Capítulo 63

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Acsa.

Ele estava sentado no escuro no sofá. Eu senti o interruptor de luz e nos banhei no brilho suave.

- Yerik?- Meus olhos foram parar na árvore de Natal no chão, suas bugigangas em pedaços, e ao lado dela o celular de Yerik quebrado. O que aconteceu aqui? Houve outro ataque da Bratva?

Meus olhos encontraram Yerik curvado no sofá, vestido com uma camisa branca com as mangas arregaçadas. Os cotovelos apoiados em suas fortes coxas e ele estava olhando para alguma coisa.

Ele não olhou ara mim. Eu me aproximei dele lentamente, preocupada com seu comportamento estranho. Seus ombros estavam arfando com sua respiração, como se ele tivesse corrido várias quilômetros. Eu parei ao lado dele e segui seu olhar para baixo para a tela preta de seu iPad.

- Um associado da imprensa me contatou com fotos que deveriam fazer manchete.- disse ele com uma voz fria. Aquela voz não era uma que ele normalmente utilizava para mim.

- Fotos?- Christian tocou seu iPad e ele se acendeu. Chupei uma respiração profunda.

A tela mostrou uma foto tirada através das janelas do restaurante que eu escolhi para o meu encontro com Val. Mas Val não estava nela. Ele me mostrou com as mãos de Dante sobre meus ombros. Ele estava
logo atrás de mim, com o rosto inclinado para mim, a boca perto do meu ouvido como se estivesse sussurrando segredos para mim, quando tudo o que ele tinha feito foi me avisar para não correr.

A foto seguinte foi minha e de Dante deixando o restaurante juntos, de mãos dadas. Meu rosto estava abaixado, de modo Yerik não via como tensa eu tinha estado naquele momento. Yerik clicou a foto ao lado. Uma foto de mim em um carro com Dante, e parecia que ele tinha a mão entre minhas pernas, e não

porque ele pegou a bolsa. Bile viajou até minha garganta. Estas pareciam ruins. Muito ruins. Eles pareciam ruins para alguém que tinha a confiança normal nas pessoas, mas Yerik era desconfiado, suspeito e cauteloso. Para ele, essas fotos só poderiam levar a uma conclusão. Mas ele não podia acreditar que eu tinha um caso com Dante? Deus, ele deveria saber melhor. Ele me conhecia.

- Yerik - eu sussurrei, estendendo a mão para tocar seu ombro, mas eu congelei quando ele ergueu os olhos para mim. Eu nunca tinha visto aquele olhar em seus olhos. Eles eram selvagens com raiva. Eu queria correr o mais longe que pudesse. Meus olhos se
viraram para a garrafa vazia de uísque aos seus pés.

Yerik tinha bebido a maior parte. Um pouco do líquido âmbar tinha derramado e manchado o tapete bege, mas também havia manchas mais escuras.
Lentamente meu olhar se mudou para as mãos dele, que estavam segurando uma faca.

Uma das suas mãos estava enrolada em torno da lâmina com tanta força que o sangue estava escorrendo da mão para o tapete. Eu sabia que precisava fugir, mas que teria sido a admissão de um crime que eu não tinha cometido. Eu não tinha traído Yerik, nunca faria isso.

E as palavras que Yerik me tinha dito em na noite do nosso casamento passou pela minha mente. Seu pai nunca te ensinou a esconder seu medo dos monstros? Eles vão te perseguir se você correr.

- Você está sangrando. Você se machucou.- eu disse com uma voz suave, tentando chegar até ele.

Eu precisava passar pelos demônios que o álcool e as fotos comprometedoras tinham convocado. Seu rosto se contorceu com raiva, eu recuei. Ele soltou a lâmina e mais sangue escorreu da sua mão enquanto ele endireitou no sofá. Dei um passo para trás, não conseguia parar. O braço com a faca pendia frouxamente ao seu lado. Obriguei-me a encontrar o seu olhar novamente. Yrrik estava em algum lugar. Por trás da raiva e da dor, meu Yerik estava lá dentro.

The Cruel.   [✔︎ Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora