carta

ao meu tempo de planeta e estrela

nos meus tempos de sol
eu brilhava,
iluminava a humanidade.
mas a minha luz escureceu
e cedeu a escuridão
que assolava a minha mentalidade.

eu não queria escurecer,
porém virei a lua.

nos meus tempos de lua,
eu era iluminada
pelo novo sol que brilhava.
(ele nunca resplandeceu como eu)
mas ficava saciada pelo calor
que o novo sol
proporcionava.

eu não queria mais depender do sol,
então me afastei e me declarei plutão.

nos meus tempos de plutão,
fiquei solitária e pequena.
não recebia muita luz do sol
e a nova lua continuava
dançando em torno da terra.
(ela nunca girou como eu)
mas fiquei admirada
por sua coreografia bem pensada.

mas não queria a solidão,
então sonhei com o casamento e virei saturno.

nos meus tempos de saturno,
eu estava apaixonada.
mas ninguém queria meus anéis,
e o novo plutão era introvertido.
(ele nunca foi pequeno como eu)
ele amava ficar longe de todos
os planetas que eu queria casar.

então resolvi ser maior e digno de admiração,
aumentei, e descobri ser júpiter.

nos meus tempos de júpiter,
acabei novamente cedendo a solidão.
minha grandiosidade intimidava os outros,
e o novo saturno já estava noivo
de quem eu tanto quis dar os meus anéis.
(ele nunca foi apaixonado como eu)
eu só queria dar o meu coração.

então cansei da vida de planeta,
e resolvi apenas não ser mais um.
como se sentir na companhia deles
sem ser um deles?
então fui para terra,
e não era especial, só mais um.

admirei meus colegas planetas e estrelas.
e olhei então para júpiter,
grande e impetuoso como eu nunca fui.
(mas ele nunca foi gentil como eu)
não precisava mais ser
o que não queria ser,
então fui feliz.

e poderia novamente ser o sol,
mas ficaria triste de novo,
solitário de novo,
até ficar feliz.
não queria esse processo de novo,
então voltar a ser planeta e estrela eu nunca mais quis.