à desonestidade

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você realmente está aqui pra mim?
ou eu que te enxergo de longe
e te procuro através do meu jardim,
só pra ver como você finge
que está sempre aqui por mim?

eu acho que é egoísta da minha parte
querer te ter só pra mim, amor.
querer te levar à Marte e explicar que o descarte
que farás de mim só vai roubar nossa cor,
a cor da nossa arte.
só vai tornar mais intensa a dor.

todas as pessoas são descartáveis como meu reflexo?
que no primeiro "não" é abandonado?
que já não tem direito de ser complexo
já que é imediatamente incompreendido
por quem havia dito que o pensamento tem nexo:
quem tinha concordado e afirmado.

eu odeio fins de semana
porque me sinto solitária com milhares ao meu redor,
e no sábado, no domingo, até os milhares vão embora,
e me deixam sob vida de sofredor.

eu odeio mentiras porque acredito nelas.
odeio mentirosos porque eles sempre saem por cima,
e só se ouve o som da minha crua tristeza.
odeio mentirosos porque não dão valor às palavras
como elas merecem ser tratadas.
odeio mentirosos porque são bons no que fazem,
e já existem pessoas magoadas demais.

as mentiras te levam a desconfiar da verdade
porque são iguais às vezes,
e você vira a pessoa confusa que vai machucar a incrível.
odeio mentirosos porque são sagazes,
e você acredita mesmo sabendo do final previsível.
"e se for verdade?"
sussurra seu lado sensível.

no final o que fica é a insegurança,
a dúvida no meu valor,
a ausência do que um dia foi esperança,
a falta daquele calor,
a desconfiança na verdade,
a rejeição do verdadeiro amor
por medo da intensidade.

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