Capítulo 40

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Eu acordei em uma cama macia, me sentindo dolorida e atordoada. Meus olhos se abriram. Ayla estava deitada ao meu lado, dormindo. Uma luz entrava pela janela, por isso várias horas devem ter passado. Havia um enorme hematoma na testa dela, mas eu acho que eu devia parecer pior. Nós estávamos sozinhas e decepção me encheu. Eu tentei me sentar e fui recompensada com uma dor latejante e feroz no ombro. Olhando para baixo, encontrei meu braço e ombro envolvidos com ataduras.

Ayla se agitou, e então ela me deu um sorriso de alívio.

- Você está acordada.

- Sim. - eu sussurrei. Minha boca parecia cheia de algodão.

- Yerik ficou aqui ao seu lado na cama quase noite toda, mas Yegor o obrigou a sair para ajudá-lo a pegar os mafiosos russos.

- Eles conseguiram?

- Sim, eles estão tentando extrair informações deles. - Meus lábios torceram, mas eu não senti pena por eles.

- Como você está?

- Melhor do que você. - disse Kate, então ela fechou os olhos. - Me desculpe por ter discutido com você ontem. Eu teria me odiado para sempre se aquilo fosse a última coisa que eu tivesse dito a você. - Eu balancei minha cabeça

- Está tudo bem.

Ela pulou da cama.

- É melhor eu dizer a Yerik que você está acordada, ou ele vai arrancar minha cabeça fora.

Ela desapareceu e um par de minutos depois, Yerik entrou. Ele parou na porta, sua expressão ilegível enquanto deixava seu olhar percorrer meu corpo. Em seguida, ele se aproximou da cama e deu um beijo na minha testa.

- Você precisa de morfina?

Meu ombro parecia que estava pegando fogo.

- Sim.

Yerik se virou para a mesa de cabeceira e pegou uma seringa. Ele pegou meu braço e deslizou a agulha na dobra do cotovelo. Quando terminou, ele jogou a seringa no lixo, mas não largou a minha mão.

Liguei nossos dedos.

- Perdemos alguém?

- Poucos. Krigor e alguns soldados. - disse ele, e depois fez uma pausa. - E Umberto.

- Eu sei. Eu o vi levar um tiro. - Meu estômago se agitou violentamente. Isso ainda parecia surreal. Eu teria que escrever uma carta para a esposa de Umberto, mas precisava ter a cabeça clara para fazer isso.

- O que esse cara, Vitali, quis dizer com você ter algo que pertencia a ele? - Os lábios de Yerik contraíram.

- Nós interceptamos uma das suas entregas de drogas. Mas isso não é importante agora.

- O que é importante, então?

- Que eu quase perdi você. Que eu vi você levar um tiro. - disse Yerik numa voz estranha, mas sua expressão não revelava nada. - Você teve sorte da bala ter atingido só o ombro. O médico diz que vai curar completamente e você será capaz de usar seu braço como antes.

Eu tentei um sorriso, mas a morfina estava me deixando lenta. Pisquei, tentando ficar acordada. Yerik se inclinou.

- Não faça isso nunca mais.

- O quê? - eu respirei.

- Levar um tiro por mim.

Levar um tiro era um problema.

...

Eu tive que cobrir meus curativos para tomar banho, mas a sensação da lavar com água quente o sangue e o suor valeu a pena. Ayla, Allya e Anthony tinham ido embora menos de uma hora atrás. Meu pai tinha insistido que eles fossem embora. Não que eles estivessem muito mais seguros em Chicago.

The Cruel.   [✔︎ Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora