Capítulo 2

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Londres, 24 de setembro de 1940.
14:40 Pm.

Não sei como começar essa carta. Estamos em meio a uma crise, eu sei, mas por enquanto não ouve conflitos armados de acordo com o que disseram para nós. Mas estão com medo de que ocorra ataques, e de acordo com alguns dos soldados é pelo tratado de Versalhes. Mas isso foi a anos! E agora enviam ameaças direto. Mãe espero que tenha recebido esta carta, o papai como está? Espero que Ana e Eliot estejam se comportando. Não tenho notícias de Eduardo faz tempo...
E Lizie como está?, espero que vocês não tenham seguido com aquele plano estúpido. Lizie, não quero que se envolva com nada, fique em casa. Mãe estou com muita saudades da senhora, aqui não tem o delicioso ovo e Bacon da senhora. Sinto falta de todos.
Pai estou preocupado com o senhor, depois de a última carta, espero que esteja bem.
Talvez eu volte para casa no próximo setembro. Espero. Mas é quase uma certeza.
Até logo!

Michael jhon Cárter Jones.

Depois de ler essa carta, quase pulamos de alegria. Ele não podia estar falando sério, se ele acha mesmo que eu não vou ser enfermeira, ele está muito enganado.

- Graças a Deus ele está bem! Obrigada meu Deus, por cuidar dos meus bebês! - minha mãe chorava com a carta colado ao peito.

Ela me entregou o envelope do Eduardo.

Comecei a ler.

Ocenao pacífico, 21 de setembro de 1940.

Mãe, pai, Lizie, Ana e Eliot amo vocês. Estou bem, estamos treinando bastante e já estou começando a treinar vôos estratégicos. Vocês não acreditam quem eu encontrei em minha base! Drake está aqui, posso dizer que foi coisa do destino ou sorte, Deus deve realmente estar do nosso lado. Já enviei uma carta para o Mike, ele me enviou uma com tantas reclamações que fui obrigado a dizer que estou bem.
Não acho que haverá guerra alguma, isso só pode ser conspiração, não há porque temerem um conflito. Aqui tem muitas mulheres, e eu estou de olho em uma. Ela é tão linda, quero que a conheçam um dia.

Levei ela para um passeio pela base. Já falei que ela é enfermeira? Seus cabelos loiros me deixam cego. Não contém para ninguém, o Drake já está cuidado de me deixar envergonhado. Espero que todos estejam bem, logo mandarei mais cartas contando como esta tudo por aqui. É tudo tão novo e tão incrível, vocês precisam me ver pilotando esses aviões.
Estou com muita saudade de vocês.

Eduardo Jhon Cárter Jones.

Meu irmão era mais leve em escrever as coisas, não parecia preocupado com nada. Espero que essa garota seja legal, quem sabe um dia nos conheceremos. Mike já tinha uma namorada, ele a escrevia também. Cármen, ela é tão linda, nos visita com frequência. Meu coração pulava no peito de alegria pelas boas noticias.

- Vou preparar um bolo, vamos comemorar, leve as cartas para seu pai e depois vamos escrever uma para eles. - ela saiu sorridente para a cozinha.

Subi para o quarto e bati na porta.

- Pode entrar. - meu pai disse.

Ele estava deitado na cama, com uma cara de sono, mas logo seus olhos ganharam um brilho ao ver o que eu tinha em mãos.

- Acabaram de chegar, mamãe está preparando um bolo! As notícias não podiam ser melhores! - entreguei a ele e me sentei ao seu lado.

- Oh, Graças a Deus! - ele começou a ler as cartas e seu sorriso se abriu. - Ótimo eles estão bem, espero que Cármen tenha recebido a dela.

- Mike nunca deixaria de escrever a ela.

- E pelo visto, Eduardo já está de olho em alguém! Fico muito feliz.

- Eu também papai! Mas e essa crise, da qual eles tanto falam? Será que irá se tornar algo pior?

- Espero que não querida... - ele levantou da cama. - E olha só, Drake também está na base do oceano Pacífico, uma ótima companhia para o Edu.

- Concordo pai... bom vou descer e ajudar a mamãe!

Enquanto meu pai seguia para o banheiro, desci as pressas para a cozinha.

Drake é o melhor amigo dos meus irmãos, somos vizinhos desde pequenos. Com toda certeza a mãe dele logo vira nos contar as boas novas. Minha mãe e a dele são melhores amigas, tudo que acontece, uma conta para a outra.

- Lizie... você quer desistir da enfermagem?

- O que? Não mãe, é claro que não... quero estar perto dos meus irmãos e saber exatamente o que está acontecendo, que ninguém nos conta.

- Sim querida, mas nem sempre você vai para as bases que seus irmãos estão.

- Sim mãe mas pode haver uma chance, nem que ela seja mínima. E eu quero servir meu país estar la para ajudar ao máximo. E também faltam enfermeiras...

- Vocês ainda estão com essas idéias na cabeça? - meu pai disse, sentando - se a mesa.

- Sim... - Falei.

Ele coçou a cabeça.

- Lizie, seu irmão... - cortei ele.

- Pai, sei muito bem o que meu irmão disse, mas isso não vai fazer diferença na minha escolha.

Ele me fuzilou com os olhos.

- Mas a escolha aqui não é sua, você não decide o que irá fazer sem a minha autorização! - ele disse.

- Não preciso da autorização de ninguém, já tenho idade o suficiente para fazer o que bem entender! - Falei enquanto terminava de organizar a bagunça.

- Você mora debaixo do meu teto! - ele levantou da cadeira e sua voz se tornou um pouco mais grave - Você come da minha comida. Dorme nos meus lençóis, e ainda acha que tem autoridade sobre si mesma? Quando estiver fora dessa casa, poderá tomar conta de si mesma. Enquanto isso não acontece, eu decido o que você vai ou não fazer, e esse assunto está acabado aqui e se souber que você ainda continua com isso... poderá se retirar dessa casa, não será mais bem vinda!

- O que? Mas essa decisão é minha! Vocês nãos podem controlar minhas escolhas!

- Suba para o seu quarto.... - ele disse calmamente.

- Não ter...

- Suba agora!! - ele esbravejou apontando para as escadarias.

Obedeci, sabia que se não fosse ou fizesse seria pior do que apanhar no quarto.

Abri a porta e meu pai entrou logo a trás. Ele tinha em suas mãos uma cinta. Arregalei os olhos ao vê-la.

- Da próxima vez, não me desafie! - ele acertou uma de minhas pernas. Deitei na cama e abracei a parte onde ele havia acertado. - Não passe por cima da minha autoridade! Moças de Família não servem na guerra! Você não é uma qualquer para ir!

Ele parou ali, deu cerca de três cintadas sem mesmo olhar onde elas acertaram. Depois de respirar fundo algumas vezes e resmungar algo, saiu e trancou a porta do quarto. Fiquei encolhida na cama chorando baixinho, tentando ao máximo não fazer barulho e dar o gosto da derrota nas mãos dele.

Quanta ignorância! Tantos anos de erros e acertos e os homens continuam sendo uns trogloditas!

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