estavam secos e as mãos suando, olhei para o sangue e senti meu estômago embrulhar. Sem predir permissão, sai da sala cambaleando as pressas, e bati em alguém quando virei o corredor, caindo os dois no chão. Ouvi o baque de algo ao meu lado.

- Ai! - ele reclamou - Meu Deus Lizie você está bem? - Adam arregalou os olhos ao ver o sangue em minha roupa.

- Não - e antes que eu me virasse, vomitei com ele em cima de mim.

Um silêncio pairou no ar e o cheiro era nojento, além do constrangimento gigantesco.

Céus Lizie, o que deu em você?

- Sinto muito - murmurei, ele esticou o corpo e se jogou para o lado - Sinto muito mesmo, eu estava passando mal e não...

- Tudo bem, não precisa explicar eu imaginei - ele se sentou e me ajudou a sentar - O que aconteceu?

- Um tiro. Tive de controlar a hemorragia, e depois que entramos na sala cirúrgica eu comecei a passar mal... achei que fosse desmaiar.

- Para uma enfermeira você tem estômago fraco.

- Não tenho estômago fraco! Não se esqueça que a sua perna fui eu quem cuidei! - limpei a boca e olhei para o meu avental - Que nojo, preciso de um banho.

- Digo o mesmo - ele olhou para a sua roupa que não estava tão ruim quanto a minha - precisa de ajuda para levantar?

- Não, não, eu consigo - tomei impulso e tentei levantar mas voltei a cair sentada - certo melhor esperar um pouco.

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