Me sentei na cama, finalmente a sós comigo mesma. Respirei fundo, a agitação do encontro entre Hanna e Drake me deixará exausta! Ela o provocou diversas vezes e ele não se deixou abater e sempre lhe retribuia uma resposta certeira, mas no fundo ambos estavam se divertindo com aquilo. Retirei a carta que estava dentro da saia e a abri depressa, deixei meu olhos percorrerem as letras datilografadas e paralizei.
21 de Setembro de 1941.
Forças armadas britânicas.
Lamentamos Noticiar aos familiares de Eduardo John Carter Jones, soldado da 1° divisão de infantaria do exército Britânico, foi formalmente dado como desaparecido após uma missão de resgate. O soldado Jones não retornou juntamente de seu pelotão, mas agradecemos a bravura do mesmo e por ter sido apontado como herói por seus companheiros.
É com pesar que informamos que fizemos de todo possível por Jones, as buscas foram encerradas dia 23 de Setembro de 1941.Reli novamente a carta, aquilo não podia estar certo, não, eu não aceitaria essa... essa... maldição!
Minha visão ficou turva por conta das lágrimas que começaram a deslizar as pressas, minha mente dizia que aquilo era mentira, mas meu coração doia, doia como nunca havia doido. Amassei o papel e o lancei o mais longe que consegui, me encolhendo na cama, tremendo violentamente por conta do desespero. Meu irmão não podia ter feito isso comigo, não podia ter desaparecido! Desaparecer, como eu bem sabia, era o mesmo que ter sido morto mas sem que encontrassem um corpo.
Meu pai sempre dizia que somos capazes de sentir um presságio de algo ruim, e eu havia sentido, havia notado que o mundo havia saído fora do eixo e ameaçava me lançar contra uma parede de tijolos. Sentia meu peito doer com cada soluço dolorido que escapava dos lábios, chorei por horas, até adormecer por não aguentar mais de exaustão.
♡
Senti uma forte dor de cabeça, meus olhos abriram com dificuldade, a luz do sol invadia o ambiente, o céu azul, os pássaros cantando, nada naquela manhã ensolarada combinava com a sensação de perda que eu estava sentindo.
Eduardo sempre fora o mais corajoso e o mais teimoso de nós três, ele e Michael sempre discutiam, porquê como todas as vezes, Eduardo arriscava nas brincadeiras perigosas e levava bons puxões de orelha do nosso irmão mais velho. Sabia que o que dizia na carta era verdade, mesmo que ela não contasse muita coisa, Eduardo era capaz de tudo, não tinha medo de se arriscar por ninguém, e acredito que não tenha sido diferente.
Soltei um soluço e sequei os olhos me olhando no pequeno espelho, estava inchada e com uma péssima aparência, se pudesse, evitaria por os pés para fora do quarto e de maneira alguma iria trabalhar, mas o mundo seguia seu curso e ninguém ali tinha culpa pelo que houve, ou poderia faltar mas isso poderia servir de agravante já que passei dois dias fora. Eu choraria por meu irmão até não sobrar uma só gota de água em meu corpo, mas não podia negligenciar o restante.
Olhei ao redor e notei que estava sozinha, nem Erica ou Anna e muito menos Megan estavam no cômodo. Meu olhos se deteram ao capturar o papel amassado no chão, próximo a janela. Abaixando e o pegando, reli a carta novamente, e notei pela luz que entrava pela janela, que havia algo escrito na parte detrás.
Sinto muito lizie, seu irmão era tudo para mim, tomei providências para que essa carta chegasse a você, estarei em breve de volta ao Brooklin mas peço que assim que possível venha me visitar, irei apreciar conhece-la, ele sempre me contava sobre o quanto você era especial.
Guarde essa carta com você, eu sei o que diz nela, mas acredito que ele não tenha de fato... Nem mesmo consigo escrever está maldita palavra.
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Além do Alcance
Fiction HistoriqueSe parte de sua família estivesse preste a desmoronar? Se você não tiver chance de salva-los? Lizie enfrenta um destino cruel e triste. Com a segunda guerra prestes a começar, Lizie só pensa em entrar para a enfermagem e cuidar dos feridos. Tudo co...